Mulher com flor na barriga
Em meio ao crescimento da oferta de produtos para pele, duas regi�es do corpo da mulher acabaram ficando de lado: a vulva e a vagina. Foi de olho nessa lacuna do mercado que a paulistana Marina Ratton, 36, fundou a Feel, em 2020.
A venda de lubrificantes e hidratantes para a regi�o �ntima deu certo, e hoje o neg�cio cresce cerca de 20% ao m�s, impulsionado pela entrada dos produtos em grandes redes varejistas.
O novo segmento de cosm�ticos para o cuidado da regi�o �ntima vem sendo chamado de vagina care, ou v-care. Antes de entrar no setor, Marina estudou o mercado e fez uma pesquisa com 3 mil entrevistas. Ela descobriu que 70% das mulheres sentiam desconforto em algum momento da rela��o sexual, e que muitas utilizavam �leo de coco de uso culin�rio para a hidrata��o da regi�o �ntima.
Os produtos da marca foram produzidos juntamente com as clientes. Ap�s entrevistar mulheres e idealizar os cosm�ticos, eles foram enviados para que as futuras consumidoras testassem. "� um processo muito mais lento, mas por outro lado d� resultados", diz a empres�ria, que viu o primeiro lote de produtos, planejado para durar meses, sumir em tr�s semanas.
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A partir de ent�o, Marina partiu em busca de investimentos. Usando um modelo de crowdfunding (financiamento coletivo), levantou R$ 550 mil. Do total de investidores, 84% eram mulheres.
Em junho deste ano, Marina se uniu a outra empreendedora, a tamb�m paulistana Mar�lia Ponte, 28, fundadora da Lilit, que vende s� um produto, um vibrador, e conseguiu faturar R$ 1,7 milh�o em 2021.
Para a empreendedora, os vibradores s�o considerados cada vez mais gadgets de sa�de, capazes de exercitar o aparelho p�lvico e ativar a circula��o sangu�nea da regi�o.
Com design minimalista e discreto, o produto da Lilit, vendido a R$ 289, � silencioso, resistente � �gua e sua bateria dura at� uma hora e meia.
Depois da parceria firmada com Marina Ratton, a Lilit passar� a ser uma marca dentro da Feel e, juntas, as empreendedoras esperam conseguir novos investimentos e triplicar os ganhos do ano anterior.
Outra marca surgida na pandemia foi a Nua�, de S�o Paulo. Ana Luiza Faria, 40, � ginecologista obstetra e no trabalho percebeu que muitas mulheres se conectam pela primeira vez �s suas �reas �ntimas s� quando est�o se preparando para o parto normal.
Ela decidiu se unir �s empreendedoras e publicit�rias Fabiane Giralt, 42, e Juliana Antunes, 39, que tamb�m eram suas pacientes. Juntas buscaram criar um produto voltado para higiene, autocuidado e autoconhecimento.
Em fevereiro de 2020, tinham tudo pronto para o lan�amento da marca quando veio a pandemia. Mas a quarentena n�o impediu que o neg�cio desse certo. Apostando nas vendas online e no uso de aplicativos de troca de mensagens, conseguiram vender o primeiro lote de produtos.
Hoje a empresa j� est� no oitavo lote. Os carros-chefe s�o a espuma de limpeza natural para o banho de uso di�rio (R$ 65) e a �gua �ntima prebi�tica natural (R$ 57), que pode ser levada na bolsa e usada fora de casa, sem necessidade de enx�gue. Os produtos s�o � base de ingredientes naturais e �leos essenciais para promover a hidrata��o adequada da vulva.
Fundada em 2017 em S�o Paulo, a Sophie Sensual Feelings foi uma das primeiras marcas do pa�s a se voltar para o segmento do bem-estar sexual.
Chris Marcello, 55, fundadora, diz que na �poca as sex shops eram dominadas por um olhar muito masculino, que assustava as consumidoras que buscavam um produtos com finalidade cosm�tica. Ela viu a� uma oportunidade.
Desde ent�o, a empresa investe n�o s� nos produtos, mas tamb�m na discuss�o sobre intimidade e sa�de sexual feminina. Chris, que come�ou sozinha, hoje atua com o marido e o filho. A marca emprega 20 pessoas e ganhou dois novos s�cios neste ano, que aportaram R$ 1 milh�o.
Atualmente a empresa trabalha principalmente com um faturamento das vendas B2B (de empresas para empresa), mas deve iniciar uma nova fase no pr�ximo ano, voltada para o B2C (vendas diretas para o consumidor). Os principais produtos oferecidos s�o o lubrificante �ntimo (R$ 67,90), os �leos corporais calda fria (R$ 47,90) e calda quente (R$ 47,90) e o �leo bif�sico corporal (R$ 87,90).
Em comum, todas essas empreendedoras t�m duas coisas. Al�m de investirem no novo setor de v-care, tamb�m sempre questionaram a falta de participa��o das mulheres nesse mercado. "Na pandemia, ganhamos a oportunidade de entrar no segmento do autocuidado de forma mais amplificada", diz Chris.
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