
A doutrina esp�rita surgiu na Fran�a na metade do s�culo 19 com a publica��o do “Livro dos Esp�ritos”, organizado por Allan Kardec, pseud�nimo de Hippolyte L�on Denizard Rivail (1804-1869), not�vel pedagogo em sua �poca, autor e tradutor franc�s.
Um dos m�diuns mais conhecidos na atualidade, em especial no Brasil, Francisco C�ndido Xavier, ou simplesmente Chico Xavier (1910-2002), dizia que o fen�meno medi�nico n�o deveria ser o centro das aten��es no espiritismo.

"Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influ�ncia dos esp�ritos �, por esse fato, m�dium"
D�cio Iandoli J�nior, estudioso da doutrina esp�rita
Ao contr�rio, Chico ensinava que, na maior parte do tempo, dever�amos nos ocupar da pr�tica do amor – entendido como um mix de sentimentos virtuosos.
Junto � caridade, que � o amor em exerc�cio, sublinhava Chico, tamb�m, em paralelo, dever�amos nos ocupar do estudo. Ele recomendava que n�o dever�amos nos restringir aos livros da doutrina esp�rita – que Kardec publicou, em cinco obras, e em artigos da chamada revista esp�rita.
Compreender em sua ess�ncia o espiritismo demanda muito tempo de estudo. Para os esp�ritas, n�o h� d�vidas: s�o necess�rias muitas encarna��es para apreender os ensinamentos contidos nas obras de Chico Xavier e Allan Kardec.

Al�m das cinco obras de Kardec, a psicografia de Chico est� contida em mais de 500 livros. E os estudiosos da obra do m�dium afirmam que esse n�mero tende a crescer, j� que ele n�o tinha o costume de ficar com o original de suas psicografias. Ent�o, vez ou outra aparecem textos recebidos pela psicografia de Chico Xavier que s�o reunidos e publicados.
Feito esse pre�mbulo, voltamos � pergunta que intriga, deslumbra e, tamb�m, causa ceticismo: o que � mediunidade?
O estudioso da doutrina esp�rita, o m�dico especialista em cirurgia endosc�pica, D�cio Iandoli J�nior, de 58 anos, com doutorado pela Escola Paulista de Medicina e professor da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Regi�o do Pantanal (Uniderp), responde a pergunta. “A mediunidade � uma faculdade inerente a todos”, pontua, para em seguida acrescentar que a melhor defini��o do termo est� em “O Livro dos M�diuns”, de Allan Kardec.

“Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influ�ncia dos esp�ritos �, por esse fato, m�dium. Essa faculdade � inerente ao homem, n�o constituindo, portanto, um privil�gio exclusivo. Por isso mesmo, raras s�o as pessoas que dela n�o possuam alguns rudimentos”, escreve Kardec na obra citada. Mais adiante, Kardec afirma que, entretanto, “s� se qualificam na mediunidade ostensiva aqueles cuja faculdade medi�nica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes”.
O “codificador do espiritismo” explica que “geralmente, os m�diuns t�m uma aptid�o especial para os fen�menos desta ou daquela ordem, formando-se tantas variedades quantas s�o as esp�cies de manifesta��es. As principais s�o: a dos m�diuns de efeitos f�sicos; a dos m�diuns sensitivos ou impression�veis; a dos audientes; a dos videntes; a dos sonamb�licos; a dos curadores; a dos pneumat�grafos; a dos escreventes ou psic�grafos”.
DIAL PARA SINTONIZAR
“A mediunidade � uma ferramenta que pode ser usada para fazer coisas boas ou ruins”, avalia D�cio, ao ser indagado como saber da veracidade ou prop�sito do m�dium.
“O que determina (o bom resultado) � a natureza do m�dium”, acrescenta o m�dico, ou seja, qual o dial que ele usa para sintonizar-se com os esp�ritos. E como avaliar nesse caso?
“O reino de Deus est� dentro de n�s”, afirma. “A constru��o da verdade � individual e, portanto, subjetiva”.
Para encerrar, Chico Xavier sempre respondia �queles que o perguntavam como desenvolver a mediunidade. E ele tinha sempre uma resposta que passava necessariamente por aprender a amar incondicionalmente, sem esperar nada em troca.