
No dia 23 de julho, a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) classificou a doen�a como uma emerg�ncia global de sa�de. Outras enfermidades que ganharam o mesmo status nos �ltimos anos foram covid-19, zika e ebola.
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No Brasil, foram detectados mais de 600 casos at� o momento. Os dados foram compilados pelo Our World In Data. e pelo Centro de Controle e Preven��o de Doen�as (CDC) dos Estados Unidos.
A var�ola dos macacos � uma infec��o causada por um v�rus que geralmente se manifesta de forma leve — os principais sintomas s�o febre, dor e o aparecimento de les�es e feridas em algumas partes espec�ficas do corpo, como voc� confere a seguir.
O que � a var�ola dos macacos?
Trata-se de doen�a causada pelo v�rus monkeypox, que pertence � mesma fam�lia do v�rus da var�ola humana.
Os casos dessa infec��o eram relativamente comuns na �frica Central e na �frica Ocidental, especialmente em regi�es com florestas tropicais. Mais recentemente, o n�mero de casos parece ter aumentado tamb�m em �reas urbanas.
Apesar do nome, os principais hospedeiros desse v�rus na natureza s�o roedores. Mas primatas n�o humanos tamb�m s�o afetados por esse tipo de var�ola.

Como a var�ola dos macacos � transmitida?
A var�ola dos macacos � transmitida quando algu�m tem contato pr�ximo com as les�es de pele, as secre��es respirat�rias ou os objetos usados por uma pessoa que est� infectada.
O v�rus ainda pode ser passado de m�e para filho durante a gesta��o, atrav�s da placenta.
At� agora, o pat�geno n�o foi descrito oficialmente como uma infec��o sexualmente transmiss�vel, mas a doen�a pode ser passada durante a rela��o sexual pela proximidade e o contato pele a pele entre as pessoas envolvidas.
Muitos dos casos registrados at� o momento foram observados em homens que fazem sexo com outros homens. Isso levou, inclusive, a Ag�ncia de Seguran�a de Sa�de do Reino Unido a pedir que esses indiv�duos prestem mais aten��o a coceiras ou les�es de pele que lhes pare�am incomuns, especialmente na regi�o anal e genital.
Eles foram orientados a contactar seus servi�os locais de sa�de no caso de algum sintoma ou preocupa��o. Mas autoridades ressaltam que qualquer pessoa, independentemente da orienta��o sexual, pode ser contaminada.
Animais infectados, como macacos, ratos e esquilos, tamb�m podem transmitir o v�rus.
Quais s�o os sintomas da var�ola dos macacos?
A OMS explica que o per�odo de incuba��o (o tempo entre o v�rus invadir as c�lulas e o aparecimento dos primeiros sintomas) costuma variar de 6 a 13 dias, mas pode chegar at� a 21 dias.
A partir do in�cio dos sintomas, a infec��o pode ser dividida em dois momentos.
Primeiro, acontece o per�odo de invas�o, que dura at� 5 dias. Neste momento, o paciente pode apresentar:
- Febre;
- Dor de cabe�a forte;
- Incha�o nos linfonodos (conhecido popularmente como "�ngua");
- Dor nas costas;
- Dores musculares;
- Falta de energia intensa.
Terminado o per�odo de invas�o, come�a a segunda etapa, que � marcada por feridas na pele. Geralmente, essas marcas cut�neas surgem depois de 1 a 3 dias do in�cio da febre.
As feridas costumam se concentrar no rosto, nas extremidades do corpo, como a palma das m�os e na sola dos p�s, na mucosa da boca, na genit�lia e nos olhos.
Os m�dicos relatam que, no surto atual, as les�es t�m sido mais frequentemente encontradas na regi�o do �nus e dos genitais.
Elas surgem como feridas planas e, com o passar do tempo, formam pequenas bolhas com l�quido dentro. Depois, ganham uma casquinha.
Mas o paciente pode ter apenas uma vermelhid�o na pele que se assemelha a uma irrita��o.

O n�mero de marcas cut�neas varia bastante: alguns pacientes apresentam poucas, enquanto outros chegam a ter milhares.
A var�ola dos macacos pode matar?
Na maioria das vezes, a var�ola dos macacos � um quadro autolimitado. Isso significa que, ap�s duas a quatro semanas, os sintomas passam e a pessoa fica bem.
Os casos mais severos acontecem com mais frequ�ncia em crian�as e t�m a ver com a condi��o de sa�de e uma grande exposi��o ao v�rus.
As complica��es tamb�m s�o mais comuns em pacientes com problemas no sistema imunol�gico.
Quadros graves est�o relacionados ao surgimento de pneumonia, sepse, encefalite (inflama��o do c�rebro) e infec��o ocular, que pode at� levar � cegueira.
Historicamente, calcula-se que a taxa de mortalidade por var�ola dos macacos varie entre 3 e 6% nos pacientes infectados. No surto atual, foram confirmadas at� o momento 5 mortes.
Em linhas gerais, pessoas com mais de 40 ou 50 anos parecem estar mais protegidas. Isso acontece porque elas foram vacinadas contra a var�ola no passado — sabe-se que esse imunizante tamb�m confere uma boa prote��o contra o v�rus monkeypox.

