
O resultado, obtido durante a produ��o da s�rie documental "Limitless", da Disney+, indica que o ator tem uma condi��o rara, com dois genes da apolipoprote�na E do subtipo APOE4 (um alelo recebido do pai e outro da m�e).
No entanto, o resultado, dado por um simples exame de sangue ou saliva, n�o � um veredito, apenas um indicador de risco aumentado de ter a doen�a.
Especialistas ouvidos pela Folha de S.Paulo afirmam que esse tipo de teste gera mais ansiedade que benef�cios, uma vez que o melhor tratamento para as doen�as degenerativas da mem�ria e da cogni��o ainda � a constru��o de um estilo de vida mais saud�vel.O exame n�o � para diagn�stico precoce, � para determinar risco, e risco � chance. Tem que melhorar muito ainda para que consiga ter probabilidade maior, para ser clinicamente relevante", afirma F�bio Porto, neurologista e diretor cient�fico da Associa��o Brasileira de Alzheimer (Abraz) de S�o Paulo.
O APOE4, diz Porto, n�o � um gene determinista, como os chamados "genes mendelianos", aqueles que marcam caracter�sticas como a cor dos olhos. A recomenda��o cl�nica, portanto, � s� fazer o exame se houver sintomas da doen�a ou ap�s uma rigorosa consulta m�dica de aconselhamento gen�tico, para que a pessoa entenda de fato os conceitos do que vai encontrar.
A grande expectativa da ci�ncia hoje est� na epigen�tica, que explora quanto os h�bitos de vida e exposi��es ambientais modificam, anulam ou melhoram a express�o de genes n�o deterministas. "Metade das pessoas que t�m o gene de risco n�o vai ter a doen�a, e metade das que t�m o Alzheimer n�o tem o gene de risco", ressalta o m�dico.
O Alzheimer come�a d�cadas antes dos primeiros sintomas quando uma prote�na chamada amiloide passa a formar placas no c�rebro. Envelhecimento e fatores ambientais atuam junto com a gen�tica para a velocidade desse ac�mulo. Alguns estudos t�m testado rem�dios capazes de retirar essa prote�na antes de o Alzheimer se manifestar, mas um tratamento em fase assintom�tica ainda deve levar anos de pesquisa.
"O dia que esses rem�dios estiverem aprovados, talvez seja mais importante saber seu risco [com o teste gen�tico], para tirar a prote�na normal enquanto ainda est� assintom�tico, mas � uma coisa ainda n�o dispon�vel", diz Porto.
Fabiano Moulin de Moraes, m�dico do departamento de neurologia da Unifesp (Universidade Federal de S�o Paulo), � especialista em neurologia da cogni��o e do comportamento e concorda com o colega.
"No consult�rio, recomendo que, em vez de gastar com o teste, use o dinheiro para aquilo que a gente sabe que previne e pode tratar a doen�a em fases iniciais e moderadas, que � atividade f�sica, cognitiva, social, cuidado sa�de vascular, hipertens�o, diabetes, cuidado com sono, tanto ins�nia quanto apneia", indica Moraes.
O APOE tem tr�s variantes, sendo o tipo 2 protetor, o 3 comum e o 4 o mais relacionado � presen�a do Alzheimer. Moraes afirma que saber o perfil APOE hoje, na pr�tica, n�o agrega nada em termos de tratamento ou preven��o.
Ter o alelo APOE4 duplo (menos de 3% da popula��o) aumenta em at� 16 vezes o risco de desenvolver Alzheimer e, no caso de desenvolver a doen�a, ela pode evoluir mais r�pido e ter menor resposta �s medica��es existentes, tornando o quadro mais grave. Ainda assim, uma vida saud�vel pode influenciar de modo significativo esse futuro e -Hemsworth sabe disso.
Na s�rie "Limitless", o ator testa justamente os limites do corpo para ter mais sa�de e longevidade. A decis�o de dar um tempo no trabalho foi tomada para poder se concentrar em h�bitos que possam reduzir a express�o dos genes que ele carrega -o que ele chamou em entrevista � revista Vanity Fair de "passos preventivos", cujos "benef�cios afetam o resto de toda sua vida".
O ator contou � publica��o que o exame confirmou o seu maior medo, uma vez que o av� dele teve a doen�a, e disse que a descoberta mexeu com algo dentro dele. Em fun��o disso, ele quer passar mais tempo com a fam�lia -a atriz Elsa Pataky, com quem � casado, e os tr�s filhos.
Vale lembrar que envelhecimento � de fato o principal causador da doen�a na maioria da popula��o e que evitar o tabagismo, cuidar de fatores cardiovasculares, obesidade, sedentarismo e aprender coisas novas, como um segunda l�ngua, s�o o que de fato a ci�ncia recomenda para para reduzir os riscos do Alzheimer.