
Um pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveu uma t�cnica que pode deixar os testes RT-PCR para a COVID-19 — considerados “padr�o-ouro” — at� 90% mais baratos. Com ela, a testagem em massa, com o melhor m�todo dispon�vel, pode ser facilitada n�o s� no Brasil, como nos diversos pa�ses com dificuldade de obter os insumos farmac�uticos.
A inova��o consiste no uso da t�cnica de pool testing para detec��o do coronav�rus. At� 32 amostras de swab de nasofaringe — coletados com cotonetes — podem ser utilizadas para um mesmo reagente. Se o resultado for negativo, todos os testados est�o liberados. Caso ele d� positivo, cada um dos participantes � testado individualmente.
Isso quer dizer que com os mesmos insumos utilizados atualmente para uma �nica pessoa, at� 32 podem ser testadas. O pesquisador, Murilo Soares Costa, de 32 anos, explica que n�o � necess�ria uma nova coleta para os testes individuais de pools que positivarem para o v�rus. “Ap�s a coleta, n�s armazenamos o swab em um meio de cultura viral, possibilitando a repeti��o de quantos testes forem necess�rios”.
Avalia��o
A avalia��o da t�cnica foi feita usando 1.358 amostras de pacientes suspeitos de COVID-19 da Upa Centro-Sul, de Belo Horizonte. Elas foram agrupadas em 504 pools, dos quais 333 foram detect�veis para o v�rus, e 171 acusaram resultados n�o detect�veis.
O resultado final, que poupou o uso de 288 reagentes, indicou que 915 dos pacientes n�o estavam contaminados, enquanto 443 testaram positivo. Os exames foram feitos do CT-Vacinas, da UFMG.
Economia
Outro bra�o da pesquisa foi uma testagem dos alunos da Faculdade de Medicina da UFMG na volta das f�rias dos internatos. Com autocoleta das amostras pelos pr�prios estudantes, o m�todo reduziu em 154 o n�mero de reagentes necess�rios para os testes. O custo total, de R$ 591, teria sido da ordem de R$ 6.153 se n�o fosse aplicada a t�cnica de pool testing — uma economia de 90%.
Inova��o
O mineiro de Nanuque, no Vale do Mucuri, entende que o melhor momento pra aplicar esse tipo de teste � agora. Com a preval�ncia mais baixa, os benef�cios da inova��o s�o m�ximos.
“Qualquer tipo de sinal ou sintoma do coronav�rus, at� mesmo uma diarreia, poderiam ser testados. N�s observamos que vai demorar para acabar essa pandemia. Teremos casos por um bom tempo, ent�o esse momento seria o melhor pra aplicar a t�cnica”, comenta Murilo.
N�o � necess�rio adquirir nenhum reagente ou m�quinas novos para realizar o pool testing. O pesquisador explica que s� � necess�rio conhecer a t�cnica e como aplic�-la para reduzir os custos da testagem. Um treinamento ou uma cartilha, que poderiam ser oferecidos pela pr�pria UFMG em parceria com o SUS, na opini�o do pesquisador, bastariam para difundir a inova��o.
Ela j� � comum em pa�ses da Am�rica do Norte, Europa, �sia e Oceania. Mas os pa�ses que mais teriam a ganhar com ela, como os da Am�rica do Sul, Central e da �frica — que tem maior dificuldade de obter insumos — ainda n�o usam essa t�cnica. A avalia��o do pool testing realizado pelo pesquisador da UFMG foi a primeira nessas regi�es.
“N�s temos esse conhecimento para repassar. Agora falta essa articula��o e interesse para popularizar a t�cnica”, conta Murilo. A pesquisa foi desenvolvida como seu projeto de doutorado no Programa de P�s-Gradua��o em Infectologia e Medicina Tropical, iniciado em 2020, sob orienta��o do professor doutor Una� Tupinamb�.