(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas COMPORTAMENTO

Maioria dos jovens n�o conversa com os pais sobre sexo, diz Datafolha

O levantamento tamb�m mostrou que as mulheres t�m mais disposi��o do que os homens para falar sobre todos os assuntos questionados


17/10/2022 15:14 - atualizado 17/10/2022 15:58

Pai e filho
Especialistas dizem que adolescentes buscam independ�ncia em rela��o aos pais e, por isso, � normal que evitem falar sobre alguns assuntos (foto: pixabay.com_CC0 Creative Commons)


RIBEIR�O PRETO, SP (FOLHAPRESS) - Menos da metade dos jovens brasileiros conversam com os pais sobre assuntos considerados tabus. Aqueles que falam com os pais sobre consumo de drogas s�o 47%, enquanto os que falam sobre problemas com seus namorados 45%. Se o assunto � a vida sexual, o n�mero cai para 40%, revela pesquisa do Datafolha.

Temas considerados menos delicados, como o desempenho escolar, � tema de di�logo para 67% deles, e o consumo de bebidas alco�licas, 57%.


O levantamento tamb�m mostrou que as mulheres t�m mais disposi��o do que os homens para falar sobre todos os assuntos questionados.


A maior discrep�ncia � em rela��o aos problemas de relacionamento, em que 51% delas declaram conversar com os pais contra 39% deles, seguido por consumo de drogas, com 50% das mulheres e 39% dos homens, e vida sexual, com 43% contra 37%.


Para essa pesquisa, o Datafolha ouviu mil jovens de 15 a 29 anos, de 12 capitais brasileiras, entre os dias 20 e 21 de julho deste ano. A margem de erro � de tr�s pontos percentuais para mais ou para menos.


Especialistas dizem que adolescentes buscam independ�ncia em rela��o aos pais e, por isso, � normal que evitem falar sobre alguns assuntos. A diferen�a geracional e a facilidade dos jovens em buscar informa��es por outros meios como a internet podem acentuar a dificuldade em estabelecer di�logo.


Para Manuela Moura, psic�loga na UFBA (Universidade Federal da Bahia) e especialista em terapia de casal e fam�lia, a abertura para conversar sobre esses assuntos deve partir dos pais, mesmo que pensem diferente dos filhos. Para isso, � necess�rio que os tabus sejam deixados de lado - o sexo, as drogas e os relacionamentos fazem parte da vida e, por isso, precisam ser discutidos.


"Para ouvir o que seu filho ou sua filha tem a dizer, voc� n�o precisa concordar. Eles v�o dizer coisas que s�o diferentes, voc� vai dizer que discorda, mas que isso seja feito de um jeito que n�o seja pela via da viol�ncia, dos xingamentos e da desqualifica��o", afirma.


� o caso da estudante de arquitetura Rafaela Azevedo Neves, 21, moradora de S�o Bernardo do Campo, na Grande S�o Paulo. Rafaela diz que ela e a irm� sempre tiveram abertura para conversarem sobre tudo com os pais, mesmo assuntos considerados pol�micos. O acolhimento que sentem desde a inf�ncia foi determinante para estabelecer esta confian�a, afirma.


O projetista Fl�vio Jos� Neves, 53, pai das meninas, afirma que esta era uma preocupa��o da fam�lia. Ele e a m�e, a vendedora Luciana Azevedo Neves, 51, temiam que, caso se isentassem de conversar sobre temas dif�ceis dentro de casa, elas se informariam sobre eles por meio dos amigos ou pela internet.


"Se a gente criar esses tabus aqui dentro, vai vir de fora. Vindo de fora, a gente n�o sabe como vai chegar", diz Luciana.

Para a psic�loga da UFBA, esse tipo de din�mica familiar faz com que o jovem entenda que pode contar com a fam�lia, mesmo que pensem diferente. Por outro lado, quando os pais adotam posturas muito cr�ticas e combativas, isso pode se transformar em afastamento e falta de confian�a.


Hostil � a palavra que Evelyn Xavier, 22, usa para descrever a rea��o da sua m�e quando soube que a filha fez sexo pela primeira vez.

Moradora de S�o Paulo, a estudante sempre morou apenas com a m�e, de quem era muito pr�xima. Aos 15 anos, quando mudou de escola para cursar o ensino m�dio, a rela��o entre elas come�ou a mudar.


O contato com pessoas diferentes fez com que a ent�o adolescente se aproximasse de ideias mais progressistas e se envolvesse com pautas sociais, como o feminismo. Sua m�e, por�m, n�o aprovou a mudan�a. Quando a estudante deixou de acompanh�-la em cultos evang�licos, esse afastamento se intensificou.


Embora Evelyn n�o culpe a m�e pela forma como reagiu em rela��o �s mudan�as da filha, a jovem afirma que teria tido menos dificuldade se tivesse conversado sobre as novas experi�ncias dentro de casa.


"Todo mundo sabe que se voc� vai come�ar a transar precisa usar camisinha. Eu sabia que precisava usar, mas n�o sabia como colocar, por exemplo. Muita coisa eu s� aprendi depois que comecei a fazer. Isso eu acho que poderia ter sido melhor trabalhado se tivesse acontecido uma conversa anterior", diz.


Para a psic�loga Talita Fabiano de Carvalho, presidente do Conselho Regional de Psicologia de S�o Paulo, devido a falta de suporte e o despreparo de alguns pais, a escola deve estar capacitada para assumir esse papel, al�m de criar um ambiente em que assuntos sejam discutidos e ensinados sem tabus.


Para as especialistas ouvidas, a autonomia do jovem � importante para o amadurecimento, mas a liberdade para conversar abertamente com os pais sobre qualquer assunto � fundamental para a constru��o da maturidade e da confian�a emocional.


O principal passo para estabelecer essa confian�a � a alteridade -� preciso entender que o jovem pode pensar de maneira diferente e que isso precisa ser respeitado.

 

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)