
Um estudo da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, mostra que pessoas de 50 anos sedent�rias declinam a mem�ria em cinco anos. “Dan�ar, escutar m�sicas que envolvam v�rios sentidos, desenvolver atividades intelectuais desafiadoras, controlar o estresse, ter uma vida social ativa, dieta saud�vel e equilibrada e sono de qualidade tamb�m s�o pr�ticas muito efetivas para manter a sa�de cerebral em dia”, diz o neurocirurgi�o Felipe Mendes, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.
O “v� Victor” � exatamente assim. Tem Alexa, usa WhatsAapp e at� faz v�deos dan�ando com a neta Frances no Tik Tok. Pai do querido chargista e ilustrador Son Salvador, falecido em novembro de 2019, Victor da Piedade Pinto se lembra com carinho do filho. “O Son me visitava todo domingo e trazia sempre uma revista. Nos anivers�rios, costumava me dar dinheiro para que eu comprasse o que quisesse. Mas ele teve pressa de passar para o outro lado da vida. Achei que eu � que deveria ir primeiro”, acrescenta.
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Aos 98 anos, Victor se diverte nas redes sociais. “Adoro a internet, porque descubro coisas que eu n�o acreditava que fossem acontecer. Uma das coisas importantes na vida do homem e da mulher � aprender, para um dia poder passar para aqueles que n�o sabem nada.”
Quanto � inf�ncia, ele diz que a fam�lia era pobre, mas todos tiveram coragem para vencer na vida. “Aos 7 anos, eu j� andava cinco quil�metros da nossa casa, na ro�a, at� o Centro de Caet�. Eu costumava carregar um balaio na cabe�a com verduras e frutas para ajudar minha m�e”, se recorda. “Aos 14 anos, comecei a trabalhar na Companhia Ferro Brasileiro e depois na Estrada de Ferro Central do Brasil.”
SEGREDO DA VIDA
Ele se casou duas vezes, sendo a segunda ap�s ter ficado vi�vo. Hoje, ao lado de seis dos nove filhos que teve, Victor diz que o segredo da vida �, sem d�vida, trabalhar bastante, “como eu trabalhei”. “Mas trabalhar com alegria. As dificuldades que eu tive foram aceitas de bom grado. Deus me deu for�a para seguir em frente.”
E, claro, passar tempo com os familiares e amigos. “Sinto-me feliz de ter uma fam�lia t�o agrad�vel como a que eu tenho. Sempre gostei muito de festa. Somente nesta casa em que eu moro, fiz festa de carnaval por 22 anos”, conta.
Diminui��o
O envelhecimento do c�rebro est� relacionado � diminui��o do tamanho do �rg�o, o que resulta em perda de neur�nios e altera��o na produ��o de horm�nios e neurotransmissores. O neurocirurgi�o Felipe Mendes explica que o c�rebro tem em torno de 1.300g a 1.400g e conta com 100 bilh�es de neur�nios e trilh�es de sinapses (comunica��o entre os neur�nios).
Ao longo da vida, ele muda mais do que qualquer outra parte do corpo. O tecido cerebral come�a a se formar na sexta semana de vida e o processo segue at� quatro semanas ap�s o nascimento. Na inf�ncia, o c�rebro aumenta de volume em at� quatro vezes. Aos 6 anos, atinge cerca de 90% do tamanho do �rg�o em um adulto.
O �rg�o � dividido em lobos, e os lobos frontais, respons�veis por fun��es executivas, planejamento, mem�ria operacional e controle de impulsos, geralmente se maturam por �ltimo – at� os 35 anos.
“Essa massa cerebral, o lobo frontal e o hipocampo, envolvidos em fun��es superiores e novas mem�rias, come�am a atrofiar a partir dos 60 ou 70 anos. Da mesma forma que a densidade cortical se reduz, o c�rtex fica mais fino e a subst�ncia branca, que transporta sinais nervosos entre as c�lulas cerebrais, encolhe”, afirma.
� medida que a idade avan�a, h� tamb�m uma queda de neurotransmissores, como a dopamina, acetilcolina, serotonina e noradrenalina, al�m da perda de muitas conex�es entre os neur�nios.
