
No Hospital M�rcio Cunha, administrado pela Funda��o S�o Francisco Xavier, em Ipatinga, o tratamento humanizado recebe aten��o especial e faz parte do treinamento constante dos profissionais da sa�de. “Os pesquisadores desenvolvem diversas tecnologias para prolongar a vida. Mas � preciso entender que, na frente de tudo isso, existe uma pessoa que tem ang�stias, sofrimentos e dores. � importante compreender o indiv�duo como um ser humano psicossocial em todos os seus sentimentos e emo��es", comenta a m�dica do Hospital M�rcio Cunha, Laura Fernandes Aredes Cunha.
O processo de humaniza��o tem ganhado for�a nos �ltimos tempos e as mudan�as feitas em infraestrutura e acolhimento t�m sido essenciais. Quando acordou na UTI do Hospital M�rcio Cunha, a primeira pessoa que o aposentado Jos� de Paula, 60 anos, viu foi a m�dica Laura Fernandes, que o chamou carinhosamente de Z�, apelido de uma vida toda. Ela perguntou o que ele mais queria naquele momento. "Um copo de chocolate morno", respondeu. E seu desejo foi atendido. "Essa � a lembran�a mais forte que tenho do tempo no hospital. Nunca vou esquecer o carinho e o cuidado que tiveram comigo", conta Z�.
Foram 32 dias internado, sendo mais de 10 dias na UTI. "A equipe fazia a minha barba, me dava banho todos os dias, tinha psic�logo, nutricionista, fisioterapeuta. A m�dica passava para me ver todos os dias e sempre perguntava o que eu estava precisando. Hoje, estou muito bem, gra�as a Deus e ao tratamento humano que tive", relembra Jos� de Paula.
Outro paciente grato ao tratamento recebido � o professor Jardel da Silva Abreu. Depois de sofrer um grave acidente de moto, ele passou 21 dias internado e 13 na UTI. "Percebi o qu�o � importante o trabalho daqueles profissionais da sa�de. Eles faziam de tudo para me animar. Cada evolu��o que eu tinha era comemorada por toda a equipe. Um exemplo que me marcou foi o dia que minha esposa n�o p�de me visitar e fiquei triste. A enfermeira percebeu que eu n�o estava bem e fez uma videochamada com minha mulher. Aquilo foi muito importante e me deu outro �nimo”, lembra.
UTIs fechadas e vis�o dos familiares s� atrav�s de um vidro

Antigamente, as UTIs eram totalmente fechadas e os familiares s� podiam ver os seus entes queridos atrav�s de um vidro. Para o m�dico intensivista da FSFX, Geraldo Majella, a fam�lia tamb�m � parte importante do processo de recupera��o. "Hoje, temos usado o conceito de UTIs abertas e os familiares podem acompanhar a interna��o. Muitos estudos provam que simples a��es mudam a evolu��o dos pacientes, reduzem os �ndices de del�rium e as taxas de sobrevida aumentam", explica o m�dico, que atende em UTI h� 12 anos.
Outra a��o importante de humaniza��o � a confer�ncia familiar. Ela � o momento para expor a situa��o do paciente de forma clara e objetiva. O m�dico horizontal � treinado para conversar com os familiares e tirar todas as suas d�vidas quanto � situa��o do paciente. A habilidade na comunica��o com um familiar tamb�m � uma forma de cuidado, carinho e acolhimento.
Prontu�rio afetivo
O prontu�rio � uma ferramenta de humaniza��o adotada no Hospital M�rcio Cunha desde o ano passado. Ele � um pequeno banner com informa��es do paciente que fica ao lado da cama. � uma iniciativa simples e de grande contexto humano e, por meio dele, � poss�vel conhecer um pouco mais quem � a pessoa internada. Nele constam respostas a tr�s perguntas e uma mensagem. Como voc� gosta de ser chamado? O que mais ama na vida? Qual a sua m�sica preferida? E nos diga uma mensagem. Caso o paciente esteja inconsciente, um familiar fica respons�vel por preench�-lo.
"Somos muito mais do que a doen�a. Quando sabemos mais sobre o paciente, podemos nos aproximar, interagir e proporcionar um ambiente mais humano. Tem paciente que n�o se reconhece pelo nome de batismo e se identifica mais com um apelido. Isso nos aproxima dele", explica Laura Fernandes, que � a idealizadora do prontu�rio afetivo nos hospitais da FSFX.
A m�sica, segundo a m�dica, tem outro efeito tranquilizador nas pessoas. "Tem gente que gosta de hinos de louvor, outros de sertanejo ou MPB. Durante a pandemia da COVID-19, colocamos Metallica para um paciente, pois ele estava muito inquieto. Na hora de retirar o tubo e o respirador colocamos a m�sica que ele mais gosta para deix�-lo calmo", relata.