(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas MAMOGRAFIAS

Por que m�dicos temem alta em casos graves de c�ncer de mama p�s-pandemia?

Ap�s queda dr�stica durante a crise do coronav�rus, n�mero de exames n�o recupera volume anterior. Sa�de prev� aumento nos diagn�sticos tardios


13/11/2022 04:00 - atualizado 13/11/2022 16:29
683

Campanhas como a do Outubro Rosa
Apesar de campanhas como a do Outubro Rosa, realiza��o de exames de detec��o est� aqu�m do ideal mesmo ap�s a pandemia, per�odo em que oferta caiu e a procura das mulheres tamb�m (foto: Freepik/Divulga��o - 21/10/22)

 

Passado o Outubro Rosa, m�s que j� se tornou tradicional pelas campanhas de conscientiza��o para preven��o do c�ncer de mama, dados que v�m dos consult�rios e dos servi�os de preven��o acendem um sinal amarelo para as mulheres. Depois de uma queda expressiva durante a pandemia, a realiza��o de mamografias at� registrou ligeira recupera��o, mas � menor que o total anterior � crise sanit�ria.

A redu��o no rastreamento de novos tumores se reflete na agilidade nos diagn�sticos e acaba fazendo com que a doen�a, quando detectada, j� esteja em fase mais avan�ada, com repercuss�o nos tratamentos e nas chances de cura, como alertou recentemente em entrevista ao Estado de Minas o vice-governador eleito Mateus Sim�es (Novo), ao fazer um apelo para que as pacientes procurem os servi�os de diagn�stico.

 

 

Em Minas Gerais, segundo os �ltimos dados disponibilizados pela Sa�de, foram feitas 271.322 mamografias de janeiro a agosto deste ano. Mantida a m�dia de 33.915 exames ao m�s verificada at� ent�o, o estado fecharia o ano com 406.980 exames, proje��o que indica queda de quase 20% em rela��o ao total realizado em 2018 e mais de 10% em rela��o a 2019, quando o volume de testes diagn�sticos j� havia come�ado a declinar.

 

Em 2019, o estado realizou 458.886 mamografias, uma queda de 7,5% na compara��o com o ano anterior, que teve 496.076 registros. Esse recuo j� tinha sido observado pela Sociedade Brasileira de Mastologia, que alertou para a redu��o ainda maior durante a pandemia. Na �poca, a comunidade m�dica j� demonstrava preocupa��o com a possibilidade que se confirmaria nos dois anos seguintes.

 

Em 2020, os totais ca�ram radicalmente, com 270.688 exames realizados. Houve uma recupera��o discreta em 2021, com 357.785 registros, com nova alta projetada para este ano, mas em quantidade insuficiente para se aproximar dos n�veis pr�-pandemia.

 

De acordo com a presidente da regional mineira da Sociedade Brasileira de Mastologia, Annamaria Massahud, a redu��o do n�mero de exames tem impacto sobre a quantidade de diagn�sticos iniciais, que s�o determinantes para as chances de cura. “Agora, vemos que h� muitas mulheres com diagn�sticos avan�ados. Ao longo dos anos anteriores, cerca de 40% dos resultados j� eram do est�gio 3 ou 4 da doen�a.”

 

Ainda n�o � poss�vel, de acordo com especialistas, fazer uma proje��o sobre o crescimento desse tipo de c�ncer, mas os m�dicos j� observam que essa � uma probabilidade, conforme afirma a coordenadora do Servi�o de Mastologia do Hospital da Baleia, Claudia Marcia e Silva. “Em um futuro n�o t�o distante isso deve acontecer. Muitas pacientes podem iniciar o tratamento com medica��o, mas n�o v�o se candidatar � cirurgia, porque j� perderam o tempo cir�rgico. A doen�a se torna inalter�vel e n�o justifica operar”, explica.

 

Segundo a mastologista, desde o in�cio de 2021, quando puderam ser retomados os atendimentos, m�dicos perceberam que muitas mulheres j� eram diagnosticadas em fase avan�ada da doen�a. “Diagn�sticos mais sombrios, tratamentos mais agressivos e diminui��o da chance de cura. Nesses casos, a doen�a passa a ser cr�nica. Ent�o, elas v�o estar sempre sob tratamento oncol�gico”, constata.

 

DOENTES MAIS JOVENS Al�m desse risco, Annamaria Massahud observa que a faixa et�ria dos diagn�sticos positivos est� diminuindo. “Pacientes abaixo de 35 anos representavam menos de 2% de chance (de ter a doen�a). No per�odo da pandemia, ess percentual passou para 5%. Muito provavelmente, podemos estar tendo um aumento da incid�ncia de c�ncer de mama em mulheres mais jovens”, adverte.

 

A Sociedade Brasileira de Mastologia sugere que as mamografias obrigat�rias comecem aos 40 anos, considerando que o Brasil tem um perfil de popula��o mais jovem do que os pa�ses de Primeiro Mundo, refer�ncia para pesquisas cient�ficas. “Os estudos s�o feitos em pacientes de Primeiro Mundo, isso faz com que os nossos acompanhamentos sigam a partir desses trabalhos. Mas, como a nossa popula��o � diferente, pode ser que deixemos de fazer diagn�sticos devido �s diretrizes de rastreamento do c�ncer de mama”, afirma a presidente da regional de Minas.

