Luiza Hermeto e Fernanda Salomão e Camila Diniz

S�cias da Criadouro, Luiza Hermeto e Fernanda Salom�o, com a aluna Camila Diniz (D), fisioterapeuta que busca na joalheria paz e criatividade

Jair Amaral/EM/d.a press
  Cultivar um hobby � tentar algo novo e isso torna a pessoa mais interessante. E far� bem a ela e aos outros um passatempo para colecionar experi�ncias, hist�rias, para compartilhar, ensinar, estimular, aprender e ter um momento dedicado exclusivamente para si. Camilla Diniz, de 36 anos, fisioterapeuta, conta que desde a adolesc�ncia tem os trabalhos manuais como hobby.

J� fez de tudo um pouco: montagem de biju, chinelos decorados, ponto de cruz, shambalas e imagens sacras: “O trabalho manual me enche de alegria e, quando estou ali, criando, � o momento em que posso curtir minha solitude, praticamente uma medita��o”.
 
Camila vem de uma fam�lia que sempre teve paix�o por joias. E se encontrou em um espa�o especial. Da uni�o de duas criadoras e artistas mineiras em torno de uma paix�o, as joias, Fernanda Salom�o, arquiteta e designer de joias, e Luiza Hermeto, designer gr�fica, de joias e ourives, nasceu a Criadouro, escola de joias que, conforme elas, mais do que joias criam significado, afeto, cuidado, aten��o, oferecem experi�ncias vivenciais.

“Minha tia-av� passou para minha m�e, que consequentemente passou pra mim. Quando crian�a, eu adorava pegar a caixa de joias da minha m�e e ficar admirando e escutando a hist�ria por detr�s de cada pe�a. O meu fasc�nio pelas gemas e p�rolas vem da�.”
 
Ela conta que seus hobbies sempre tiveram um prop�sito: pagar algum curso ou especializa��o internacional na �rea de fisioterapia neurol�gica. “Mas quando ingressei na Criadouro, o prop�sito foi alterado para ser uma segunda profiss�o. Inicialmente, era para aprender algo novo e ser um novo hobby. Mas a paix�o por joias virou hobby e, agora, profiss�o. A joalheria me traz paz, aflora minha criatividade e � o meu projeto de aposentadoria.”
 
Na fisioterapia, Camila trabalha com adultos e idosos com diversas comorbidades. “A responsabilidade com eles � muito grande. Com isso, tem dois anos que n�o frequento bares e n�o vejo os amigos, para me proteger da contamina��o por COVID-19. Foi o estudo e os ensinamentos que tive na joalheria que me ajudaram a enfrentar esse momento com mais leveza e n�o pirar, literalmente.”

J� tivemos aluno que parou com rem�dio de ansiedade e depress�o s� com o trabalho na banca, adolescente com TDAH, pois traz foco e calma para execu��o do trabalho, alunos que v�m apenas para ocupar a mente e se divertir, assim como aqueles que querem levar a joalheria para o profissional. E � nisso que a gente aposta, a joalheria pode ser 'rem�dio', pode ser divers�o e tamb�m um trabalho s�rio e lucrativo

Fernanda Salom�o, arquiteta e designer de joias, s�cia da Criadouro

Na Criadouro, as s�cias Fernanda e Luiza recebem quem quer mergulhar neste mundo como hobby ou neg�cio. “Normalmente, quem procura a joalheria como hobby � porque gosta muito de joias ou de pedras. Tem tamb�m as que est�o em busca de pe�as diferentes do que encontram no mercado e querem aprender ourivesaria para construir as pr�prias pe�as, de acordo com sua personalidade. Quando estamos na banca resolvendo problemas de uma pe�a, uma dobra ou um pino, os outros problemas da vida parecem desaparecer e o tempo voa. Funciona, sim, como prazer e escape, com certeza”, destaca Luiza.
 

Vontade, paix�o e dedica��o

 
E Luiza garante que n�o precisa de algo especial: “Como tudo na vida, podemos aprender. Assim como andar e falar, acredito que temos capacidade para aprendermos a criar. Existem exerc�cios e t�cnicas de processo criativo que podem desengatilhar processos nesse sentido. Ou seja, se voc� tem vontade, paix�o e dedica��o vai dar certo. O importante � come�ar e praticar. Com o tempo, podemos construir o olhar; j� o talento e a habilidade se revelam com a pr�tica.”
 
