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Estado de Minas SA�DE

Preven��o � palavra-chave para evitar cegueira causada pelo glaucoma

Check-up ocular � aliado na preven��o da doen�a, silenciosa e sem cura. Dia Nacional de Combate ao Glaucoma chama a aten��o para os riscos da perda de vis�o


26/05/2021 13:00 - atualizado 26/05/2021 13:50
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(foto: Pixabay)

Nesta quarta-feira (26/5), um marco no m�s considerado como Maio Verde, comemora-se o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, les�o ocular silenciosa e sem cura que �, atualmente, uma das principais causas de cegueira do mundo. Por isso, preven��o � palavra de ordem para evitar danos graves, como a perda da vis�o.
 
Segundo dados da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), estima-se que 64 milh�es de pessoas sofram com alguma forma de defici�ncia visual ocasionada pelo glaucoma no mundo.

Destes, 6,9 milh�es t�m dificuldade de vis�o moderada, grave ou total – cegueira –, consequ�ncias das formas mais graves da doen�a. Ainda, de acordo com proje��es da entidade, em 2040, mais de 111 milh�es de pessoas ser�o acometidas pelo glaucoma no planeta.  

No Brasil, os �ndices tamb�m s�o preocupantes. Pesquisa de 2019 coordenada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) mostra que h� mais de 6,5 milh�es de pessoas com algum problema visual em territ�rio brasileiro, dentre os quais 600 mil s�o cegos.

Os casos de glaucoma no pa�s ultrapassam a marca de 1 milh�o, e a doen�a � considerada a maior causa de cegueira irrevers�vel no mundo – a primeira causa de cegueira revers�vel � a catarata. 

Nesse cen�rio, Dannielle Curi Samaha Garcia, oftalmologista do NEO Oftalmologia, destaca a import�ncia de se falar sobre o tema. “Pesquisa do Ibope, a pedido da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), de 2019, traz alguns dados interessantes: 41% das pessoas entrevistadas n�o sabem o que � glaucoma, 90% n�o sabem que a popula��o negra faz parte do grupo de risco, 39% desconhecem que o glaucoma pode levar � cegueira, 47% acreditam ser um mito ou desconhecem a rela��o com a hereditariedade e 53% desconhecem que a doen�a tem maior probabilidade de ocasionar cegueira irrevers�vel.” 

“� assustador como as pessoas ainda s�o ignorantes quanto a esse assunto”, afirma. Por isso, faz-se necess�rio a discuss�o sobre o glaucoma, seus riscos e forma de preven��o, palavra-chave para evitar a perda de vis�o e, tamb�m, para manter o cuidado com a sa�de ocular.

Haja vista que � uma doen�a silenciosa e sem cura, as consequ�ncias de seu acometimento – danos ao nervo ocular, fazendo com que o paciente tenha seu campo visual reduzido aos poucos – podem se instalar rapidamente. 

“Em 80% dos casos, o glaucoma n�o provoca sintomas no in�cio, e o paciente s� come�a a perceber algum problema quando mais da metade de seu campo visual j� foi comprometido. Quando a pessoa come�a a sentir que est� perdendo a vis�o, mais de 50% das fibras nervosas do campo visual j� foram perdidas. A vis�o vai sendo afetada de fora para dentro, de forma perif�rica. Isso refor�a a necessidade de visitas anuais ao oftalmologista, com check-ups oculares. S� assim o glaucoma poder� ser detectado no come�o.” 

“E quanto mais cedo for feito o diagn�stico, quanto mais cedo come�ar o tratamento, menos les�es v�o ocorrer no nervo �tico, e menor ser� a probabilidade de a pessoa ficar cega. Um tratamento precoce e adequado vai permitir uma vis�o para toda a vida”, explica Erika Yumi Tomioka Umbelino, oftalmologista do NEO Oftalmologia. 

O aposentado Ailton Vieira da Costa, de 71 anos, descobriu o glaucoma em 2013, durante uma consulta de rotina ao oftalmologista. A doen�a foi detectada logo no in�cio, o que facilitou para que ela n�o progredisse mal. Atualmente, Ailton faz acompanhamento peri�dico, com consultas em intervalos entre 4 e 5 meses, e conta que a press�o intraocular melhorou muito em rela��o ao aferido no in�cio, sem nenhum comprometimento dos olhos.   

