
Os pesquisadores analisaram 22 estudos de diferentes pa�ses sobre o tema, totalizando 97.659 participantes. Sobre o uso do cigarro convencional, nos �ltimos 30 dias foram analisados nove estudos com 33.741 indiv�duos. Todas as pesquisas foram publicadas entre 2016 e 2020, informou o Inca, por meio de sua assessoria de imprensa.
A coordenadora de Preven��o e Vigil�ncia do Inca, m�dica epidemiologista Liz Almeida, disse � Ag�ncia Brasil que em um primeiro momento os cigarros eletr�nicos foram criados para ajudar os fumantes a deixar de fumar. “Que eles seriam menos t�xicos que o cigarro comum, teriam menos riscos. Com o tempo, a gente foi vendo que ele n�o era t�o bonzinho assim. Tem riscos porque tem subst�ncias que tamb�m s�o cancer�genas.”
Liz Almeida ressaltou que os cigarros eletr�nicos foram pensados como substitutos dos cigarros comuns para aquelas pessoas que n�o conseguem parar de fumar de jeito nenhum. Essa foi a ideia inicial.
“S� que com o passar do tempo n�o foi isso que se viu. A ind�stria passou a investir de forma muito intensa em fazer novos usu�rios. A maior ades�o que esse produto teve em todo o mundo foram os jovens que nunca tinham fumado. Nos Estados Unidos isso foi uma epidemia”.
Depend�ncia
O problema � que o cigarro eletr�nico cont�m nicotina, que � uma subst�ncia que desenvolve depend�ncia. “Uma vez que voc� passa a ficar dependente da nicotina, voc� pega qualquer produto do tabaco que estiver ao seu alcance”, disse a m�dica do Inca.
Muitas pessoas que nunca haviam fumado antes come�aram a fumar cigarro eletr�nico e, de repente, passaram a experimentar e usar o cigarro comum. Segundo Liz, muita gente passou a usar o cigarro eletr�nico em ambiente fechado e o cigarro tradicional em ambiente externo. Para a m�dica, isso ocorreu porque muitos desses aparelhos t�m um formato super discreto, como o de um pendrive e outros t�m formatos de material escolar, o que n�o era percebido pelos pais.
A ideia inicial de ajudar fumantes a parar de fumar com o uso de produto que oferecesse menor risco foi ficando para segundo plano. Ent�o, o que ganhou volume foi o cigarro eletr�nico, mais consumido na faixa et�ria menor, de maior poder aquisitivo e do sexo masculino. Depois, as meninas tamb�m come�aram a utilizar, disse a m�dica.
A revis�o sistem�tica feita pelo Inca, no final do processo, mostrou que o uso de cigarro eletr�nico aumenta em tr�s vezes e meia mais o risco de experimenta��o de cigarro convencional e mais de quatro vezes o risco de uso do cigarro.
“Nossos resultados mostram que o cigarro eletr�nico aumenta a chance de inicia��o do uso do cigarro convencional entre aqueles que nunca fumaram, contribuindo para a desacelera��o da queda no n�mero de fumantes no Brasil”. Todos os estudos foram un�nimes em mostrar essa associa��o.
Alerta
“Para n�s, isso � um tremendo alerta, pois o desastre que aconteceu nos Estados Unidos: um bando de meninos que nunca botaram cigarro na boca come�ando a usar porque � descolado, carrega com USB, tem sabor, ou seja, tem tudo para fazer o indiv�duo passar a ser dependente da nicotina. O Brasil conseguiu um feito fant�stico que foi derrubar a incid�ncia de casos de c�ncer no pa�s, gra�as ao trabalho herc�leo para diminuir o n�mero de fumantes no pa�s”, afirmou a m�dica.
Para a m�dica, tratar uma depend�ncia severa � dif�cil e o custo disso para o pa�s tamb�m � alto.
“O que esse conjunto de estudos revelou foi que os meninos que come�aram a usar cigarros eletr�nicos tiveram uma maior experimenta��o do cigarro comum em tr�s vezes e meia e mais de quatro vezes passaram a uso regular. Esse alerta � que o Inca est� fazendo, no sentido de n�o aumentar o n�mero de fumantes no Brasil”, disse a coordenadora de Preven��o e Vigil�ncia do Inca.
Segundo a m�dica, o tabaco provoca c�ncer de pulm�o de 16 tipos, que est�o associados a infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e doen�a coronariana grave. “S�o muitas doen�as para a gente se arriscar. A proposta deles � vender na pra�a”, afirmou a epidemiologista, referindo-se � ind�stria do tabaco.
Segundo Liz Almeida, existe uma press�o imensa hoje da ind�stria do tabaco para libera��o da comercializa��o do cigarro eletr�nico, principalmente em ambientes fechados. O estudo do Inca mostra o risco da inicia��o do fumo comum a partir do cigarro eletr�nico.
Coronav�rus
A m�dica epidemiologista lembrou que, devido � pandemia do novo coronav�rus, em fun��o do estresse do isolamento social, as pessoas passaram a fumar mais em casa e a beber mais, a n�o fazer atividade f�sica, aumentando em muito os fatores de risco para doen�as cr�nicas. Outro alerta do Inca � no sentido de as pessoas fazerem um esfor�o concentrado para pararem de fumar, porque est�o fumando em casa e expondo a fam�lia aos riscos da fuma�a.
De acordo com ela, existe tratamento na rede do Sistema �nico de Sa�de (SUS) e muita gente pode deixar de fumar seguindo dicas do Inca. O instituto fez oito mini v�deos baseados na hist�ria de pessoas fumantes que est�o em tratamento e que podem ser vistos na p�gina do Inca na internet.
Para os n�o fumantes, o risco tamb�m � bem grande. Em crian�a, h� morte s�bita. Outra coisa s�o doen�as respirat�rias em crian�as tamb�m, por conta do tabagismo dentro de casa. E, nos adultos, h� maior risco dos n�o fumantes desenvolverem c�ncer de pulm�o, terem acidente vascular cerebral (AVC) e doen�a coronariana (infarto).
Campanha
Em celebra��o ao Dia Mundial sem Tabaco, a campanha do Inca tem como tema este ano “Comprometa-se a parar de fumar”.
O c�ncer de pulm�o tem como principais fatores de risco o tabagismo ativo e passivo. No Brasil, estimam-se 17.760 novos casos de c�ncer pulmonar em homens e 12.440 em mulheres, para este ano. Em compara��o aos n�o fumantes, � estimado um risco 23 vezes maior de desenvolver c�ncer de pulm�o para homens fumantes e 13 vezes mais em mulheres.
O Dia Mundial sem Tabaco foi criado em 1987 pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), com objetivo de abordar as doen�as e mortes evit�veis relacionadas ao tabagismo. No Brasil, o Inca � o Centro Colaborador da OMS para controle do tabaco e o �rg�o respons�vel pela divulga��o e comemora��o da data.