“Sabe-se que outra consequ�ncia do envelhecimento � o ac�mulo de prote�nas que acabam sendo depositadas tanto dentro quanto fora dos neur�nios, desencadeando doen�as neurodegenerativas relacionadas � idade”, comenta.
Tudo isso acaba contribuindo para uma diminui��o da fun��o cerebral. Por isso que, ao envelhecer, o processo de aprendizado para uma tarefa nova se torna mais custoso. Realizar multitarefas fica mais dif�cil e o esquecimento de compromissos se torna mais frequente, pois a mem�ria estrat�gica (lembrar nomes e n�meros) acaba declinando.
* Estagi�ria sob supervis�o de Ellen Cristie
Lapsos de mem�ria geram apreens�o

"Quando acontecem pequenos lapsos quando somos mais novos, normalmente n�o nos preocupamos. Eles come�am a gerar certa apreens�o e nervosismo � medida que envelhecemos"
Felipe Mendes, neurocirurgi�o
“Quando acontecem pequenos lapsos quando somos mais novos, normalmente n�o nos preocupamos. Eles come�am a gerar certa apreens�o e nervosismo � medida que envelhecemos, e muita gente se pergunta: ser� que estou come�ando com sinais de Alzheimer?”, pontua Felipe.
Acreditava-se, h� 20 anos, que o c�rebro come�ava a envelhecer muito antes de um ser humano atingir a idade adulta. Gra�as ao avan�o da neuroci�ncia, entretanto, foi descoberto que o c�rebro � o �rg�o humano que menos envelhece. S� que isso n�o minimiza a necessidade de cuidados e h�bitos capazes de cooperar na diminui��o desse desgaste.
PESQUISAS
Atualmente, existem estudos em car�ter experimental, tais como a presen�a de c�lulas-tronco no hipot�lamo, que parecem ter rela��o com o qu�o r�pido o c�rebro envelhece. “Feitos em ratos, eles acreditam que acrescentar essas c�lulas pode reduzir ou reverter os danos causados pelo envelhecimento”, destaca o m�dico.
“Existem tamb�m aquelas pessoas que, com 70, 80 anos ou mais mant�m uma mem�ria superafiada. Isso acontece porque o c�rebro encolhe em um ritmo menor.” Contudo, o neurocirurgi�o deixa claro que ainda n�o se sabe exatamente o que os faz ser diferentes dos outros.
Compreendendo que alguns quadros de doen�as e sintomas podem ser agravados, ou estar relacionados ao envelhecimento de um dos �rg�os mais importantes do corpo humano, fica clara a import�ncia de realizar atividades que evitem o processo de diminui��o do c�rebro.
“Sabe-se que alguns fatores podem, sim, acelerar o envelhecimento, como a obesidade, o consumo de refrigerantes e a��cares. Por�m, da mesma forma, existem tamb�m dicas e a��es importantes do dia a dia que podem influenciar de forma positiva, evitando que esse envelhecimento precoce aconte�a, como a pr�tica de atividade f�sica regular”, destaca.
Palavra de especialista
Guilherme Graciano, nutricionista
Boa estrat�gia para envelhecer
"A alimenta��o pode ser entendida como uma das chaves para a longevidade, especialmente se envelhecemos com qualidade de vida. As escolhas alimentares que fazemos agora ter�o um impacto importante na forma como iremos envelhecer.
Por isso, ter uma alimenta��o equilibrada contribui para que o nosso envelhecer aconte�a da melhor forma. Uma alimenta��o rica em alimentos naturais e reduzida em alimentos processados e ultraprocessados, al�m da pr�tica regular de atividade f�sica, poderia sim ser uma boa estrat�gia para envelhecer bem".
Por isso, ter uma alimenta��o equilibrada contribui para que o nosso envelhecer aconte�a da melhor forma. Uma alimenta��o rica em alimentos naturais e reduzida em alimentos processados e ultraprocessados, al�m da pr�tica regular de atividade f�sica, poderia sim ser uma boa estrat�gia para envelhecer bem".
* Estagi�ria sob supervis�o da editora Ellen Cristie.