
Pensando nisso, desde 2013 pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) trabalham em uma pesquisa in�dita com o objetivo de proteger gr�vidas e beb�s durante a gesta��o e a amamenta��o. A prote��o criada pela vacina anticoca�na pode ser passada da m�e para o filho atrav�s do leite.
A vacina em potencial pode ser pioneira no mundo cient�fico. “Os resultados s�o de grande relev�ncia cient�fica, j� que n�o existe nenhum tratamento aprovado por ag�ncias reguladoras mundiais para esse fim”, afirma Frederico Garcia, professor do Departamento de Sa�de Mental (SAM) da Faculdade de Medicina da UFMG.
O medicamento, que est� em fase pr�-cl�nica, poder� evitar problemas como pr� -ecl�mpsia grave, aborto espont�neo e parto prematuro com complica��es, nas gestantes usu�riarias de drogas.
Quanto aos filhos, o experimento aponta chances significativas de preven��o no baixo peso ao nascer, malforma��es e s�ndrome de abstin�ncia no rec�m-nascido. Sintomas comuns observados em beb�s nesta situa��o.
Entenda a vacina
Ao longo da pesquisa, foram feitos dois experimentos que compararam a cria��o de anticorpos pelo uso da coca�na e pela aplica��o da vacina. O medicamento estimulou a produ��o de anticorpos em quantidades de quatro a seis vezes superiores ao do uso da droga.
Injetada em ratas gr�vidas, os anticorpos gerados impediram ou reduziram a passagem de coca�na para o c�rebro da m�e e para os fetos, pela placenta. Os pesquisadores identificaram, ainda, a transmiss�o dos anticorpos atrav�s do leite, protegendo tamb�m os lactantes.
Ao todo, 26 animais foram testados, sendo metade de cada experimento em grupo controle utilizando placebo. Comparadas �s m�es tratadas com placebo, as m�es vacinadas durante a gesta��o apresentaram maior ganho de peso gestacional e maior tamanho da ninhada. Entre os benef�cios, as m�es vacinadas tiveram ninhadas 27% maiores no parto, e 37% no desmame.

A mol�cula GNE-KLH, utilizada no estudo e na produ��o do medicamento, foi criada a partir da modifica��o da coca�na e � uma prote�na capaz de induzir a produ��o de anticorpos
O estudo teve financiamento da Funda��o de Amparo � Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient�fico e Tecnol�gico (CNPq), Secretaria Nacional de Pol�tica sobre Drogas e da C�mara dos Deputados.
Os pesquisadores respons�veis s�o da Faculdade de Medicina, do Instituto de Ci�ncias Exatas e da Faculdade de Farm�cia e, Atualmente, est�o em busca de recursos para a realiza��o das pr�ximas etapas da pesquisa.
Danos � sa�de mental
Segundos dados levantados pelos pesquisadores, a partir de artigos cient�ficos, apenas 25% das m�es dependentes de coca�na conseguem interromper o uso da droga na gravidez.
A coca�na produz vasoconstri��o placent�ria, com diminui��o do fluxo sangu�neo da placenta. Al�m de reduzir a disponibilidade de nutrientes, as trocas de sinaliza��o embrion�ria, as elimina��o de metab�litos e o ganho de peso materno. Foi constatado, tamb�m, o aumento do risco de aborto.
“Geralmente a preven��o em sa�de mental est� ligada a comportamentos, tamb�m por isso essa solu��o � t�o inovadora. Nosso objetivo � ajudar essas m�es, que sofrem tanto pelo v�cio, e garantir a sa�de desses beb�s, para que possam superar esse momento com mais tranquilidade”, conclui Frederico Garcia.
* Estagi�ria sob supervis�o da editora-assistente Vera Schmitz.