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Estado de Minas REPORTAGEM Da CAPA

Di�logo � sempre a melhor solu��o para educar os filhos

Conversa com a crian�a deve partir de uma linguagem que ela compreenda. Colocar de castigo, sem explicar o motivo, diz psic�loga, pode criar constrangimento


25/09/2022 04:00 - atualizado 28/09/2022 11:46

 birra
A birra � um sinal de insatisfa��o, por isso os pais devem tentar acalmar a crian�a com um abra�o (foto: Pixabay/Pexels)


A psic�loga Talitha Nobre, do Grupo Prontobaby, refer�ncia em pediatria no Rio de Janeiro, refor�a que o castigo e a maneira como acontece podem criar uma rela��o de trauma para a crian�a, que pode n�o conseguir mais manifestar os seus sentimentos. Ela pontua ser importante, sempre, conversar e mostrar para a crian�a o que � certo ou errado. 
 
"Voc� pode usar o l�dico para mostrar o que est� errado, e o cantinho do pensamento �s vezes � a op��o. Mas � necess�rio  ter discernimento e entender se essa forma de sinalizar o que � errado vai criar algum tipo de constrangimento para a crian�a, alguma exposi��o, at� quadros de ansiedade, e isso n�o � bom", pondera.
 
 
Para a psic�loga, n�o adianta colocar de castigo e n�o explicar o porqu�, e a conversa deve ser a partir de uma linguagem que a crian�a entenda. "Acredito que o di�logo � mais eficaz do que qualquer castigo. Al�m disso, qualquer sofrimento que se tem na inf�ncia pode gerar situa��es que a crian�a vai levar para o resto da vida", pontua Talitha.
 
Luciana Sahb e Maria Luísa
Luciana Sahb prefere o di�logo na hora de lidar com a pequena Maria Lu�sa, de 6 anos (foto: arquivo pessoal)
 

FRUSTRA��ES E, muito mais grave, uma puni��o sem esclarecimento pode levar a crian�a a ser um adulto cheio de frustra��es e problemas, alerta a psic�loga. "Isso acontece quando os respons�veis n�o respeitam as fases de desenvolvimento da crian�a, que � um ser humano em forma��o. O castigo sem entendimento pode despertar uma s�rie de problemas psicoemocionais. N�o adianta voc� querer que a crian�a ande ou engatinhe se ela n�o tem m�sculos para isso. � a mesma coisa com o aspecto ps�quico. N�o adianta querer que a crian�a entenda uma situa��o se n�o est� preparada para tal", recomenda Talitha.
 
 
A enfermeira Luciana Cerqueira Alves Malveira Sahb, de 37 anos, lembra quando os pais a colocavam de castigo, no canto da disciplina, na �poca de crian�a. A sensa��o, ela relata, era de raiva, n�o entendia o que estava acontecendo, o porqu� da puni��o. N�o havia viol�ncia f�sica, mas, para ela, o castigo n�o ensinava nada. Hoje, com a filha Maria Lu�sa, de 6 anos, ela faz diferente. Nunca colocou a pequena de castigo – escolhe o di�logo.
 
Luciana se lembra dos desafios que vivenciou com a menina, na fase dos 2 anos, quando acontecem geralmente as atitudes de enfrentamento, de bater, por exemplo. Nesses momentos, ela diz que sempre procurou ensin�-la sobre empatia, evitando que pudesse levar para a vida adulta uma no��o de que bater � algo aceit�vel.
 
"N�o gosto dessa ideia do castigo. Prefiro conversar e mostrar o caminho, indicar como pode mudar aquele comportamento. A corre��o com o castigo pode acabar gerando mais ang�stia para ela. Busco a dire��o da corre��o respeitosa, com amor. O amor n�o precisa ser violento. Escolho a compreens�o, o ensinamento."
 
Para a psic�loga e especialista em intelig�ncia parental Nanda Perim, quando a crian�a se comporta de uma maneira n�o desejada, se recusa a cumprir um combinado, � preciso entender o que est� acontecendo. Na educa��o tradicional, a tend�ncia � considerar que a crian�a est� se negando a cooperar porque n�o quer mesmo, est� deliberadamente  querendo teimar, enfrentar ou testar os pais.
 
"Mas em grande parte das vezes, essa crian�a n�o est� bem. N�o est� em um dia bom, n�o dormiu bem, tem alguma necessidade n�o atendida, est� se sentindo inadequada, triste, rejeitada ou muito cobrada. Castigos e puni��es acabam piorando isso. Apenas alimentam o que estava levando a crian�a a n�o cooperar", recomenda Nanda Perim. 

