
A ideia do presidente, segundo integrantes do Pal�cio do Planalto, � articular as fun��es com os parlamentares em bloco, isto �, de forma conjunta, para que uma indica��o possa contemplar um grupo pol�tico, e n�o apenas um partido.
A �nica certeza que h� por ora entre auxiliares pr�ximos do petista � que deputados do PP e Republicanos pediram e o presidente est� disposto a oferecer dois minist�rios a eles, mas os cargos que ser�o ofertados n�o est�o fechados.
Se Lula arrastar a negocia��o, isso dever� frustrar uma ala do centr�o. Deputados aliados do presidente da C�mara, Arthur Lira (PP-AL), esperavam que as trocas ministeriais come�assem a ser feitas entre esta e a pr�xima semana, quando os principais l�deres do bloco parlamentar devem retornar a Bras�lia. Mas integrantes do governo sinalizam que Lula n�o pretende resolver a quest�o com essa celeridade.
Em live nesta ter�a-feira (11/7), Lula inclusive citou nominalmente os dois partidos ao tratar das negocia��es com partidos e ao mencionar legendas com quem mant�m di�logo.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, a sinaliza��o de que esses partidos poder�o ocupar o primeiro escal�o do governo foi dada no final da semana passada a l�deres do centr�o e foi crucial para destravar a vota��o do projeto do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fazend�rios), considerado mat�ria priorit�ria da pauta econ�mica do governo. Lira havia amea�ado deixar essa vota��o para agosto.
Os deputados Andr� Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) s�o os nomes apontados para ocuparem minist�rios --dois parlamentares pr�ximos a Lira. Como mostrou a Folha de S.Paulo, o centr�o mira o Minist�rio do Desenvolvimento Social, atualmente chefiado por Wellington Dias (PT), e o Minist�rio do Esporte, chefiado por Ana Moser.
Al�m disso, tamb�m almeja o comando de estatais como Caixa, Funasa, Embratur e Correios. Ministros pr�ximos de Lula, por�m, afirmam que o martelo sobre os cargos a serem ofertados n�o est� batido e que o presidente n�o tomar� decis�o a�odada. A expectativa � que ele use o recesso parlamentar para negociar as trocas. No caso da Funasa, por exemplo, ainda � preciso definir como ser� a estrutura do �rg�o.
Em meio � press�o do centr�o, aliados de Lula e a primeira-dama, Ros�ngela da Silva, a Janja, t�m dado recados para que o Planalto blinde o Minist�rio do Desenvolvimento Social, que cuida do Bolsa Fam�lia. O presidente avalia que Wellington Dias tem um desempenho ruim como ministro, mas tem resistido a ceder a pasta respons�vel pela principal vitrine social do PT.
Dois ministros consideram dif�cil que o presidente ceda a pasta, ainda mais para o PP, comandado por Ciro Nogueira (PP-PI), advers�rio de Wellington no estado.
H� entre governistas a percep��o de que ser� preciso cortar cargos do pr�prio PT e entre as possibilidades de arranjos, aliados de Lula n�o descartam nem que o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) possa ser remanejado do Minist�rio do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio.
Questionado sobre a press�o por uma reforma ministerial ampla, Lula afirmou na quinta (6/7) que "n�o � a pessoa que quer vir para o governo que escolhe o cargo, quem escolhe o cargo � o governo".
O governo tamb�m resiste a ceder a Embratur, atrelada ao Minist�rio do Turismo, que passar� a ser comandado pelo deputado Celso Sabino (Uni�o Brasil-PA), no lugar da deputada Daniela do Waguinho (Uni�o Brasil-RJ), que pediu para se desfiliar do partido. A estatal � comandada por Marcelo Freixo (PT), aliado pr�ximo de Lula.
No lugar da Embratur, Lula deu aval a negociar outras estatais. No caso da Caixa, a pr�pria presidente da institui��o, Rita Serrano, tem sido alvo de cr�ticas no governo e do pr�prio PT, e por isso aliados do mandat�rio avaliam que deve ser mais f�cil ceder o comando do banco.
O nome mais citado para substitu�-la � o de Gilberto Occhi (PP), que foi ministro das Cidades no governo Dilma Rousseff (PT) e ex-presidente da Caixa. O banco � o respons�vel por realizar os pagamentos das parcelas do Bolsa Fam�lia e tamb�m por liberar financiamentos para o Minha Casa, Minha Vida.
Embora citado por aliados, o governo ainda n�o procurou o ex-ministro para conversar.
No caso da Funasa, ainda h� discuss�o sobre o que ser� feito do �rg�o, mas no Pal�cio do Planalto j� � dado como certo que o comando dela ser� fruto de indica��o pol�tica.
A funda��o, que atua em obras de saneamento b�sico em cidades pequenas, historicamente serviu para acomoda��es pol�ticas. O governo planejava extingui-la, mas o Congresso Nacional decidiu recri�-la durante vota��o da MP (medida provis�ria) que organizou a Esplanada dos Minist�rios.
Com isso, o governo precisa regulament�-la e planeja enxugar o espa�o que antes tinha a estatal.
A Funasa teve or�amento de R$ 3,4 bilh�es em 2022, no governo Jair Bolsonaro (PL), com estruturas distribu�das pelas 27 unidades da Federa��o.
Parlamentares do centr�o que est�o familiarizados com as negocia��es admitem ser dif�cil conseguir o comando das tr�s estatais, mas indicam que podem encontrar um meio-termo. A expectativa � que haja compensa��es. Por exemplo, a Uni�o Brasil almeja a Embratur, mas pode ficar com a Funasa no lugar, j� que o governo n�o quer abrir m�o de Freixo no �rg�o.
Segundo relatos, Lula espera gestos dos parlamentares para consolidar a articula��o pol�tica. Por mais que o chefe do Executivo ceda os minist�rios, nem PP nem Republicanos entrar�o oficialmente no governo. Ciro Nogueira j� disse que n�o deixar� de ser oposi��o.
O presidente do Republicanos, Marcos Pereira, tamb�m diz que n�o vai aderir � base e tem afirmado que, se Silvio Costa Filho se tornar ministro, ser� na cota pessoal de Lula. Ambos os partidos, por�m, t�m alas governistas e que t�m dado votos ao governo em mat�rias importantes --por isso, Lula deu aval � entrada deles no governo.
A ministra do Esporte, Ana Moser, se reuniu com Lula por cerca de meia hora no Planalto, nesta ter�a. Questionada sobre a press�o por sua pasta, ela disse que "faz parte", mas que o presidente lhe deu bastante trabalho e algum tempo para cumpri-lo.
Moser tamb�m saiu do encontro com a miss�o de oficializar na Copa do Mundo feminina a candidatura do Brasil para sediar o pr�ximo torneio. Ela embarca na pr�xima segunda-feira (17/7).