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Estado de Minas Cura que vem da natureza

Plantas medicinais s�o usadas no tratamento de v�rias doen�as

Vistas antes com ceticismo e associada � crendice, hoje elas t�m aprova��o da comunidade cient�fica


10/11/2019 09:30 - atualizado 10/11/2019 11:23

Da dor de barriga � dor de dente. Da pedra nos rins � micose nos p�s. O uso de plantas como medicamento � t�o antigo quanto a hist�ria da humanidade. Na cultura brasileira, n�o h� fam�lia que n�o tenha uma receita de rem�dio caseiro indicado pelas bisav�s, av�s, madrinhas, m�es ou benzedeiras que se torna uma heran�a e conhecimento passado de gera��o para gera��o. Xaropes, unguentos, sabonetes, xampus, tinturas feitos com ervas medicinais s�o verdadeiras rel�quias da flora brasileira, que tem a maior biodiversidade do planeta, com mais de 46 mil esp�cies de plantas, um total equivalente a quase 25% de todas as existentes no mundo. O que transforma a flora do Brasil em objeto de cobi�a da ind�stria farmac�utica, interessada nas propriedades medicinais das plantas, que est�o distribu�das entre seis biomas: Amaz�nia, cerrado, caatinga, mata atl�ntica, Pantanal e Pampas.

A aten��o da comunidade cient�fica foi despertada depois de comprovada a qualidade das plantas – vista inicialmente com ceticismo e associada � crendice – no tratamento de in�meras doen�as. Conhecimento da cultura popular que tamb�m � fruto da mistura da sociedade brasileira formada por povos t�o diversos quanto os ind�genas (origin�rios da terra), negros africanos, italianos, portugueses, espanh�is, japoneses e �rabes que desembarcaram por aqui em �pocas diferentes.

Com o selo da aprova��o cient�fica, despertou-se a preocupa��o em catalogar e fazer um invent�rio dos conhecimentos sobre as propriedades curativas das plantas. Em 2006, o governo federal aprovou a Pol�tica Nacional de Plantas Medicinais e Fitoter�picos, por meio do Decreto 5.813, com o objetivo de garantir � popula��o brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoter�picos, promovendo o uso sustent�vel da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da ind�stria nacional. Essa pol�tica prev� o fomento � pesquisa, ao desenvolvimento tecnol�gico e � inova��o, com base na biodiversidade brasileira e de acordo com as necessidades epidemiol�gicas da popula��o. Passo importante, mas que precisa de mais efici�ncia, investimento e resultado.

Outro passo importante na preserva��o e uso das plantas medicinais e produ��o de fitoter�picos est� no cuidado em registrar todo o conhecimento das pessoas que sempre acreditaram e usaram as plantas como rem�dio e s�o verdadeiras guardi�s de seus benef�cios. No Rio de Janeiro, por exemplo, nasceu a Rede Fitovida, formada por mulheres acima dos 50 anos, que, da atua��o no ambiente familiar, orientando vizinhos e vendendo prepara��es medicamentosas com ervas medicinais, se organizaram e passaram a atuar tamb�m no espa�o p�blico, com atendimentos volunt�rios em sa�de preventiva. Transi��o esta que contou com o apoio do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) e modificou o modo de trabalho, valorizando as detentoras do saber.

"Na fitoterapia, � importante dar continuidade ao avan�o dos estudos de valida��o cient�fica de plantas que j� s�o utilizadas tradicionalmente h� centenas de anos. Essa valida��o permite que tais esp�cies sejam conhecidas e beneficiem mais pessoas, al�m de tornar sua preserva��o uma quest�o mais relevante para a sociedade"

Ana Cimbleris, fitoterapeuta, farmac�utica e paisagista do Instituto Kair�s



Em Minas Gerais, h� trabalhos s�rios, competentes e com resultados como o desenvolvido pelo Centro Especializado em Plantas Arom�ticas, Medicinais e T�xicas (Ceplamt), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que � um banco de dados de conhecimentos tradicionais associados ao patrim�nio gen�tico que comp�e a biodiversidade brasileira. A miss�o � recuperar e divulgar as informa��es hist�ricas e t�cnico-cient�ficas sobre todas as plantas, especialmente as medicinais.

