
Cientistas do Instituto de Pesquisa do C�ncer, em Londres, identificaram uma mol�cula que ajuda a transformar c�lulas cancer�genas do p�ncreas potencialmente trat�veis em uma forma mais agressiva da doen�a. O estudo, publicado na revista Nature, poder� abrir caminhos para o tratamento de um dos tumores mais letais em todo o mundo, a s�tima causa de morte por c�ncer no Brasil.
Os pesquisadores demonstraram que a chamada Grem1 � uma pe�a essencial no mecanismo que permite �s c�lulas doentes se espalharem e crescerem no organismo. No estudo, feito com roedores, foi poss�vel manipular os n�veis da prote�na, revertendo a capacidade das estruturas cancer�genas se transformarem num subtipo mais agressivo, respons�vel por 90% dos casos de tumor de p�ncreas. Os tratamentos dispon�veis, hoje, s�o pouco eficazes, com menos de 5% de sobrevida em cinco anos.
"O diagn�stico da grande maioria dos casos de tumor no p�ncreas � feito tardiamente, com a doen�a j� avan�ada, e at� mesmo disseminada aos g�nglios linf�ticos e a outros �rg�os. Por isso se torna inoper�vel e n�o mais pass�vel de cura", destaca a oncologista Mirian Cristina da Silva, da Oncocl�nicas Bras�lia. Segundo os pesquisadores brit�nicos, justamente por evitar essa dissemina��o, a manipula��o da Grem1 poder� levar ao desenvolvimento de novas drogas, caso o efeito seja replicado em humanos.
Sem met�stase
Os cientistas fizeram testes tanto em camundongos quanto em organoides - complexos celulares que reproduzem a fun��o de um �rg�o (no caso, o p�ncreas). Ao desligar o gene que regula a Grem1, as c�lulas tumorais tornaram-se invasivas e, em 10 dias, se transformaram no subtipo letal, espalhando-se por outros tecidos. Em 90% dos roedores com Grem1 n�o ativa, o c�ncer chegou tamb�m ao f�gado. J� naqueles com n�veis normais da prote�na, o percentual foi de 15%.
Os pesquisadores, ent�o, demonstraram que aumentar os n�veis de Grem1 pode evitar a agressividade do c�ncer de p�ncreas, reduzindo tamb�m o risco de met�stase. Al�m disso, eles descobriram que outra prote�na, chamada BMP2, est� envolvida na regula��o da primeira, sugerindo que, juntas, elas s�o respons�veis pelo comportamento das c�lulas de c�ncer de p�ncreas.
Embora reconhe�am que o estudo est� em est�gio inicial, os pesquisadores mostraram-se animados com as descobertas, que precisam ser confirmadas e testadas diversas vezes, at� que um tratamento seja poss�vel. "Mostramos que � poss�vel regredir os tumores agressivos para um estado que os torna mais f�ceis de tratar. Ao entender melhor o que impulsiona a dissemina��o agressiva do c�ncer de p�ncreas, esperamos, agora, explorar esse conhecimento e identificar maneiras de tornar a doen�a menos agressiva e mais trat�vel", disse o autor s�nior do estudo, Axel Behrens, que lidera a equipe de c�lulas-tronco do instituto brit�nico.
Para a oncologista Mirian Cristina da Silva, o trabalho � promissor: "Apesar de os dados serem preliminares, nos trazem caminhos para novas vias de regula��o do crescimento e diferencia��o do c�ncer de p�ncreas".