
Integrantes do governo Lula aproveitaram as novas revela��es do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, para enfatizar as inten��es golpistas do ex-presidente. Os ministros da Defesa, Jos� M�cio Monteiro, e da Justi�a, Fl�vio Dino, ressaltaram a gravidade dos fatos narrados por Cid � Pol�cia Federal.
O ex-ajudante de ordens afirmou que Bolsonaro discutiu com a c�pula das For�as Armadas a possibilidade de um golpe de Estado, ap�s a vit�ria do petista Luiz In�cio Lula da Silva nas elei��es. Ele teria mostrado uma minuta golpista aos militares, que incluiria convocar uma nova elei��o e prender opositores. Tamb�m segundo Cid, o ent�o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, aderiu rapidamente � proposta.
Na avalia��o de Jos� M�cio, “muita gente n�o queria largar o poder” depois do pleito. Ele tamb�m destacou que o posicionamento pessoal de Garnier n�o reflete uma atitude geral da For�a.
Garnier tamb�m foi o �nico dos tr�s a n�o participar da cerim�nia de transmiss�o de cargo para os novos comandantes. “Ele n�o me recebeu, eu percebia. Os outros comandantes me receberam. N�o sei se ele tinha aspira��es golpistas, mas a gente via. Os jornais falavam. Era outro governo, outros comandantes, outro presidente da Rep�blica”, frisou M�cio a jornalistas no minist�rio. “Na realidade, a gente percebia que muita gente n�o desejava sair do poder, largar o poder”, acrescentou.
Mesmo assim, M�cio manteve a postura que adotou desde a posse: de afastar do golpismo a imagem das For�as Armadas. Ele, inclusive, disse acreditar as tr�s institui��es “garantiram a posse do presidente” Lula. O chefe da Defesa bateu na tecla de que � preciso identificar quem s�o os militares envolvidos na poss�vel tentativa, para que seja poss�vel puni-los, preservando a integridade das institui��es.
De acordo com Cid, quando Bolsonaro mostrou a proposta golpista, o ent�o comandante do Ex�rcito, general Freire Gomes, refutou e chegou a alertar o ex-presidente que teria que prend�-lo caso o plano fosse adiante. Por sua vez, o ent�o comandante da Aeron�utica, brigadeiro Baptista J�nior, ficou calado.
“Crimes graves”
J� o ministro Fl�vio Dino disse estar claro que “muitos crimes graves ocorreram” no entorno de Bolsonaro. Sem citar a participa��o dos militares, avaliou as informa��es prestadas pelo ex-ajudante de ordens como “impactantes”. E defendeu o mecanismo da dela��o premiada.“� um documento probat�rio muito forte. A chamada colabora��o premiada, segundo a lei brasileira, � um meio de produ��o de provas. Claro que a pol�cia est� fazendo o seu trabalho, e depois a Justi�a, mas (a dela��o) abriu caminhos novos para que todos alcancemos a verdade”, respondeu Dino, em entrevista ap�s visitar o Santu�rio Nacional de Aparecida, em S�o Paulo.
Dino ressaltou que “infelizmente, a estas alturas j� � poss�vel vislumbrar que muitos crimes graves ocorreram, inclusive essa prepara��o de um crime que seria um golpe de Estado”.