Não falta alternativa para controlar o consumo de sal. Ervas secas ou frescas e especiarias são baratas e fáceis de encontrar ou mesmo plantar em casa e são todas saborosas

N�o falta alternativa para controlar o consumo de sal. Ervas secas ou frescas e especiarias s�o baratas e f�ceis de encontrar ou mesmo plantar em casa e s�o todas saborosas

Atul Prajapati/Pixabay
Ervas e especiarias d�o mais do que sabor e aroma � comida. Elas enchem o prato de sa�de. N�o s�o rivais, mas aliadas daqueles que t�m ou escolhem reduzir ou mesmo substituir o sal na alimenta��o. Todos sabem que uma pitadinha de sal � capaz de real�ar o sabor de qualquer alimento, at� mesmo dos doces.

Por isso � t�o dif�cil controlar seu consumo. Sem falar que ele � um dos temperos mais b�sicos e antigos da culin�ria. Cobi�ado e desejado ao longo da hist�ria humana, o sal por anos foi motivo de disputa e guerra entre povos e na��es e se fez presente em momentos importantes da humanidade, da pr�-hist�ria � Revolu��o Industrial.

A fonte do sal � a �gua do mar, mas ele tamb�m � encontrado em jazidas subterr�neas, fontes e lagos salgados. � fundamental para o organismo ser capaz de transportar nutrientes ou oxig�nio, transmitir impulsos nervosos ou mover m�sculos. Como o perdemos diariamente pela urina, suor e l�grimas, � essencial rep�-lo. Sua car�ncia � sin�nimo de falta de comida, da emin�ncia da fome, e pode dar sinais de fraqueza.

No entanto, sempre h� um por�m: o consumo exagerado do sal � danoso � sa�de. Conforme o “Guia alimentar para a popula��o brasileira”, a medida errada pode lev�-lo de mocinho a vil�o. O sal tem de ser utilizado com modera��o para que a rela��o seja s� ben�fica. Seu consumo excessivo est� relacionado ao aumento do risco de doen�as cr�nicas e silenciosas, como hipertens�o arterial, doen�as cardiovasculares e doen�as renais, entre outras.

O bom � que n�o falta alternativa para controlar o consumo de sal. Ervas secas ou frescas e especiarias (baratas e f�ceis de encontrar ou mesmo plantar em casa) s�o escolhas saborosas. Quantidades generosas de cebola, alho, louro, salsinha, cebolinha, pimenta, gergelim, lim�o, curry, canela, tomilho, p�prica, hortel�, coentro e outros temperos naturais acrescentam sabor, aroma, cores e mais nutrientes � prepara��o. Ao incorpor�-los, a alimenta��o ficar� mais saud�vel.

Pesquisa Nacional de Sa�de 2013/2014 (PNS/IBGE), conduzida pelo Minist�rio da Sa�de em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) e a Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostrou que a redu��o do sal na alimenta��o tem potencial para diminuir grande fra��o de mortes prematuras e aumentar a expectativa de vida saud�vel na popula��o brasileira.

O excesso de sal se tornou um problema de sa�de p�blica porque representa alto custo ao Sistema �nico de Sa�de (SUS) e para a sociedade, porque pessoas adoecem, deixam de trabalhar e de produzir. Reduzir a quantidade de s�dio consumida diariamente pelos brasileiros � a meta do Plano Nacional de Redu��o de S�dio em Alimentos.

Os dados da Pesquisa Nacional, obtidos a partir de an�lises biol�gicas (sangue e urina) extra�das de 9 mil participantes, revelaram que os brasileiros consomem, em m�dia, 9,34g de sal por dia. Valores que correspondem a quase o dobro do recomendado pela Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS), que � de 5g.

Os Estados-membros da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) concordaram em reduzir o consumo de sal entre a popula��o mundial em 30% at� 2025. Outro grande obst�culo revelado pela pesquisa � que apenas 12% dos brasileiros adultos t�m consci�ncia da alta ingest�o de sal na alimenta��o di�ria.


