
O atual contexto pol�tico tamb�m ser� o pano de fundo do pronunciamento deste ano, o primeiro Dia da Independ�ncia do seu terceiro mandato.
Ap�s os atos golpistas de 8 de Janeiro e em meio � polariza��o pol�tica, Lula vai usar a sua fala para pregar uni�o e para defender a democracia no Brasil. O texto deste ano ainda n�o est� fechado.
Lula far�, na noite de 6 de setembro, o seu quinto pronunciamento presidencial em cadeia de r�dio e televis�o por ocasi�o do Dia da Independ�ncia. O petista s� n�o fez pronunciamento semelhante nos dois primeiros anos de seu mandato inicial, em 2003 e 2004, e tamb�m nos anos em que havia veda��o pela Justi�a Eleitoral, em 2006 e 2010.A primeira vez em que falou na cadeia de r�dio e TV nacional foi em 2005, tr�s meses ap�s a entrevista do ent�o deputado Roberto Jefferson � Folha de S.Paulo que estourou o esc�ndalo do mensal�o.
Ap�s ressaltar os avan�os da economia e o que chamou de "supera��o da d�vida social", Lula destinou boa parte da sua fala para tratar das den�ncias de corrup��o, prometendo combater os malfeitos "doa a quem doer".
"A crise pol�tica tamb�m ser� vencida, pelo Congresso, pelo governo e pelo povo brasileiro. Ser� vencida com a apura��o cabal de todas as den�ncias e com a puni��o rigorosa dos culpados. Nem eu e nem voc�s admitiremos qualquer contemporiza��o, nenhum acordo subalterno. Doa a quem doer, sejam amigos ou advers�rios", afirmou o presidente.
O presidente continuou afirmando que era necess�rio investiga��o por parte das CPIs, da Pol�cia Federal e outros �rg�os. Ao mesmo tempo que prometia ser implac�vel, acusava o uso pol�tico das den�ncias. Disse que n�o poderia permitir que a crise pol�tica fosse "manipulada por interesses menores" e que se "alastre artificialmente".
"� preciso separar o joio do trigo para que possamos punir quem deve ser punido, inocentar quem deve ser inocentado, corrigir o que deve ser corrigido e seguir em frente, construindo um pa�s mais transparente, com nossa democracia fortalecida".
Reeleito presidente no fim de 2006, Lula adotou nos pronunciamentos de 7 de Setembro dos tr�s anos seguintes um tom de "nova era", quando a fase de ajustes econ�micos dos anos anteriores surtiram efeitos para organizar a economia.
"Vivemos um ciclo de desenvolvimento vigoroso e sustentado. Sustentado economicamente, porque a infla��o est� sob controle, a situa��o fiscal equilibrada e as contas externas vivem um momento espetacular", afirmou o presidente �s v�speras do Dia da Independ�ncia de 2007.
O presidente, no entanto, ainda mantinha um tom cauteloso, afirmando que era "tempo de vigil�ncia e alerta permanente". Acrescentou que n�o se devia baixar a guarda na luta contra a infla��o. E que esses cuidados eram necess�rios para o Brasil ter for�a para enfrentar os "abalos externos e os problemas internos".
Naquele ano, teve in�cio a crise dos chamados subprimes nos Estados Unidos, que teve seu pico em 2008.
Por outro lado, Lula exaltou o lan�amento do PAC (Programa de Acelera��o do Crescimento), a gera��o de mais de um milh�o de empregos e o fim do "arrocho salarial e exclus�o social", com o poder de compra do sal�rio m�nimo dobrando.
Concluiu dizendo que havia "motivos de sobra para ter f� no Brasil".
Essa esperan�a virou nos dois anos seguintes uma euforia generalizada com a perspectiva de um Brasil pot�ncia, diante da descoberta do pr�-sal. Os pronunciamentos de 2008 e 2009 foram muito semelhantes e tiveram como elemento central a descoberta das jazidas e as riquezas que viriam delas.
"� comum que o 7 de setembro sirva para a gente enaltecer o passado e pensar o presente. Desta vez � diferente: este � o 7 de setembro de o Brasil festejar o futuro. De celebrar uma nova independ�ncia", afirmou o presidente no pronunciamento de 2009.
"Esta nova independ�ncia tem nome, forma e conte�do. Seu nome � pr�-sal. Seu conte�do s�o as gigantescas jazidas de petr�leo e g�s descobertas nas profundezas do nosso mar. Sua forma � o conjunto de projetos de lei que enviamos, h� poucos dias, ao Congresso Nacional. E que vai garantir que esta riqueza seja corretamente utilizada para o bem do Brasil e de todos os brasileiros", completou.
No ano anterior, o presidente havia dito que o pr�-sal seria uma ponte aberta entre riqueza natural e a erradica��o da pobreza. Disse que os recursos seriam usados para esse fim e tamb�m para a educa��o. E tamb�m projetou a constru��o de uma "poderosa e sofisticada" ind�stria petrol�fera, o renascimento da ind�stria naval e o acelerado desenvolvimento da ind�stria petroqu�mica.
Seriam constru�das cinco refinarias, dezenas de plataformas e centenas de navios. Lula ent�o celebrou o "melhor momento econ�mico e social da hist�ria" do Brasil. Mas disse que seu governo teria responsabilidade e saberia trabalhar para n�o deixar os recursos do pr�-sal escorrerem pelas m�os.
"N�o vamos nos deslumbrar e sair por a� gastando o que ainda n�o temos ou torrando dinheiro em bobagens", disse na ocasi�o o presidente, que veria o seu e os pr�ximos governos gastando milh�es para construir est�dios para a Copa, para sediar as Olimp�adas e em projetos fara�nicos que nunca sa�ram do papel, como o trem bala para ligar S�o Paulo ao Rio de Janeiro.
Lula ainda afirmou que a Petrobras estaria � frente de todo o processo, seria a "cara deste novo Brasil". E disse que o pr�-sal era o nosso "passaporte para o futuro".
Quase 15 anos se passaram e o Brasil n�o virou a pot�ncia esperada. A �ltima d�cada foi marcada por crises pol�ticas e econ�micas. Agora, eleito para o seu terceiro mandato, o petista tenta imprimir uma marca de retomada da democracia e de uni�o no pa�s, ap�s anos bolsonaristas.