“Logo que descobri o glaucoma, comecei o tratamento. Passei por tr�s procedimentos cir�rgicos a laser para melhorar a press�o nos olhos, que estava alta, e logo diminuiu. N�o tive complica��es. O tratamento tem sido �timo. Sigo tudo � risca. Atualmente, uso dois tipos de col�rio diariamente e me sinto �timo. Gostaria de falar para quem tem glaucoma que � s� fazer tudo direito, conforme o m�dico prescreve." 
 
(foto: Leca Novo/Divulga��o)

"A grande quest�o � a dificuldade em se perceber sinais, j� que n�o co�a, n�o d�i, n�o lacrimeja e n�o arde, o que faz com que o indiv�duo n�o procure um profissional para a preven��o"

Dannielle Curi Samaha Garcia, oftalmologista do NEO Oftalmologia

 

Al�m das consultas m�dicas regulares para evitar o aparecimento tardio da doen�a, algumas medidas podem ser tomadas a fim de prevenir danos graves. “Depois de feito o diagn�stico, o paciente deve ser monitorado, o tratamento deve ser respeitado e tamb�m � preciso se atentar aos col�rios, j� que alguns podem inclusive provocar o glaucoma. Ainda, fazer exerc�cios de forma regular e moderada tamb�m pode ajudar a prevenir o glaucoma, reduzindo a press�o dos olhos. O m�dico pode orientar sobre uma rotina de exerc�cios apropriada.” 

“Usar col�rios prescritos pelo oftalmologista e prote��o para os olhos tamb�m evita danos mais graves”, recomenda Dannielle Garcia. 


OS TIPOS DE GLAUCOMA 


O glaucoma tem, segundo a oftalmologista do Hospital CEMA Minoru Fujii, alguns tipos caracter�sticos. O mais recorrente deles � o chamado glaucoma prim�rio de �ngulo aberto, que corresponde a cerca de 80% dos casos. “� uma doen�a ocular cr�nica, com o aumento progressivo da press�o intraocular ao longo do tempo, que come�a a causar danos ao nervo �ptico, estrutura respons�vel pela vis�o”, explica Dannielle Garcia. 

Entre os demais tipos de glaucoma, o chamado de �ngulo fechado pode acometer de maneira aguda, com um aumento grave, veloz e doloroso na press�o intraocular. Enquanto isso, o glaucoma cong�nito � heredit�rio e pode ter in�cio ap�s o nascimento. Essa � uma forma mais rara, manifestada geralmente entre os 3 e 4 anos e, quando descoberta, a doen�a deve ser tratada imediatamente. O glaucoma cong�nito geralmente causa fotofobia, lacrimejamento e aumento do tamanho do globo ocular.  

Por sua vez, o chamado glaucoma secund�rio pode ser causado por traumas, inflama��es ou tumor intraocular. 

DIAGN�STICO E TRATAMENTO 


O glaucoma � uma altera��o ocular que muito tem a ver com a press�o elevada nos olhos, no entanto, ter a press�o ocular alta n�o significa ter glaucoma e nem vice-versa. N�o � toa, o glaucoma � multifatorial e tem alguns fatores de risco importantes, como idade avan�ada – essencialmente a partir dos 40 anos a chance de ter glaucoma aumenta –, hipertens�o ocular, miopia elevada, hereditariedade e ra�a, sendo mais frequente entre negros e asi�ticos.  

Erika Yumi Tomioka Umbelino, oftalmologista do NEO Oftalmologia
Erika Yumi Tomioka Umbelino, oftalmologista do NEO Oftalmologia (foto: Leca Novo/Divulga��o)
Outro fator de risco � a espessura corneana elevada. Ainda, alguns tipos de col�rio tamb�m podem causar o glaucoma. Mas, afinal, como se d� o diagn�stico de glaucoma? E o tratamento, como � feito? O laudo da doen�a � feito ap�s o glaucoma ser constatado em exames de fundo de olho. Avalia��o criteriosa do nervo �ptico, aferi��o da press�o intraocular e detec��o de altera��es no campo visual tamb�m s�o realizados a fim de diagnosticar a condi��o. 

“Apenas em consulta completa � que pode surgir a suspeita sobre o glaucoma, a fim de direcionar os exames necess�rios. De acordo com a gravidade do glaucoma, o paciente diagnosticado com a doen�a � acompanhado com novos exames a cada seis meses ou anualmente, para observarmos a sua evolu��o”, afirma Erika Umbelino. 

