Nesta quinta-feira (1/7), tem-se in�cio o m�s de julho, considerado como o de conscientiza��o do c�ncer de cabe�a e pesco�o e, tamb�m, denominado “Julho Verde”, campanha promovida pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabe�a e Pesco�o (SBCCP) para chamar aten��o para a preven��o e diagn�stico precoce da neoplasia.
De acordo com dados recentes do Instituto Nacional do C�ncer (Inca), a cada ano surgem 43 mil novos casos de tumores nessa regi�o, ao mesmo passo em que 10 mil pessoas morrem em decorr�ncia da doen�a.
Os dados s�o alarmantes, mas, em meio � pandemia de COVID-19, especialistas temem que as taxas se elevem, haja vista o medo e receio das pessoas em “quebrar” o isolamento social para recorrer a consultas m�dicas, postergando o diagn�stico e resultando no reconhecimento tardio da doen�a, quando h� poucas perspectivas de cura.
“Quando a doen�a � diagnosticada em estado j� avan�ado, as chances de cura ficam em torno de 40%, enquanto a probabilidade em tumores precoces pode chegar a 90%.”
� o que explica Tracy Dias, oncologista cl�nica do Cetus Oncologia. Segundo Bruno Arag�o, tamb�m oncologista cl�nico do Cetus Oncologista, os dados dizem mais: � poss�vel que haja um aumento tamb�m na incid�ncia de �bitos.
“Devido � pandemia, calcula-se aumento de 20% na mortalidade nos tumores de cabe�a e pesco�o, uma vez que houve aumento do consumo de �lcool e fumo, al�m do sedentarismo e aumento de peso, provocado pelo isolamento social. Uma diminui��o das percep��es das pessoas quanto aos sintomas e queda na procura de aux�lio m�dico s�o outras raz�es para a subida de casos deste c�ncer.”
Nesse cen�rio, Tracy Dias refor�a a import�ncia de que o diagn�stico precoce seja feito. Conforme a oncologista, reconhecer o tumor precocemente � muito importante, e isso para al�m do aumento nas chances de cura. Isso porque, segundo ela, os tumores avan�ados demandam tratamentos mais espec�ficos e invasivos, como quimioterapia e radioterapia, para tentar aumentar as chances de sobrevida. Mas, como � poss�vel fazer o reconhecimento da doen�a o quanto antes?
Marcele Valina/Divulga��o
Quando a doen�a � diagnosticada em estado j� avan�ado, as chances de cura ficam em torno de 40%, enquanto a probabilidade em tumores precoces pode chegar a 90%.
Tracy Dias, oncologista cl�nica do Cetus Oncologia
“Exames de imagem como raio-x ou de alto custo – resson�ncia magn�tica, ultrassom, endoscopia, laringoscopia e tomografia – podem ser feitos para descobrir n�dulos na cabe�a e pesco�o. A partir do momento em que os n�dulos s�o encontrados, � solicitada uma bi�psia para que seja atestada a histologia do tumor, ou seja, a confirma��o diagn�stica. A investiga��o deste c�ncer ser� necess�ria nos casos em que o paciente come�a a se queixar de n�dulos no pesco�o, dificuldade de engolir, presen�a de les�es na boca com sangramento ou de dif�cil cicatriza��o, al�m de mudan�as repentinas no timbre da voz”, destaca a especialista.
Isso porque esses s�o alguns dos sinais de alerta dados pelo corpo que podem ser ind�cio da doen�a. A partir disso, o melhor tratamento pode ser indicado: “Na maioria dos casos, � o cir�rgico. A radioterapia e quimioterapia tamb�m podem ser indicadas. A curabilidade � relacionada ao diagn�stico precoce”, comenta Sandro Lana, oncologista cl�nico do Cetus Oncologia. Em cen�rios de doen�a j� metast�tica, a imunoterapia vem ganhando destaque, aumentando a sobrevida desses pacientes, conforme Fl�via Amaral Duarte, oncologista do Grupo Oncocl�nicas.
DANOS
Os c�nceres de cabe�a e pesco�o englobam, de forma geral, os c�nceres das cavidades oral e nasal, garganta, gl�ndulas tireoide, paratireoides e salivares. E, apesar de muitas pessoas relacionarem o tabagismo ao c�ncer de pulm�o, ele � tamb�m um dos principais fatores de risco para desenvolvimento de c�nceres de cabe�a e pesco�o. Outros fatores importantes s�o o consumo de bebida alco�lica, obesidade e infec��es por HPV, conforme Fl�via Duarte.
