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Estado de Minas TECNOLOGIA

Pr�tese desenvolvida por brasileiros traz de volta sensa��o t�til

A solu��o tamb�m poder� ser usada por pessoas que tenham a sensibilidade do bra�o comprometida


07/11/2022 11:56

Alice Groth - Correio Braziliense*

Prótese
(foto: Arquivo Pessoal)

O tato est� muito ligado � forma como sentimos o mundo. Trazer de volta a percep��o t�til, especificamente em bra�os, para usu�rios de pr�teses ou pessoas com pouca ou nenhuma sensibilidade � proporcionar o reencontro com um dos sentidos humanos mais importantes. Isso � o que buscam formandos em engenharia no Instituto Mau� de Tecnologia, em S�o Paulo, ao criarem um equipamento que promove sensa��o t�til an�loga � natural em pe�as artificiais de membros superiores.

O projeto, inspirado no conceito de BioSkin - material que reproduz funcionalidades da pele -, � composto por tr�s partes: luva sensorizada, microcontrolador e estimuladores t�teis. A luva, feita de tecido com alta resist�ncia e elasticidade, cont�m sensores desenvolvidos para serem colocados na palma da m�o do usu�rio. Esses dispositivos v�o medir a for�a que o membro executa para tocar ou pegar objetos, como um copo. A partir dos sinais dos sensores, dados s�o gerados, coletados e enviados a um microcontrolador, que faz o tratamento das informa��es.

Em seguida, s�o enviados comandos para os motores estimuladores t�teis, posicionados de forma estrat�gica na parte n�o amputada do bra�o - portanto, com sensibilidade inalterada -, proporcionando � pr�tese o sentido an�logo ao do tato. "Os motores estimuladores far�o uma vibra��o proporcional � for�a que est� sendo aplicada pelo usu�rio. O acess�rio pode ser utilizado tanto por pessoas que sofreram amputa��o quanto por aquelas que, por algum outro motivo, perderam parte ou toda a mobilidade desses membros", explica Gabriel Corso, um dos criadores do projeto e formando do curso de engenharia de controle e automa��o do instituto.

O aparelho foi apresentado neste m�s, na 29ª edi��o da Eureka, exposi��o anual de solu��es inovadoras organizada pelo instituto. A equipe exibiu o terceiro e mais recente prot�tipo, com uma luva vest�vel mais confort�vel e motores melhor organizados. Essa vers�o aprimorada tem um sensor para cada dedo e dois para a palma das m�os, o que resultou em ganhos de precis�o.

O trabalho encontra-se em est�gio de desenvolvimento e, por isso, o circuito � alimentado por uma bateria port�til semelhante � de celulares. Por�m, os futuros engenheiros pretendem reduzir o equipamento como um todo e, por consequ�ncia, o tamanho da fonte de energia. Assim, a solu��o se tornar� menos volumosa e pesada e mais confort�vel e segura, apostam.

Alta complexidade


Diferentemente do que o mercado oferecia h� aproximadamente 20 anos, com pr�teses mec�nicas que funcionavam com sistema de alavancas, nos �ltimos tempos, a tecnologia dessas pe�as artificiais para membros superiores tem evolu�do muito. Segundo Samuel Ribak, presidente do comit� de Cirurgia da M�o da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, a complexidade no desenvolvimento desses materiais � muito grande.

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Isso porque eles precisam atender tanto a parte motora, de preens�o de objetos, quanto a sensitiva, reproduzindo as termina��es nervosas que v�o proporcionar as sensa��es. "At� o momento, o que evoluiu bastante nas pr�teses foi a parte motora, ao contr�rio da sensibilidade. Ent�o, a pessoa consegue fazer o movimento, mas n�o sente a execu��o", explica.

Segundo o ortopedista, a sensibilidade � dividida em quatro tipos: a superficial, que engloba a dor em partes menos profundas do corpo, o tato e a sensibilidade t�rmica; a proprioceptiva, que fornece informa��es cin�tico-posturais das diferentes partes do corpo; a profunda, da qual fazem parte a sensibilidade vibrat�ria, a sensibilidade � press�o e a dor mais interna; e a cortical, que depende da integridade do c�rtex cerebral sensitivo para reconhecer diferentes objetos pela palpa��o. "O que precisa ser desenvolvido nesse projeto do acess�rio t�til � a defini��o de qual sensa��o ele conseguir� proporcionar. Mas tendo qualquer sensibilidade j� � muito importante", avalia Ribak. "Por exemplo, se eu segurar uma l�mpada e n�o tiver no��o de for�a, posso esmag�-la. Quando a sinto, sei at� onde posso apertar antes que se quebre na minha m�o."

De acordo com Alexandre Lasthaus, engenheiro eletr�nico e professor do curso de engenharia mecatr�nica da Universidade Presbiteriana Mackenzie de S�o Paulo, para promover a sensa��o t�til em pr�teses de m�o, seria necess�rio entender como a inclus�o desse elemento aumentaria a performance, a efici�ncia, a usabilidade e tamb�m o sentimento do usu�rio com esses est�mulos. "Pelo que foi apresentado pelos pesquisadores, ser�o usadas �reas do bra�o para aplicar os est�mulos. Ent�o, a pessoa vai receber sensa��es vindas de outras partes do corpo quando manipular objetos com a pr�tese. Penso que seria necess�rio entender como isso agrada e se h� interfer�ncia na usabilidade da pr�tese", analisa.

Colabora��es

Por se tratar de um trabalho de conclus�o de curso, o tempo h�bil n�o permitiu que o grupo, composto tamb�m pelos formandos Camila Yamada, Daniel Sato e Pedro Ogawa, fizesse testes fora do ambiente acad�mico. Mesmo assim, os alunos pretendem trabalhar ao m�ximo na evolu��o do acess�rio. "Sabemos que tem um mercado espec�fico para isso, e temos interesse em agregar tamb�m. Tanto que nosso trabalho ficar� dispon�vel na faculdade para outros estudantes que tiverem interesse em colaborar nessa �rea e dar sequ�ncia ao projeto", afirma Corso.

A partir do retorno positivo que obtiveram, os pesquisadores pretendem contatar pessoas interessadas em colaborar com o aprimoramento do acess�rio. Eles acreditam que ser� poss�vel trabalhar em conjunto com empresas que fabricam pr�teses para trazer esse recurso adicional aos equipamentos. Como o acess�rio � vest�vel, poderia ser inserido junto a uma pe�a que o usu�rio j� tenha, sem que precise comprar outra.

"Tamb�m � importante destacar que n�s desenvolvemos o projeto para funcionar em qualquer tipo de pr�tese e para que tenha princ�pio ambidestro. A vers�o que apresentamos na Eureka tem uma costura que se adapta tanto para uma pessoa canhota ou destra usar", completa Gabriel Corso.

*Estagi�ria sob a supervis�o de Carmen Souza


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