J� o tratamento se baseia em acompanhar os n�veis da press�o intraocular. “Se a press�o dentro do olho for controlada, h� menos chance de o paciente evoluir para a perda do campo de vis�o ou cegueira. A grande quest�o � a dificuldade em se perceber sinais, j� que n�o co�a, n�o d�i, n�o lacrimeja e n�o arde, o que faz com que o indiv�duo n�o procure um profissional para a preven��o”, explica Dannielle Garcia. 

Desse modo, o tratamento, conforme Minoru Fujii, inicialmente � cl�nico e medicamentoso, com o uso de col�rios hipotensores para diminuir a press�o intraocular. Nos casos resistentes ao tratamento cl�nico, � indicado o SLT (laser) ou a cirurgia, e, em certos quadros, a associa��o de ambos. Em rela��o aos procedimentos cir�rgicos, s�o divididos em tradicionais e microcirurgias, que s�o mais modernas e indicadas para o glaucoma.  

O importante � que o tratamento seja individualizado, pensado caso a caso, assim como o monitoramento da doen�a, a fim de evitar qualquer dano progressivo. 

Ao contr�rio de Ailton, a dona de casa Auxiliadora Rodrigues Batista, de 88, descobriu a doen�a j� em est�gio avan�ado, quando percebeu dificuldade para ler e foi ao oftalmologista para acompanhamento. Cardiopata, a cada nova interna��o devido aos problemas no cora��o ou novo procedimento cir�rgico, a vis�o tamb�m era afetada.  

Hoje, Auxiliadora Batista faz monitoramento peri�dico e � acompanhada por especialista. Ela tamb�m respeita as medica��es, e esse controle m�dico trouxe al�vio. “O tratamento � feito de perto, mas se tivesse come�ado desde o princ�pio do glaucoma n�o teria o comprometimento que tenho. Ainda assim, com as dificuldades, consigo fazer as coisas, realizo atividades dom�sticas e tenho uma rotina normal. A vida continua, mesmo que dentro de limites”, relata. 

PANDEMIA 


Com o isolamento social e o medo constante de contamina��o em raz�o da pandemia de COVID-19, muitas pessoas deixaram de procurar os consult�rios oftalmol�gicos, conforme relatos dos especialistas. � o que vem acontecendo no caso do glaucoma.

Levantamento coordenado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) d� conta de uma queda na realiza��o de exames para aferi��o precoce do glaucoma e um �ndice menor de cirurgias relacionadas � doen�a desde de que teve in�cio a pandemia. 

Atualmente, h� oito tipos diferentes de exames realizados pelo SUS, aos quais os oftalmologistas recorrem para diagnosticar o glaucoma. Segundo o balan�o do CBO, foram realizados 5,9 milh�es de exames na rede p�blica em 2019. Do in�cio da pandemia at� agora, esse �ndice caiu 1,6 milh�es (27%). Dados do Sistema de Informa��es Ambulatoriais do SUS mostram que, em 2020, a retra��o no n�mero de exames preventivos para o glaucoma aconteceu em todas as regi�es brasileiras.  

Ao mesmo tempo, pelo menos 6,7 mil cirurgias recomendadas para tratamento e revers�o do glaucoma deixaram de ser feitas pelo SUS, redu��o de 22%. 

“No caso de pacientes com glaucoma, que precisam ser monitorados, um intervalo de mais de um ano sem acompanhamento pode ser muito tempo. Quadros graves devem ser acompanhados trimestralmente. Observamos progress�o na doen�a de pacientes que estavam muito bem. Dados da Sociedade Mineira de Oftalmologia (SMO) mostram que, em Minas Gerais, entre 2018 e 2020, diminuiu em 20% o n�mero de consultas m�dicas relacionadas ao glaucoma.” 

� o que conta Dannielle Garcia. Nesse cen�rio, o diretor-t�cnico m�dico do NEO Oftalmologia Leonardo Romano Tib�rcio faz um alerta: “Mesmo durante a pandemia, a sa�de dos olhos n�o pode ser negligenciada. � imprescind�vel manter a rotina de consultas ao oftalmologista, seguindo as medidas de preven��o ao coronav�rus.” 

*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram 


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