No estado ainda h� duas outras �timas iniciativas. O Instituto Kair�s, organiza��o sem fins lucrativos, em Nova Lima, que atua h� 16 anos fortalecendo redes de educa��o popular e cultura tradicional nas comunidades em que atua. Um de seus focos � a implanta��o e sustenta��o do servi�o de fitoterapia no Sistema �nico de Sa�de (SUS). A outra � o programa fitoter�pico Farm�cia Viva, no SUS Betim, que oferece medicamentos fitoter�picos � popula��o, totalizando 83 formula��es a partir de 25 plantas medicinais, atuando no sistema nervoso central, respirat�rio, geniturin�rio, digest�rio, cardiovascular e aquelas cicatrizantes e anti-inflamat�rias para uso t�pico no tratamento de feridas e afec��es da pele.

PESQUISAS 


Hoje, portanto, o Bem Viver desvenda um pouco desse universo das plantas, uma riqueza do Brasil que precisa ser preservada e que agentes da sa�de tenham condi��es de facilitar o acesso para a maior parte da popula��o, seja em car�ter preventivo seja curativo. “Aprendendo a manejar os pequenos desconfortos do dia a dia com o aux�lio da fitoterapia, qualquer um pode melhorar sua sa�de. � assim que as pessoas faziam antes do advento da ind�stria farmac�utica. Por�m, para aqueles que n�o 'beberam da fonte' do conhecimento tradicional, � importante ter cuidado at� que se familiarize com a fitoterapia. Apesar de sua relativa seguran�a, as plantas medicinais podem fazer mal se usadas incorretamente. Em caso de d�vida, � importante buscar conhecimento em fontes confi�veis ou conversar com profissionais de sa�de habilitados. As plantas medicinais e os fitoter�picos podem interagir com outros medicamentos naturais ou sint�ticos, al�m de fazer diferen�a em diversos processos do seu corpo. � v�lido deixar claro que nem sempre a fitoterapia ser� a melhor op��o, sendo mais apropriado e efetivo em algumas circunst�ncias recorrer a medicamentos sint�ticos”, ressalta Ana Cimbleris, fitoterapeuta, farmac�utica e paisagista do Instituto Kair�s.

Ana Cimbleriz diz que estamos no pa�s de maior potencial para a pr�tica da fitoterapia. Pesquisadores de diversas partes do mundo desenvolvem pesquisas sobre plantas da biodiversidade no Brasil. “No entanto, nem sempre essa valoriza��o � clara para a pr�pria popula��o brasileira. � fundamental compreender que, al�m de ter valor intang�vel, se trata de um ativo monetiz�vel de suma import�ncia para o desenvolvimento nacional.” A farmac�utica lembra, ainda, que a produ��o cient�fica na �rea das plantas medicinais � crescente, com avan�os significativos em produtos antimicrobianos e contra o c�ncer, por exemplo. “Na fitoterapia, � importante dar continuidade ao avan�o dos estudos de valida��o cient�fica de plantas que j� s�o utilizadas tradicionalmente h� centenas de anos. Essa valida��o permite que tais esp�cies sejam conhecidas e beneficiem mais pessoas, al�m de tornar sua preserva��o uma quest�o mais relevante para a sociedade. Muitas comunidades tradicionais est�o perdendo seu modo de vida e os conhecimentos sobre as plantas, � medida que ocorre a devasta��o dos seus biomas de origem. Muitas plantas medicinais est�o entrando em extin��o antes mesmo de ser reconhecidas pela ci�ncia. Nesse contexto, v�o se tornando progressivamente mais escassas as oportunidades de conhecermos produtos �teis e que poderiam transformar a hist�ria da medicina na pr�pria hist�ria da humanidade”, alerta Ana Cimbleriz. 
 


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