
ara ajudar esses indiv�duos, pesquisadores internacionais t�m se dedicado a encontrar novas alternativas terap�uticas. A exposi��o � luz verde, a acupuntura e a pr�tica regular de exerc�cios f�sicos s�o algumas das abordagens que se mostraram eficazes em pesquisas recentes. Os especialistas defendem tamb�m a continuidade de investiga��es para expandir o leque de pr�ticas efetivas.
� consenso entre os neurologistas que ter h�bitos saud�veis pode ajudar a prevenir as crises de enxaqueca, mas pouco se sabe, at� agora, sobre o n�vel de prote��o gerado por esses cuidados. Pesquisadores da Universidade de Washington, nos EUA, resolveram avaliar, de forma minuciosa, o efeito dos exerc�cios f�sicos em pessoas que sofrem constantemente com crises dessa cefaleia.
Para isso, a equipe pediu a 4.647 volunt�rios com diagn�stico de enxaqueca que respondessem a um question�rio sobre as caracter�sticas das crises, sono, depress�o, estresse, ansiedade e quantidade de exerc�cios de moderados a vigorosos (dura��o de duas horas e meia) praticados a cada semana.
Corrida, caminhada r�pida, limpeza pesada e ciclismo s�o exemplos desse tipo de atividade. A an�lise mostrou que 1.270 pessoas, 27% dos participantes, relataram praticar esses exerc�cios regularmente e que esse grupo apresentou uma frequ�ncia menor de crises de enxaqueca, quando comparado aos demais.
Os cientistas tamb�m observaram uma taxa menor de desencadeadores da cefaleia incapacitante, como estresse, depress�o e problemas de sono, no grupo que se exercitava regularmente. “Vimos, por exemplo, que problemas de sono foram relatados por 77% das pessoas no grupo sem exerc�cios, em compara��o com 61% no grupo dos exerc�cios intensos”, detalha o autor do estudo, que foi apresentado durante a 73ª Reuni�o Anual da American Academy of Neurology, em fevereiro.
Luciano Talma, neurologista respons�vel pelo Ambulat�rio de Cefaleia do Hospital Universit�rio da Universidade de Bras�lia (UnB), enfatiza que as terapias n�o medicamentosas t�m import�ncia fundamental no tratamento profil�tico do problema. “Para o paciente com enxaqueca cr�nica refrat�ria (em que as terapias tradicionais n�o funcionam), ser� a combina��o de tratamentos medicamentosos e n�o medicamentosos que vai contribuir com a redu��o das crises e a melhora da qualidade de vida.”
O m�dico lembra que o ideal � que o paciente entenda o que provoca as crises de dores de cabe�a, pois isso o ajudar� a utilizar as melhores op��es de preven��o. “Ele precisa reconhecer e evitar os fatores desencadeantes, como o estresse emocional, a priva��o de sono, o jejum prolongado e alguns itens alimentares, caf� e chocolate, por exemplo”, ilustra.
Tamb�m se mostrou eficaz no tratamento da enxaqueca a cromoterapia, t�cnica que utiliza a exposi��o a luzes coloridas para tratar problemas de sa�de. Os resultados foram obtidos em uma pesquisa americana e divulgados, em setembro do ano passado, na revista “The British Medical Journal”. Os cientistas selecionaram um grupo de 29 pessoas que tiveram enxaqueca epis�dica ou cr�nica e n�o alcan�aram respostas positivas com terapias tradicionais.
O grupo foi exposto � luz branca por uma a duas horas por dia, durante 10 semanas. Ap�s um intervalo de duas semanas, foi exposto � luz verde por 10 semanas. Ao longo do tratamento experimental, os analisados responderam a question�rios criados para monitorar o n�mero e a intensidade (usando uma escala de 0 a 10) das dores de cabe�a, al�m de detalhes relacionados � rotina.
A exposi��o � luz verde resultou em redu��o de 60% na intensidade da dor relatada pelos participantes (de 8 para 3,2). Tamb�m encurtou a dura��o das dores de cabe�a e melhorou a qualidade do sono e a disposi��o para a realiza��o de tarefas cotidianas. “O benef�cio m�dio geral foi estatisticamente significativo, e a maioria dos analisados ficou extremamente feliz”, enfatiza Mohab Ibrahim, autor principal do estudo e professor-associado da Universidade do Arizona.
Segundo os cientistas, com a luz verde, os sinais el�tricos gerados pela retina e por �reas cerebrais, como o t�lamo e o c�rtex cerebral, foram menores, quando comparados � exposi��o � luz branca. Esse abrandamento � essencial para evitar as dores, pois a enxaqueca est� ligada a um c�rebro hiperexcit�vel. A equipe lembra que a luz usada nos experimentos n�o pode ser reproduzida em casa. “Tem que ter a intensidade e a frequ�ncia certas, o tempo de exposi��o e os m�todos corretos. Assim como com medicamentos, h� um ponto ideal com a luz”, afirma Ibrahim.
Resultado do estudo � preliminar
Marcelo Lobo, neurologista do Hospital Santa L�cia, em Bras�lia, e membro titular da Sociedade Brasileira de Neurologia (SBN), avalia que, ainda que significativo, o resultado do estudo � preliminar. “S� vamos ter certeza de que ele funcionar� quando forem feitas mais pesquisas. � preciso frisar tamb�m que todo um protocolo foi montado pelos cientistas. As pessoas n�o podem repetir em casa achando que v�o ter o mesmo resultado. Tudo isso ainda � muito novo, mas, ainda assim, � algo animador”, refor�a.
No caso do uso da acupuntura, um estudo chin�s mostra redu��o na quantidade de crises semanais. Foram selecionados 147 pacientes com hist�rico de enxaqueca e que n�o haviam realizado a abordagem alternativa anteriormente. Todos foram instru�dos a n�o tomar analg�sicos ou iniciar qualquer outro tratamento durante a pesquisa, que durou 12 semanas. Metade dos volunt�rios recebeu 20 sess�es de acupuntura, e outra parte, 20 sess�es de acupuntura simulada, que n�o atingiu os pontos espec�ficos do corpo.
“Vimos que a pr�tica resultou em redu��o dos dias da semana em que houve crise de enxaqueca (de tr�s para dois dias), al�m de diminui��o na intensidade da dor sentida pelos participantes”, relata, em comunicado, Shabei Xu, um dos autores do estudo e pesquisador da Universidade de Medicina Hubei. “A melhora foi t�mida, mas, ainda assim, defendemos essa atividade como uma terapia auxiliar para quem sofre com esse tipo de dor.”