ACOLHER Por outro lado, quando de fato a inten��o � entender essa crian�a, com atitudes de acolhimento, aceita��o, transmitindo seguran�a para a rela��o entre pais e filhos, essa crian�a vai cada vez mais ter a liberdade de aprender e expressar o que est� acontecendo, diz a especialista.
Nanda Perim lembra que, quando surgiu, a ideia do cantinho do pensamento foi uma revolu��o, e hoje seus defensores s�o pessoas que provavelmente utilizaram o m�todo com seus filhos, j� que esse era um direcionamento � �poca. Por experi�ncia pr�pria, a psic�loga diz que apanhou dos pais, teve castigos horrorosos, em suas palavras. "Agora estou descobrindo uma forma mais respeitosa de lidar com meu filho", conta.
 
Para Nanda Perim, a educa��o punitiva � algo que mina a autoconfian�a da crian�a, a autocr�tica, a opini�o pr�pria e, principalmente, o autovalor. Quem convive com adultos que castigam, isolam, machucam, provavelmente se torna uma pessoa que relaciona o amor com puni��o e dor. "Na outra ponta, quando se promove o aprendizado de habilidades, de comunica��o, de conhecimento, essa crian�a vai buscar, por toda a sua vida, ter bons relacionamentos, ter uma vida emocionalmente mais saud�vel", conclui.
 

Na hora da birra...


Veja o que a psic�loga Talitha Nobre, do Grupo Pronto baby, ensina sobre os momentos das manhas


» A birra � a manifesta��o de uma insatisfa��o. Esse desconforto precisa de alguma forma ser expressado e, como a crian�a ainda n�o est� inserida no campo da fala e n�o tem repert�rio ps�quico de vida, ela vai fazer birra.

» Primeiro, os pais t�m que deixar a crian�a se acalmar, abra�ar a crian�a. Essa manifesta��o � uma ang�stia, a crian�a est� experimentando uma crise de ang�stia.

» Na hora da birra, deixe a crian�a chorar e tente acalm�-la sempre, com contato f�sico, o  abra�o. Se for em um lugar p�blico, tente lev�-la para um espa�o mais reservado. � importante dizer que voc� est� ali do lado e vai ficar tudo bem. Quanto mais voc� tentar inibir, mais agitada ela vai ficar e maior vai ser a birra.

» N�o � ideal atender ao pedido da crian�a e tamb�m n�o � ideal bater. Com o tempo ela vai perceber que, mesmo fazendo birra, n�o vai ter o que quer.

» A birra � natural, principalmente, nos primeiros tr�s anos de vida, porque � a �nica forma que a crian�a conhece de manifestar uma insatisfa��o. At� descobrir outras formas, falando, por exemplo, vai fazer birra.

» A crian�a n�o sabe lidar com as emo��es. N�o tem dom�nio das fun��es ps�quicas, neurol�gicas e f�sicas, ent�o a birra � uma forma de colocar isso para fora. A crian�a pode, inclusive, ter sintomas psicossom�ticos por n�o externar suas emo��es. � importante que ela possa manifestar isso de alguma forma, que seja na birra.

» Essas manifesta��es s�o comuns e fazem parte do desenvolvimento da crian�a. Quando isso n�o passa � importante buscar um profissional, porque ela pode estar desenvolvendo um quadro ps�quico.

» Para acalm�-la em rela��o ao choro, n�o h� um manual de instru��es e cada filho demanda um acalanto �nico – podem ser palavras, abra�os e at� mesmo tentar desviar a aten��o do pequeno para algo que lhe agrade.

» Depois do pico da crise, � importante que os pais continuem pr�ximos dos filhos para respald�-los. Ap�s o processo estressante, que pode ser um epis�dio de ansiedade, � importante partir para o di�logo, explicando que os pais entendem os sentimentos da crian�a e, mais do que isso, que essas sensa��es s�o v�lidas.

» A repeti��o dos epis�dios tamb�m pede acompanhamento psicol�gico. Com ajuda profissional, os respons�veis tendem a aprender os melhores recursos para intervir de forma positiva durante a crise de ansiedade da crian�a, e ela passa a ter um ambiente seguro para aprender a lidar com o turbilh�o de emo��es que est� sentindo. 


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