A pandemia, enfatiza Luiza, foi um atropelamento, mas com a parceria de Fernanda, a Criadouro tem sido um b�lsamo para elas e o p�blico. “No in�cio, pensei em desistir. Por isso valorizo tanto essa parceria com a Fernanda. Naquele momento incerto, ela pegou minha m�o e me puxou pra cima. Foi preciso rever muita coisa, mas o principal n�o mudou. As pessoas precisam se relacionar, trocar, estar juntas. Esse � nosso ponto forte. A troca de conhecimento, o afeto com o outro, a boa vontade de contribuir, e, durante a pandemia, isso ficou ainda mais claro. De certa forma, reafirmou nosso prop�sito e nos trouxe a certeza de que estamos realizando o que n�s nos propusemos. Tivemos muita procura de pessoas que queriam sair, se relacionar, aprender, trocar conhecimento, conviver, sem aglomerar, com cuidado e carinho, e est�vamos l� pra receb�-las.”
 
Luiza conta que, para ela, hobby � um momento de fazer o que gosta e relaxar. “Sempre tive hobby, gosto muito de criar e j� experimentei diferentes hobbies ao longo da vida. Tirar um tempo para fazer algo que gosto significa muito pra mim, al�m de ser uma forma de autoconhecimento, onde tenho a oportunidade de me olhar por outros �ngulos, o que valorizo muito.”


M�o na massa


J� para Fernanda Salom�o, hobby � poder fazer algo que lhe faz bem, que alivia a mente, preenche o cora��o e permite estar no “aqui e agora”. “Antes de ser joalheira, quando ainda exercia a arquitetura, tinha a ourivesaria como hobby e isso me preenchia. Sempre gostei desse universo e buscava diferentes formas de conhecimento, e isso, por fim, acabou mudando totalmente meu lado profissional. Hoje, posso dizer que meu trabalho tamb�m � minha divers�o”, diz.

Fernanda garante que � mito pensar que joalheria � s� para mestres do of�cio, talentos natos. “Quando pensamos em criar a Criadouro, espa�o colaborativo que eu e a Luiza constru�mos, foi justamente para desmistificar a joalheria, mostrar que � para todos, s� precisa gostar de criar, p�r a m�o na massa e se divertir. A ourivesaria � uma atividade m�gica que ajuda na autoestima, traz foco, paci�ncia e diminui a ansiedade.”
 
De repente, surge aqui uma janela para as apaixonadas por joias. � poss�vel. Um hobby para l� de instigante. Fernanda destaca que os perfis s�o os mais variados: “O que torna tudo t�o especial, e para todos. J� tivemos aluno que parou com rem�dio de ansiedade e depress�o s� com o trabalho na banca, adolescente com TDAH, pois traz foco e calma para execu��o do trabalho, alunos que v�m apenas para ocupar a mente e se divertir, assim como aqueles que querem levar a joalheria para o profissional. E � nisso que a gente aposta, a joalheria pode ser 'rem�dio', pode ser divers�o e tamb�m um trabalho s�rio e lucrativo.”
 
Para Fernanda, a pandemia trouxe um “sacolejo” para a Criadouro, que quase teve as portas fechadas. Afinal, era uma atividade totalmente presencial: “Mas juntamos energia e tudo se transformou. Acho que a busca por novos ares, novos caminhos, atividades diferentes e que possam cuidar da mente e do cora��o mexeu com muita gente em tempos de COVID-19 e v�rias portas foram abertas, pessoas de diversas �reas, com ideias e perfis diferentes, acabaram se conectando aqui na Criadouro, e transformando o universo da joalheria de forma especial. O trabalho da joalheria se mostrou para todos e tamb�m � de cada um”.

 
O que a ci�ncia diz sobre hobbies

Homem cuidando do jardim, com mudas de flores nas mãos

Plantar, regar e fazer trabalhos manuais tamb�m diminui em 30% o risco de doen�as card�acas e derrame

planet_fox/Pixabay

  1. Dan�ar: p� de valsa ou n�o, a atividade � �tima para a sa�de cardiovascular, melhora o equil�brio e faz bem ao c�rebro. Segundo estudo publicado no New England Journal of Medicine, quem dan�a regularmente tem 76% menos risco de ter dem�ncia.
  2. Cuidar do jardim: outro estudo, publicado no peri�dico cient�fico PLOS One, cuidar do jardim reduz a defici�ncia de vitamina D nos idosos. Sem contar que plantar, regar e fazer trabalhos manuais tamb�m diminui em 30% o risco de doen�as card�acas e derrame, segundo um estudo publicado no British Journal of Sports Medicine.
  3. Escrever: reservar um tempo do dia para sentar e escrever sobre seus sentimentos � positivo para a sa�de mental, principalmente para melhorar a mem�ria e diminuir o estresse. Pesquisa publicada na Psychosomatic Medicine indica que escrever sobre traumas tem um papel fundamental em curar as feridas.
  4. Ouvir m�sica: de acordo com um estudo publicado na Nature Neuroscience, a m�sica influencia nos neuroqu�micos e melhora o sistema imunol�gico, al�m de reduzir os n�veis de ansiedade e depress�o.