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Embora a maternidade ainda seja rodeada de estere�tipos que colocam a mulher em uma posi��o de cuidadora inata, muitas mam�es de rec�m-nascidos se chocam com a realidade de cuidar de um ser t�o fr�gil. Ap�s o nascimento, n�o � raro algumas mulheres se sentirem incapazes e cobradas socialmente em rela��o ao filho.

A enfermeira obstetra Cinthia Calsinski afirma que as consultas de puerp�rio revelam a fragilidade da mulher nessa situa��o. "Dificilmente em uma consulta de p�s-parto n�o h� um momento de emo��o � flor da pele, choro, l�grimas nos olhos. � um momento de extrema fragilidade, tanto devido a quest�es hormonais que mexem muito com as emo��es, quanto por quest�es da situa��o de vida em si. Tornar-se m�e, assumir a responsabilidade total sobre uma outra pessoa, ter que decidir por caminhos que n�o sabemos ao certo se � o melhor, se � o ideal ou o que deve ser feito naquele momento n�o � tarefa f�cil", relata.

A neuropsic�loga Gisele Calia enfatiza que casos de suic�dio em quadros de depress�o p�s-parto ainda s�o tabus. "Devido � privacidade em que ocorrem os sintomas, h� muito risco de os sinais serem negligenciados. Sugest�o �s pacientes: sempre fale de seus sentimentos, mesmo os que parecerem mais absurdos, mais assustadores", aconselha.

A psic�loga tamb�m sugere que, mesmo se a mulher apresentar pensamento suicida, deve se abrir com algu�m de confian�a. "Fale a pessoas pr�ximas e queridas. Mesmo o pediatra do seu beb�, se voc� n�o estiver sendo acompanhada por nenhum outro m�dico. Fale que as vezes voc� tem pensamentos de acabar com a vida, se os tiver, claro. E jamais se sinta culpada por isso. S�o sentimentos comuns em mulheres com depress�o p�s-parto. Voc� n�o � a �nica a sentir isso. E, com a ajuda correta e especializada, esses pensamentos v�o embora", diz.

O risco de transtornos de humor no puerp�rio � maior no 1º m�s do p�s-parto, mas pode continuar por um ano, avalia Jorge Rezende Filho, integrante da Academia Nacional de Medicina. "A maioria das mulheres apresenta altera��o transit�ria e leve do humor conhecida como "blues", considerada uma experi�ncia normal. O "blues" come�a no 4º ou 5º dia p�s-parto e dura de horas a, no m�ximo, duas semanas", afirma.

No entanto, in�meras m�es relatam que sensa��o de melancolia, sentimento de incapacidade, que s�o sintomas pr�prios do "baby blues", podem durar at� mais de 40 dias.

Segundo a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), a depress�o p�s-parto afeta 10% a 15% das mulheres em pa�ses desenvolvidos; al�m disso, nas mulheres com epis�dio de depress�o maior anterior, o risco � aumentado em 25% a 50%.

Para a enfermeira obstetra Cinthia Calsinski, existem in�meras a��es preventivas que podem ser feitas para proteger a m�e de quadros depressivos mais graves. "A vida precisa continuar, mas se a mulher puder 'parar' e olhar somente para seu beb�, o risco destas complica��es diminuem muito. Cozinhar, lavar, passar, arrumar a casa, pagar as contas, ir ao mercado... Precisa-se ter uma rede de apoio, pessoas com as quais ela sabe que pode contar. Algu�m que segure o beb� para ela tomar um banho ou descansar no meio da tarde", enfatiza.

Psicose p�s-parto


A psicose p�s-parto � a condi��o grave mais suscet�vel de afetar as mulheres que t�m dist�rbio bipolar ou hist�rico da doen�a. Os sintomas, que come�am geralmente durante as primeiras tr�s semanas ap�s o parto, incluem:

  • Desconex�o com o beb� e pessoas ao redor.

  • Oscila��es do sono, mesmo quando o beb� est� dormindo.

  • Pensamento confuso e desorganizado.

  • Vontade extrema de prejudicar/fazer mal ao beb�, a si mesma ou a qualquer pessoa.

  • Mudan�as dr�sticas de humor e comportamento.

  • Alucina��es, que podem ser visuais, auditivas ou olfativas.

  • Pensamentos delirantes e irreais.

Sintomas de depress�o p�s-parto


Para a mulher ser diagnosticada com depress�o p�s-parto, alguns sintomas podem estar presentes, como depress�o antes ou durante a gravidez, hist�rico familiar da doen�a, hist�ria de desordem disf�rica pr�-menstrual, que � a forma mais grave de tens�o pr�-menstrual. Al�m disso, problemas familiares, como viol�ncia dom�stica, quest�es financeiras e falta de apoio de pessoas pr�ximas agravam a situa��o.