Com o diagn�stico tardio ou n�o, o c�ncer de cabe�a e pesco�o pode trazer danos para a sa�de do paciente. “A longo prazo, mesmo em pacientes j� curados, alguns sintomas s�o comuns, como altera��es do funcionamento da tireoide, altera��o do paladar e ressecamento da cavidade oral – falta de saliva, o que chamamos de xerostomia”, diz a oncologista do Grupo Oncocl�nicas.
Em casos mais avan�ados, � poss�vel ainda que alternativas para alimenta��o e respira��o persistam. “A doen�a e o tratamento podem ocasionar mutila��es da l�ngua, nariz, laringe, face e muitas vezes gerar a necessidade de traqueostomia definitiva. O uso de sondas para poder se alimentar, pr�teses para reconstruir a face, al�m da perda de olfato, paladar, desnutri��o e morte s�o outros danos lament�veis que este c�ncer pode causar”, pondera Bruno Arag�o.
Al�m disso, os tratamentos podem deixar algumas sequelas, segundo Tracy Dias. “Cirurgias muito extensas ou mutilantes podem, infelizmente, demandar a necessidade de remo��o de partes da face ou do pesco�o, o que causa preju�zos est�ticos e, consequentemente, danos na autoestima. Al�m disso, a radioterapia podre provocar danos na pele, similares aos causados pelas queimaduras solares e inflama��o das mucosas (mucosite). Em alguns casos, o paciente fica com dificuldades na fala e rouquid�o persistente.”
CUIDE-SE!
Haja vista os riscos de queda na qualidade de vida, bem como os altos �ndices de mortalidade em decorr�ncia do c�ncer de cabe�a e pesco�o, a preven��o � boa aliada do paciente. “O c�ncer de cabe�a e pesco�o � evit�vel e est� intimamente ligado aos nossos h�bitos. Quando adquirido � um c�ncer que realmente traz muitas marcas ao nosso organismo. Apesar da evolu��o dos tratamentos, ele ainda � grave. Por isso, o ideal � n�o ter. E isso est� nas nossas m�os, por meio de aten��o aos nossos h�bitos e v�cios”, comenta Bruno Arag�o.
E essa preven��o pode ser centrada em dois pilares, conforme Tracy Dias: os cuidados prim�rios e os secund�rios. “� poss�vel, por exemplo, se atentar aos fatores comportamentais que causam a doen�a: eliminar o �lcool e o tabagismo, realizar a higiene bucal de forma adequada, manter o acompanhamento m�dico ou odontol�gico e alimenta��o saud�vel.”
Marcele Valina/Divulga��o
Mantenha a alimenta��o saud�vel e balanceada, e hidrate-se. V� ao dentista, pelo menos, a cada seis meses, e se aparecerem feridas na boca, caro�os no pesco�o ou rouquid�o com falta de ar, procure um especialista.
Sandro Lana, oncologista cl�nico do Cetus Oncologia
Al�m disso, segundo Sandro Lana, a pr�tica de exerc�cios f�sicos � importante para prevenir muitos c�nceres, incluindo o de cabe�a e pesco�o. “Ainda, mantenha a alimenta��o saud�vel e balanceada, e hidrate-se. V� ao dentista, pelo menos, a cada seis meses, e se aparecerem feridas na boca, caro�os no pesco�o ou rouquid�o com falta de ar, procure um especialista”, recomenda o oncologista cl�nico. Ainda, de acordo com Bruno Arag�o, � importante que as pessoas se previnam contra o HPV, fator de risco para a doen�a.
“O uso de preservativo para evitar a contamina��o por HPV e vacina��o contra esse v�rus em meninas entre 9 e 14 anos e nos meninos entre 11 e 14 pode proteger da enfermidade. O SUS, inclusive, fornece gratuitamente as doses.”
Outra forma de cuidado � a preven��o secund�ria, estabelecida por meio do diagn�stico precoce, conforme Tracy Dias. Para isso, � importante que o paciente conhe�a o pr�prio corpo e busque ajuda m�dica diante de qualquer altera��o encontrada, seja uma ferida que n�o cicatriza, um n�dulo suspeito ou qualquer outro sintoma que possa ser ind�cio da neoplasia, haja vista a n�o exist�ncia de exames de rastreamento, nem mesmo em popula��es de alto risco. “� importante que os pacientes estejam atentos a altera��es”, afirma Fl�via Duarte.
*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram
*Para comentar, fa�a seu login ou assine