

"Atuando durante a fase de gesta��o e, sobretudo no primeiro trimestre, podem ocasionar o aparecimento das fissuras. Nesses casos, dizemos que as fissuras t�m uma etiologia ambiental multifatorial e apontar um �nico fator causal muitas vezes � dif�cil."
A �nica solu��o � a cirurgia?
O coordenador do Centrare destaca que as fissuras se apresentam de diversas formas e gravidades. Podem ser desde uma pequena cicatriz, at� rupturas totais do l�bio, osso alveolar (regi�o onde os dentes se posicionam) e o palato (c�u da boca).
“O tratamento adequado depende da gravidade, mas somente nos casos das pequenas cicatrizes � que a cirurgia pode ser evitada. Nos demais casos, as cirurgias de reconstru��o do l�bio (labioplastia) e palato (palatoplastia) s�o essenciais e representam somente a solu��o inicial dos problemas. Vale lembrar que as fissuras ocasionam n�o apenas problemas est�ticos na face, mas tamb�m altera��es na fala, posicionamento dos dentes, problemas de respira��o e audi��o, altera��es do crescimento normal da maxila e problemas emocionais."
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Por isso, o tratamento deve ser conduzido por uma equipe multidisciplinar, dentro de uma linha de cuidados que se inicia ao nascimento da crian�a e pode-se estender at� os 20 anos. "Dessa forma, a equipe de tratamento � composta por cirurgi�es pl�sticos, otorrinos, fonoaudi�logos, psic�logos, geneticistas, enfermeiros, pediatras, servi�o social, e dentistas nas diversas especialidades."
Preconceito e as consequ�ncias para a sa�de mental
Nesse aspecto, enfatiza o dentista, a aprova��o pelo Senado Federal do PL6565/2019, instituindo o Dia Nacional da Conscientiza��o sobre a Fissura Labiopalatina representa um passo importante nessa dire��o.
“Devemos ressaltar que os pacientes portadores de fissuras labiopalatinas s�o extremamente capazes de exercer qualquer atividade, mas o preconceito da sociedade pode construir barreiras desnecess�rias e algumas vezes intranspon�veis a eles.”
Antes do parto � poss�vel detectar se o beb� ter� l�bio leporino?
Como em toda gesta��o, o acompanhamento pr�-natal torna-se fundamental. �nio Mazzieiro diz que os exames de ultrassom podem detectar, na maioria das vezes, a presen�a de fissuras labiais e palatinas, salvo se o beb� estiver em alguma posi��o intrauterina desfavor�vel ou com as m�os sobre a regi�o da boca.
“Nesses casos, o m�dico pode ter alguma dificuldade na visualiza��o das fissuras. Idealmente mais de um ultrassom deveria ser feito durante o per�odo de gravidez, aumentando a possibilidade do diagn�stico precoce. Infelizmente, essa n�o � a realidade para todas as gestantes e, em v�rios casos, a m�e s� fica sabendo da fissura ao nascimento (fissuras de l�bio) ou, nos casos de fissuras isoladas de palato, at� v�rios dias ap�s o nascimento da crian�a, onde a dificuldade de amamenta��o e a perda de peso passa a ser mais investigada.”
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"Por�m, essa cirurgia reparadora causa, como resultado, uma cicatriz na regi�o central do palato e uma redu��o do seu tamanho longitudinal, que podem ocasionar a restri��o do crescimento transversal da maxila, provocando altera��es dos relacionamentos dent�rios entre os arcos superior e inferior e a mobilidade do palato mole, respons�vel pelo sistema de veda��o velofar�ngeo. Essas altera��es funcionais, inerentes ao processo reparador, ser�o tratadas posteriormente pela fonoaudiologia, otorrino e ortodontia.
O n�mero de pacientes em Minas e os atendimentos e cadastro no Centrare
Conforme o ortodontista, se Minas tem uma popula��o aproximada de 15 milh�es de habitantes, � estimado que 17 mil pacientes sejam portadores de fissuras, uma vez que as estat�sticas oficiais dos �rg�os de sa�de consideram que a m� forma��o afeta uma crian�a a cada 650 nascidas no Brasil.
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Com a palavra, m�es e pacientes


Daniel Alves Medeiros, de 15 anos, de Varginha de Goi�nia

“Eu n�o sabia que isso ia acontecer, mas gra�as a Deus o hospital est� me ajudando muito, estou com aparelho, vou fazendo passo a passo e trato aqui desde que nasci. Comecei quando tinha 30 dias. Nunca sofri nenhum preconceito por causa da fissura.”