Arquivo Pessoal

''A ingest�o de sal em excesso pode provocar problemas s�rios e muitas vezes v�m de maneira insidiosa, ou seja, pode demorar anos para as pessoas apresentarem sintomas desse excesso. Entre os principais danos podemos citar a hipertens�o, o AVC e a insufici�ncia renal'

Cristiane Ribeiro, m�dica nutr�loga



MUDAN�A DE PALADAR 

Cristiane Ribeiro, m�dica especialista em nutrologia pela Associa��o M�dica Brasileira (AMB) e membro da Associa��o Brasileira de Nutrologia (ABN), explica que o sal (cloreto de s�dio) faz parte da alimenta��o da popula��o mundial e seu consumo nas quantidades adequadas � necess�rio para um bom funcionamento do organismo.

Ele est� relacionado, por exemplo, com a contra��o muscular, com o ritmo card�aco e com a manuten��o do equil�brio dos l�quidos do corpo. Sendo assim, sua defici�ncia traz consequ�ncias como letargia, fraqueza e convuls�es.

“Mas a ingest�o em excesso pode provocar problemas s�rios e muitas vezes v�m de maneira insidiosa, ou seja, pode demorar anos para as pessoas apresentarem sintomas desse excesso. Entre os principais danos � sa�de podemos citar a hipertens�o arterial, o acidente vascular cerebral (AVC) e a insufici�ncia renal.”

A nutr�loga enfatiza que as principais fontes de s�dio s�o os alimentos industrializados (o sal atua como conservante desses produtos) como molhos prontos e alimentos enlatados, embutidos ou defumados, macarr�o instant�neo, leite e derivados, frutos do mar e conservas.

� preciso fugir dessas armadilhas. A m�dica lembra que � poss�vel preparar alimentos sem acrescentar o sal, como legumes crus ou cozidos, salada de folhas, leguminosas como gr�o-de-bico, ervilhas, gr�os como quinoa, enfim, o nosso paladar pode se adaptar ao sabor do alimento sem a necessidade de adicionar o sal.

Uma forma saud�vel de reduzir o consumo de s�dio seria temperar os alimentos usando ervas frescas ou secas como alecrim, or�gano, tomilho, cebola, alho, cebolinha etc. Ervas que, al�m de nutritivas, d�o sabor ao alimento.

Como � imposs�vel retir�-lo completamente de toda a alimenta��o, Cristiane Ribeiro tem mais recomenda��es importantes: “Entre os tipos de sal existentes no mercado (rosa, marinho, negro, flor de sal etc.), o ideal para o consumo � aquele com n�vel alto de minerais, mas com quantitativo baixo de s�dio. O sal do Himalaia, por exemplo, tem quase metade da quantidade de s�dio comparado com o sal refinado e � rico em minerais. � considerado o melhor sal para o consumo. O sal light tamb�m tem metade da quantidade de s�dio comparado com o refinado, mas � preciso cuidado para n�o aumentar o consumo justo por esse motivo. E cabe um alerta �s pessoas com doen�as renais, j� que esse tipo de sal apresenta mais pot�ssio do que o recomendado, podendo acarretar complica��es cardiovasculares. � importante ressaltar que todos s�o fontes de s�dio e devem ser utilizados com cautela”.

O alerta n�o � nada desprez�vel. Saiba que cerca de 2,5 milh�es de mortes poderiam ser evitadas a cada ano se o consumo de sal em todo o mundo fosse reduzido ao n�vel recomendado, conforme a Organiza��o Pan-Americana de Sa�de Brasil (Opas/Brasil).


Cinco dicas que podem ajudar a diminuir o uso de sal*

Não coloque saleiros na mesa, uma dica para reduzir o consumo de sal

N�o coloque saleiros na mesa, uma dica para reduzir o consumo de sal

Bruno/Germany/Pixabay

  1. N�o colocar saleiros na mesa
  2. Ler r�tulos, escolher produtos com baixo teor de s�dio at� (300mg)
  3. Optar por produtos in natura em vez de congelados
  4. Evitar o consumo de alimentos embutidos e ultraprocessados, como salgadinhos, biscoito, refrigerante, macarr�o instant�neo, molhos prontos, doces e fast food em geral. Embutidos – salsicha, lingui�a, mortadela, presunto, peito de peru e salame
  5. Evitar consumo de refrigerantes, sucos de caixinha e bebidas alco�licas
*Fonte: Tamiris Oliveira, nutricionista da Cia da Consulta.