 

Avaliação de mamografia
Avalia��o de mamografia: especialistas temem diagn�sticos mais tardios que exigir�o tratamentos cr�nicos e mais agressivos, al�m da redu��o da chance de cura (foto: Andr� Kaze/Divulga��o)
 

BH reflete tend�ncia do estado

 

Os n�meros de mamografias feitas em Belo Horizonte acompanham a queda observada no estado. Segundo a coordenadora da Aten��o Integral � Sa�de da Mulher e Perinatal, Cristiane Veiga, mesmo que n�o houvesse contingenciamento dos exames durante os dois anos de pandemia, as pr�prias mulheres deixaram de procurar os servi�os de sa�de por medo do coronav�rus.

 

Em 2018, foram realizadas na capital cerca de 84 mil mamografias. J� em 2019, diferentemente do estado, Belo Horizonte registrou aumento no n�mero de exames, com 91 mil procedimentos feitos. Por�m, em 2020, a queda dr�stica tamb�m ocorreu em BH, com apenas 50 mil exames. Em 2021, foram 65 mil ao todo.

 

At� setembro deste ano, a cidade registrou 41 mil mamografias feitas. “A expectativa � que fechemos o ano com algo entre 60 mil a 65 mil exames na cidade. N�mero bem mais pr�ximo do total pr�-pandemia”, diz a coordenadora. No entanto, a capital registrou nos nove primeiros meses do ano m�dia de 4.555 exames, o que projeta um total na casa dos 55 mil, se mantido o ritmo. Embora a quantidade ainda n�o seja ideal, o n�mero de diagn�sticos positivos est� dentro do esperado na cidade. De janeiro a setembro, foram 453 casos.

 

Para garantir que as moradoras de BH fa�am o exame regularmente a partir da idade recomendada, Cristiane Veiga afirma que uma estrat�gia da prefeitura � a busca ativa de pacientes para o exame ginecol�gico completo. “Os n�meros est�o mostrando recupera��o. Temos feito campanhas de conscientiza��o, al�m da busca ativa das mulheres que n�o fizeram acompanhamento em 2020 e 2021”, explica.

 

Outra a��o � a auditoria nos servi�os de sa�de da cidade, que envolve toda a cadeia de tratamento: centros de sa�de, aten��o secund�ria (mastologistas) e unidades terci�rias (hospitais conveniados que j� fazem o tratamento, cirurgias, quimioterapia e radioterapia). 

Sintomas, causas e fatores de risco

c�ncer de mama ï¿½ respons�vel pela mais frequente causa de morte por c�ncer no sexo feminino. Os principais sinais e sintomas da doen�a s�o caro�o (n�dulo), geralmente endurecido, fixo e que n�o causa dor, na mama; pele do seio avermelhada ou parecida com casca de laranja; altera��es no bico do peito (mamilo); sa�da espont�nea de l�quido de um dos mamilos e pequenos n�dulos no pesco�o ou nas axilas.

 

Segundo a Secretaria de Estado da Sa�de, n�o existe uma causa �nica para o c�ncer de mama, mas sim fatores que podem aumentar o risco da doen�a, como idade acima de 50 anos, primeira menstrua��o antes dos 12 anos e menopausa ap�s 55 anos, al�m de consumo de �lcool e fumo. Para o tratamento, o Sistema �nico de Sa�de (SUS) oferece todos os tipos de cirurgias, entre mastectomias, cirurgias conservadoras, reconstru��o mam�ria, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e tratamento com anticorpos.

 

O tratamento � feito por meio de uma das modalidades ou v�rias delas combinadas. O profissional de sa�de escolhe a interven��o mais adequada de acordo com a localiza��o, o tipo do c�ncer e a extens�o da doen�a. A porta de entrada para a realiza��o dos exames s�o as unidades B�sicas de sa�de, nas quais s�o agendadas consultas, exames e mamografias de rastreamento.

 

As chances de cura s�o de 95% quando a doen�a � descoberta nos est�gios 0 e 1. Esses casos, geralmente, s�o identificados nas mamografias de rastreamento, feitas em mulheres a partir dos 50 anos. Para as mais novas, o exame s� � feito em caso de indica��o cl�nica, no caso de sintomas, ou por hist�rico familiar de c�ncer de mama.

 

A coordenadora do Servi�o de Mastologia do Hospital da Baleia, Claudia Marcia e Silva, explica que o c�ncer de mama n�o � uma doen�a simples e tem v�rias assinaturas gen�ticas. “A doen�a, tendo se tornado sist�mica, j� dizemos que n�o tem cura. Mas a chance de vida pode ser longa, a depender da assinatura gen�tica do tumor”, explica ela. A m�dica faz ainda um apelo: “Mesmo em est�gio avan�ado, conseguimos oferecer muitos tratamentos para que o paciente tenha qualidade de vida. Os hospitais t�m toda a assist�ncia. N�o deixem de procurar o servi�o de sa�de, pois mesmo aquelas que n�o t�m mais chance de cura podem conseguir estacionar a doen�a e ter uma qualidade de vida boa e longa.” 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)