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Estado de Minas ALOPECIA

Cabeleireira mineira com alopecia fica careca: 'Perdi os fios e clientes'

Yasmin Torquado Ribeiro tem alopecia areata, uma condi��o rara que se caracteriza pela perda de cabelo em �reas arredondadas ou ovais do couro cabeludo


23/11/2022 07:46 - atualizado 23/11/2022 12:16

Yasmin Torquado Ribeiro sem cabelo
Muitas clientes pararam de frequentar o sal�o que Yasmin tem e at� mesmo familiares se afastaram ap�s o diagn�stico da condi��o rara (foto: Arquivo pessoal)

O amor pelos cabelos e a vaidade fizeram Yasmin Torquado Ribeiro escolher ser cabeleireira ainda na adolesc�ncia. Mas, por ironia do destino, em 2017, quando ela tinha 23 anos e j� trabalhava h� quase cinco cuidando do cabelo de dezenas de mulheres de Juiz de Fora (MG) ela come�ou a perder as suas madeixas. Seis meses mais tarde veio o diagn�stico: ela possu�a alopecia areata.


A alopecia areata � uma condi��o rara que se caracteriza pela perda de cabelo em �reas arredondadas ou ovais do couro cabeludo. Ela acomete homens e mulheres, independentemente da idade, e atinge de 1% a 2% da popula��o.

 

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"Eu tinha um cabelo grande, bem cuidado e em bastante volume, jamais imaginei que um dia eu pudesse ter algum problema relacionado a eles. At� receber o diagn�stico corretamente, passa mil coisas na nossa cabe�a, eu achava que tinha alguma doen�a rara que os m�dicos n�o conseguiam descobrir e at� mesmo que eu pudesse morrer", recorda.


Desde que recebeu o diagn�stico de alopecia areata, Yasmin, hoje com 28 anos, passou por diversos m�dicos e especialistas. Todos os profissionais diziam que, apesar dos tratamentos e medica��es, n�o dava para garantir que o problema seria resolvido e a queda diminuiria. Alguns chegavam a dar esperan�a, mas outros eram categ�ricos em dizer que os tratamentos n�o fariam efeito e ela perderia grande parte dos seus fios.


 "No come�o, a falta de fios atingia uma parte do meu coro cabeludo, formando um buraco do tamanho de um copo. Com o tempo ele foi aumento e a cada semana meu cabelo caia mais. Mesmo fazendo acompanhamento psiqui�trico e psicol�gico, entrei em depress�o, principalmente por trabalhar na �rea da beleza e saber o que o cabelo representa. Aquela situa��o me assustou demais", conta a cabeleireira.


Al�m dos olhares atravessados, a queda dos fios e a falta deles em algumas �reas do couro cabeludo tamb�m afetou os neg�cios da cabeleireira. Muitas clientes pararam de frequentar o sal�o que ela tem e at� mesmo familiares se afastaram ap�s o diagn�stico da condi��o rara.


"Receber o diagn�stico t�o nova foi um baque muito grande. Minhas clientes foram se afastando, algumas achavam que era uma doen�a contagiosa, outras pensavam que eu pudesse ter usado produtos de m� qualidade que causou a queda dos meus cabelos. Por mais que eu explicasse que n�o era nada disso, nada adiantou e minha situa��o financeira ficou bastante complicada", recorda a cabeleireira.

"N�o tive apoio, apenas duas pessoas ficaram ao meu lado desde o diagn�stico at� quando eu decidi raspar meu cabelo", acrescenta Yasmin.


Yasmin quando o cabelo começou a cair
Yasmin em foto de quando o cabelo come�ou a cair (foto: Arquivo pessoal)

Raspar os fios e assumir o visual careca

Sem tratamento que fizesse seus fios nascerem e crescerem novamente nos pontos de falha, Yasmin decidiu h� dois anos raspar totalmente os cabelos, conviver com o visual careca e encarar o preconceito e olhares tortos das pessoas.

"Determinei que se at� o dia 31 de dezembro [de 2020] os tratamentos n�o fizessem efeito eu iria raspar meu cabelo. A data j� � um marco por determinar uma passagem para o novo ano e eu determinei que era a data que eu tomaria as r�deas da minha vida, porque at� ent�o a doen�a estava tomando conta de mim. Ali seria o prazo m�ximo do meu sofrimento", conta Yasmin.

Desde ent�o, Yasmin raspa seus fios e mant�m um visual careca. Hoje, ela afirma que convive melhor com a sua condi��o e v� a rea��o das pessoas como falta de conhecimento sobre a alopecia e sua condi��o autoimune, que pode atingir qualquer pessoa independentemente dos cuidados que ela tem com os cabelos.

"�s vezes na rua uma pessoa me via com a cabe�a raspada e perguntava o que eu fiz com o meu cabelo e aquilo me do�a muito, porque n�o era o que eu fiz, mas o que aconteceu para eu perder o meu cabelo. Eu voltava para casa arrasada. Hoje sou muito bem resolvida quanto a isso. Eu n�o fico mais observando as pessoas ao meu redor e n�o olho quem est� me olhando. Eu estar bem comigo, evita que as pessoas fa�am coment�rios maldosos, que me julguem pelo meu cabelo e apar�ncia, ou me fa�am perguntas desconfort�veis", conta.