Qual � o tratamento?
O tratamento da var�ola dos macacos envolve o suporte cl�nico e o al�vio dos sintomas, como dor e febre.
Geralmente, os profissionais de sa�de pedem muito cuidado com a alimenta��o e a hidrata��o, para que o organismo tenha boas condi��es de combater o v�rus.
Quando o paciente sofre com infec��es secund�rias, tamb�m � poss�vel usar medicamentos espec�ficos para lidar com esses outros v�rus, bact�rias, fungos ou protozo�rios.
A OMS tamb�m destaca que existe um antiviral chamado tecovirimat, que foi desenvolvido especificamente para tratar a var�ola dos macacos.
Ele j� foi liberado pela Ag�ncia Europeia de Medicamentos, mas n�o est� dispon�vel de forma mais ampla.
Como a doen�a � diagnosticada?
Se o profissional de sa�de suspeita que um paciente est� com var�ola dos macacos, ele pode indicar a realiza��o de alguns testes.
Os exames laboratoriais, alguns deles j� dispon�veis no Brasil, analisam a amostra, geralmente colhida das les�es na pele, e detectam a presen�a do v�rus.
Uma das t�cnicas utilizadas � a PCR, que ficou muito conhecida durante a pandemia de covid-19.
Tem como prevenir essa doen�a?
As vacinas s�o a principal forma de preven��o.
De acordo com a OMS, uma s�rie de estudos observacionais descobriu que o imunizante que protege contra a var�ola tem uma efetividade de 85% contra a var�ola dos macacos.
Como o v�rus causador da var�ola foi completamente erradicado, o programa de vacina��o contra essa doen�a foi paralisado a partir dos anos 1980.
Existe, por�m, uma vacina mais recente contra a var�ola dos macacos, feita a partir do v�rus atenuado modificado em laborat�rio.
Usada num esquema de duas doses, ela est� aprovada em alguns lugares desde 2019. A disponibilidade deste imunizante no momento � bem limitada.
Mas em alguns lugares, como o Reino Unido, a vacina��o para conter a var�ola do macacos j� foi iniciada. Por ora, as doses s� est�o dispon�veis neste pa�s para tr�s grupos: trabalhadores da �rea de sa�de, indiv�duos que tiveram contato pr�ximo com algu�m que foi diagnosticado com a doen�a e, por �ltimo, homens gays, bissexuais ou que fazem sexo com outros homens.
No Brasil, o Minist�rio da Sa�de anunciou que est� negociando a compra de vacinas contra a var�ola. O Instituto Butantan e a Funda��o Oswaldo Cruz tamb�m est�o estudando a possibilidade de fabricar doses no pr�prio pa�s.
Al�m da vacina, outras formas de preven��o envolvem a vigil�ncia e a identifica��o r�pida de novos casos.
Indiv�duos que foram diagnosticados com var�ola dos macacos devem ficar em isolamento e evitar o contato pr�ximo com outras pessoas at� as feridas na pele desaparecerem por completo — isso diminui o risco de transmitir o v�rus adiante e criar novas cadeias de transmiss�o na comunidade.
Pessoas gays est�o mais expostas � infec��o?
Muitos casos foram identificados em homens que tiveram rela��o sexual com outros homens, mas a var�ola dos macacos n�o � considerada uma infec��o sexualmente transmiss�vel.
O especialista da OMS Andy Seale entende que, "embora estejamos vendo alguns casos em homens, esta n�o � uma 'doen�a gay', como algumas pessoas e as m�dias sociais a rotularam. Qualquer pessoa pode contrair esta doen�a atrav�s do contato pr�ximo."
As doen�as sexualmente transmiss�veis exigem contato sexual para serem transmitidas, enquanto "voc� n�o precisa ter contato sexual para transmitir a var�ola dos macacos", diferenciou Seale.

O n�mero relativamente alto de homens homossexuais que relataram a doen�a pode ser explicado pelo fato de que esse grupo est� sendo mais proativo ao perceber os sintomas e buscar os servi�os de sa�de.
"Esse grupo demogr�fico geralmente � aquele que monitora sua sa�de quando se trata de potenciais ISTs (infec��es sexualmente transmiss�veis)", explicou Seale.
"Sabemos que [homens que fazem sexo com homens] quando detectam uma ferida incomum na pele, provavelmente s�o os que buscam tratamento mais rapidamente".
- Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-61535607
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