
Em discurso mais moderado do que nas �ltimas vezes em que falou sobre o assunto, Lula lembrou que esteve com o papa Francisco recentemente, no Vaticano —na ocasi�o, os dois falaram sobre a situa��o regional e sobre a Nicar�gua, outra ditadura da vizinhan�a. Sobre a Venezuela, afirmou que, "no que a gente puder contribuir, dar um toque, temos que conversar". "O que n�o pode � a gente isolar. E a gente tem que levar em conta que os defeitos n�o est�o apenas de um lado, os defeitos s�o m�ltiplos."
Os principais nomes da oposi��o venezuelana foram inabilitados a exercer cargos p�blicos na �ltima sexta-feira (30/6) por decis�o da Controladoria-Geral, o que na pr�tica sepultou as perspectivas de elei��es livres e democr�ticas que Maduro disse que faria em 2024.
Mar�a Corina Machado, hoje a principal opositora, ficou ineleg�vel por 15 anos. Henrique Capriles, duas vezes candidato � Presid�ncia, e Juan Guaid�, que chegou a ser reconhecido como presidente interino por mais de 50 pa�ses em 2019, incluindo o Brasil sob Jair Bolsonaro (PL), tamb�m n�o poder�o disputar o pleito.
Lula tamb�m criticou os Estados Unidos e disse que j� pediu a diversos presidentes americanos que conversassem com o regime, sem resultados, citando George W. Bush e Barack Obama. "Quantas vezes eu conversei com Bush: 'toma iniciativa'. N�o toma", afirmou.
O petista tem ouvido conselhos de pessoas pr�ximas nos �ltimos dias para deixar de comentar a situa��o pol�tica de Caracas, mas a tend�ncia � que mantenha sua posi��o sobre o pa�s vizinho. A avalia��o de interlocutores � que a rela��o com a Venezuela virou a principal fonte de desgaste no terceiro mandato.
"O conceito de democracia � relativo para voc� e para mim. Gosto de democracia porque a democracia me fez chegar � Presid�ncia pela terceira vez. Por isso gosto de democracia e a exer�o na sua plenitude", disse o petista na �ltima quinta-feira (29), ap�s ser questionado em entrevista acerca dos motivos pelos quais ele e seu governo hesitam em cravar que o regime de Maduro n�o � uma democracia.
Antes disso, o petista foi criticado por ter preparado uma recep��o de gala para Maduro no Planalto, no fim de maio, quando recebeu l�deres da Am�rica do Sul em Bras�lia e, um dia antes, teve uma agenda � parte com o venezuelano. Ambos deram entrevista juntos, e o petista afirmou que se tratava de um "momento hist�rico" que "reflete uma pol�tica externa s�ria". "Cabe � Venezuela mostrar a sua narrativa para que possa fazer as pessoas mudarem de opini�o. � preciso que voc� [Maduro] construa a sua narrativa. E a sua narrativa vai ser infinitamente melhor do que o que eles t�m contado contra voc�."
Lula tamb�m chegou a enviar seu assessor para pol�tica externa, o ex-chanceler Celso Amorim, a Caracas, em mar�o. O diplomata teve encontros com oposicionistas e com o pr�prio Maduro no Pal�cio de Miraflores. De volta ao Brasil, disse ver "um incentivo in�dito � democracia na Venezuela".
O Mercosul � formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai e tem como associados os outros sete sul-americanos, exceto a Venezuela, suspensa h� sete anos por violar a cl�usula democr�tica do bloco. J� a Bol�via est� desde 2012 em processo de ades�o, que depende da aprova��o do Legislativo brasileiro.
"Temos urg�ncia para o acesso da Bol�via como membro pleno, e trabalharei pessoalmente por sua aprova��o no Congresso", afirmou Lula na c�pula, que contou com a presen�a e o discurso do presidente boliviano, Luis Arce. Depois de um hiato de 13 anos, o Brasil voltou a assumir a presid�ncia do bloco.