Laces d�o novo visual

Mesmo aceitando sua falta de cabelos e assumindo o visual careca, Yasmin afirma que possui quatro laces, as populares perucas, e as utiliza como acess�rio sempre que quer mudar o visual.

"Aproveito para ter v�rios visuais diferentes, amo essa versatilidade de poder ser loira e daqui a um segundo estar morena com o cabelo grande ou curto, essa � a parte legal de usar a lace, virou um acess�rio", diz.

Al�m de fazer a manuten��o das pr�prias laces - elas precisam ser lavadas e cuidadas como nosso cabelo - Yasmin, por ser cabeleireira, tamb�m faz esse tipo de servi�o em seu sal�o, atraindo diversas mulheres com a mesma condi��o que a sua.


Yasmin com cabelo comprido
Yasmin em foto que mostra seu cabelo comprido, antes do diagn�stico (foto: Arquivo pessoal)

Ajudando outras pessoas

Hoje Yasmin fala abertamente sobre sua condi��o rara e busca, atrav�s do seu exemplo, ajudar outras mulheres que possuem alopecia e enfrentam situa��o semelhante.

Atrav�s de v�deos nas redes sociais e at� mesmo conversas pessoalmente em seu sal�o, a cabeleireira busca acolher essas pessoas e mostrar que h� muita vida apesar da condi��o que as fazem perder os cabelos.

"Muita gente me procura para pedir ajuda, como deixar a lace mais natural, cortar ou fazer mexas e dou esse suporte para essas pessoas. Ajudo at� mesmo com uma palavra, recebo essas pessoas, converso com elas e passo um pouco da minha experi�ncia. � uma forma de mostrar para que � poss�vel ter uma vida normal ap�s o diagn�stico da alopecia e n�o h� nada de anormal em ser careca", conta.

Quando buscar ajuda?

Toda pessoa perde, em m�dia, 100 fios de cabelo por dia, mas quando os fios caem al�m desse padr�o, isso � considerado queda e � importante buscar ajuda profissional, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

"Cada fio de cabelo cresce por m�dia de 6 anos, quando ele cai deve ser substitu�do por um fio igual a ele e muitas dessas alopecias n�o permitem que esse novo fio substitu�a o que caiu interrompendo o ciclo natural do cabelo", explica a dermatologista Fabiane Andrade Mulinari Brenner, coordenadora do Departamento de Cabelos e Unhas da SBD.

Os tratamentos variam conforme o tipo da doen�a e em alguns casos, como em situa��es de falta de determinadas vitaminas no corpo, o cabelo retoma o crescimento com a mudan�a na alimenta��o. Em outras situa��es, � indicado o uso de medicamentos e at� mesmo terapias para estimula��o da �rea.

Tipos de alopecia

H� basicamente tr�s tipos de alopecias, sendo popularmente chamadas de queda de cabelo excessiva e cada uma possui caracter�sticas especificas. Elas afetam homens, mulheres e at� mesmo crian�a, j� que n�o tem rela��o direta com o sexo ou idade.

  • Alopecia areata. � uma inflama��o do couro cabeludo e considerada rara. O problema geralmente tem rela��o com um grande trauma emocional, altera��es na tireoide ou com doen�as autoimunes, como diabete, por exemplo.
  • Alopecia androgen�tica. � a mais comum e � popularmente chamada de calv�cie. Apesar de ocorrer em mulheres, os homens s�o os mais afetados. Nela os fios v�o caindo e ficando cada vez mais finos com o passar dos anos. Geralmente tem causa gen�tica, mas tamb�m pode estar relacionada � sensibilidade a horm�nios masculinos, como a testosterona.
  • Efl�vio tel�geno. � uma queda de cabelo acelerada e que normalmente acontece alguns tr�s meses ap�s o corpo receber um est�mulo externo como parto, cirurgia e at� mesmo infec��o por covid-19. Normalmente, essa queda � controlada com o uso de vitaminas.

Yasmin Torquado Ribeiro
Hoje Yasmin fala abertamente sobre sua condi��o e busca, com seu exemplo, ajudar outras mulheres com alopecia (foto: Arquivo pessoal)

Grupo de apoio ajuda pessoas com alopecia

Encarar o diagn�stico de alopecia areata nem sempre � tarefa f�cil; por isso, h� 20 anos, foi fundado o AAGAP - Grupo de Apoio aos Paciente com Alopecia Areata, com parceria com a Sociedade Brasileira de Dermatologia.

O objetivo do grupo � dar orienta��es sobre como conviver com a condi��o e com mais qualidade de vida. Al�m dos pacientes, familiares e amigos tamb�m podem participar.

Uma vez por m�s, aos s�bados, acontecem encontros presenciais em S�o Paulo, onde os presentes recebem orienta��es de dermatologistas e psic�logos.

"N�s criamos o grupo onde fazemos reuni�es informais para auxiliar essas pessoas e tirar d�vidas. Al�m disso, o ambiente com diversos pacientes que compartilham da mesma dor, ajuda com que eles se sintam acolhidos, dividam experi�ncias e criem mais for�as para seguir uma vida normal", explica a dermatologista Enilde Borges Costa, que integra o AAGAP.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-63703514


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