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Estado de Minas MUNDO

Tr�s sinais de que Lula e Biden tentam levar rela��o a novo patamar

Durante encontro bilateral em Nova York, presidentes de Brasil e EUA se comprometeram a refor�ar mecanismos que ajudem a encaixar trabalhadores no contexto do combate � mudan�a clim�tica de forma adequada


20/09/2023 16:38 - atualizado 20/09/2023 16:38
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Lula e Joe Biden
Biden e Lula se encontraram bilateralmente durante Assembleia Geral da ONU (foto: Reuters)
Aplausos, punhos cerrados, sorrisos fartos. Estas foram as rea��es do presidente americano Joe Biden quando seu colega brasileiro Luiz In�cio Lula da Silva afirmou que os dois pa�ses vivem um momento "excepcional" e o encontro entre os dois pol�ticos representa "o renascer de um novo tempo entre o Brasil e os Estados Unidos".

 

A reuni�o entre os dois presidentes come�ou �s 13h27, no hor�rio de NY, e durou cerca de uma hora.

 

Do lado brasileiro, al�m de Lula, participaram os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Marina Silva (Meio Ambiente), o assessor especial Celso Amorim, o senador Jaques Wagner (PT-BA), a embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti, e o assessor-adjunto internacional do Planalto, Audo Faleiro.

 

Do lado americano, estavam a secret�ria do Tesouro, Janet Yellen, o secret�rio-adjunto de Estado para o Hemisf�rio Ocidental, Brian Nichols, o Enviado Clim�tico John Kerry, e a embaixadora dos EUA no Brasil, Elizabeth Bagley, entre outros.

"Essa reuni�o n�o � apenas uma reuni�o bilateral, h� uma perspectiva conjunta de trabalho excepcional com os EUA", disse Lula.

 

Leia: Lula diz a chanceler alem�o que quer fechar acordo UE-Mercosul  

 

Biden foi na mesma linha. "N�s temos a obriga��o de liderar a pr�xima gera��o para um mundo melhor. A inten��o de Brasil e EUA � de fazer isso juntos."

 

A reuni�o Lula e Biden, �s margens da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, e o evento com sindicalistas de Brasil e Estados Unidos dos quais os dois l�deres tamb�m participaram na tarde desta quarta, 20 de setembro, devem elevar a parceria entre os dois pa�ses a um "novo patamar".

 

Leia: Lula � aplaudido 7 vezes em discurso na Assembleia-Geral da ONU 

 

Esta tem sido a interpreta��o de diplomatas brasileiros e americanos e de integrantes do Planalto e da Casa Branca sobre a agenda de Lula e Biden que conversaram reservadamente com a BBC News Brasil nos �ltimos dias em NY.

 

E o comportamento dos dois presidentes no in�cio da conversa entre ambos, presenciado pela imprensa, n�o deixou d�vidas sobre isso.

 

Biden quebrou o protocolo ao estender a presen�a da imprensa na sala em que ambos se reuniram, acompanhados de seus ministros e secret�rios, por mais de 11 minutos. “Eu sei que minha equipe j� est� enlouquecendo, mas quero dizer mais algumas palavras”, disse um entusiasmado Biden.

 

Leia: Os principais pontos do discurso de Lula na Assembleia Geral da ONU  

 

O presidente americano fez quest�o de dizer que seu pai n�o tinha um diploma universit�rio e que costumava dizer: “Joe, um emprego � muito mais do que um contracheque. � (a condi��o de ter) dignidade, auto-respeito, e olhar nos olhos de seus filhos e dizer ‘querido, vai ficar tudo bem, de verdade””.

 

Lula n�o deixou passar a coincid�ncia: lembrou que tamb�m n�o possui um diploma universit�rio, apenas t�cnico, e que passou 27 anos numa f�brica.

 

Lula tampouco poupou elogios ao colega. "Nunca vi um presidente americano falar t�o bem dos trabalhadores”, disse Lula, rememorando os discursos que assistiu do democrata.

 

O presidente brasileiro fez quest�o de dizer que partiu de Biden a ideia de lan�ar um documento em defesa do trabalho digno em conjunto com seu colega brasileiro.

 

Presidente do G20 no ano que vem, o Brasil, por meio de Lula, prometeu levar o texto preparado pelos dois governos, ao bloco, para tentar angariar mais signat�rios.

"Obrigado, Lula, por ter vindo e por trabalharmos por um mundo melhor", disse Biden.

 

Segundo os dois governos, o momento atual deve servir para superar tens�es acumuladas nos �ltimos meses com o que americanos viram como um posicionamento amb�guo - ou eventualmente at� mesmo pr�-China e R�ssia - de Lula no tema da guerra na Ucr�nia e do que brasileiros viram como baixa ambi��o e pouca condi��o do envio de fundos da Amaz�nia pela gest�o Biden.


Lula discursa na ONU
Lula abriu sess�o de debates da Assembleia Geral com discurso na ter�a-feira (foto: JUSTIN LANE/EPA-EFE/REX/Shutterstock )

O trabalho

Agora, os dois pa�ses pretendem manter o foco nos princ�pios compartilhados - como a defesa dos direitos trabalhistas e da democracia - e trabalhar juntos em temas no qual concordam e podem se apoiar mutuamente nos ambientes multilaterais.

 

"E essa � uma combina��o perfeita, porque eu venho do mundo do trabalho e eu acho que o trabalho est� muito precarizado, o sal�rio est� muito aviltado, cada vez mais os trabalhadores trabalham mais e ganham menos e essa sua ideia de a gente apresentar uma proposta que come�a a ser discutida e poder� ir at� o G20 � muito importante para o Brasil, � importante para os Estados Unidos e eu acho que � importante para o mundo", disse Lula, mencionando a iniciativa em favor de direitos trabalhistas e liberdade sindical que ambos lan�avam.

 

"A sacada n�o est� em algo escrito no documento, est� no fato de que Brasil e EUA est�o liderando isso juntos, que Lula e Biden constru�ram algo novo em conjunto", disse � BBC News Brasil um dos auxiliares de Lula com envolvimento direto no assunto.

 

N�o est� claro ainda como esta carta de princ�pios relativamente gen�ricos - como a defesa da dignidade, da diversidade e dos direitos no trabalho - ser� concretamente implementado em cada pa�s.

 

O texto da declara��o conjunta fala em "colocar os trabalhadores no centro das nossas solu��es pol�ticas".

 

Como antecipou a BBC News Brasil na segunda-feira, o documento fez men��o expl�cita aos empregos da nova economia verde, um dos temas que mais preocupam os l�deres sindicais, j� que a transi��o econ�mica dos combust�veis f�sseis para a redu��o de emiss�o de carbono tende a eliminar mais postos de trabalho do que gera.

 

O material lista "promover abordagens centradas nos trabalhadores para as transi��es digitais e de energia limpa" como um dos "cinco dos desafios mais urgentes enfrentados pelos trabalhadores em todo o mundo".

Situa��o no Haiti


Polícia Nacional do Haiti tenta retomar bairro ocupado por gangues na capital Porto Príncipe
Pol�cia do Haiti tenta retomar bairro ocupado por gangues em Porto Pr�ncipe (foto: Reuters)

 

Distante dos olhos da imprensa, por exemplo, a previs�o da Casa Branca era de que Biden pedisse a Lula que aproveitasse sua rela��o pr�xima com Pequim para tentar fazer com que a China deixe de vetar, no Conselho de Seguran�a da ONU, o envio de uma for�a policial internacional ao Haiti, que vive um colapso do Estado e est� dominado por gangues.

 

O Qu�nia j� se disp�s a liderar a miss�o, da qual o Brasil participaria com treinamento de policiais, e o governo haitiano j� expressou publicamente interesse no envio da ajuda externa.

 

Ainda assim, a posi��o chinesa n�o se alterou e tem impedido o envio da for�a ao Haiti.

 

Um diplomata brasileiro que conversou com a BBC News Brasil notou que a posi��o dos chineses, antagonistas globais dos americanos, � bloquear o interesse americano, at� porque interessa ao pa�s manter uma situa��o de instabilidade no que seria "o quintal dos EUA", dada a instabilidade que os chineses acusam os americanos de criar em Taiwan.

 

Um diplomata brasileiro com conhecimento do tema disse � BBC News Brasil que Lula estaria sim disposto a abrir conversa com Pequim para tentar fazer com que eles se movessem em outra dire��o.

Reforma do Conselho de Seguran�a da ONU

Outro exemplo de concord�ncia entre os dois presidentes est� na necessidade de reforma das institui��es multilaterais. O assunto, inclusive, foi mencionado nos discursos de ambos na Assembleia Geral da ONU.

 

Assim como Lula, cujo mote internacional � “o Brasil voltou, Biden tamb�m tem se esfor�ado para reocupar espa�os multilaterais dos quais os EUA foram retirados durante o governo anterior, de Donald Trump, cujo slogan era “Am�rica primeiro”.

 

Recentemente, ao participar do G20, na �ndia, Biden se comprometeu a endossar a candidatura indiana por um assento permanente no Conselho de Seguran�a da ONU. O Brasil tem o mesmo pleito, mas os americanos, que t�m defendido a reforma do Conselho, ainda n�o se comprometeram a apoiar o Brasil no objetivo.

 

Questionados sobre se isso gerava algum constrangimento ao pa�s, diplomatas brasileiros contemporizaram. “Claro que para os americanos, at� pelo antagonismo entre �ndia e China, faz sentido fazer um gesto claro para a �ndia, mas eles certamente nos apoiam”.

 

Outro exemplo de concord�ncia entre os dois presidentes est� na necessidade de reforma das institui��es multilaterais. O assunto, inclusive, foi mencionado nos discursos de ambos na Assembleia Geral da ONU.

 

Assim como Lula, cujo mote internacional � “o Brasil voltou, Biden tamb�m tem se esfor�ado para reocupar espa�os multilaterais dos quais os EUA foram retirados durante o governo anterior, de Donald Trump, cujo slogan era “Am�rica primeiro”.

 

Recentemente, ao participar do G20, na �ndia, Biden se comprometeu a endossar a candidatura indiana por um assento permanente no Conselho de Seguran�a da ONU.

O Brasil tem o mesmo pleito, mas os americanos, que t�m defendido a reforma do Conselho, ainda n�o se comprometeram a apoiar o Brasil no objetivo.

 

Questionados sobre se isso gerava algum constrangimento ao pa�s, diplomatas brasileiros contemporizaram. “Claro que para os americanos, at� pelo antagonismo entre �ndia e China, faz sentido fazer um gesto claro para a �ndia, mas eles certamente nos apoiam”.


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