Homem e mulher de braços cruzados

Homem e mulher de bra�os cruzados

Ketut Subiyanto/Pexels

A express�o "at� que a morte nos separe", repetida pelos noivos no altar, denota uma vontade genu�na de manter la�os duradouros. Afinal, por mais radical que possa parecer esta promessa, ningu�m casa projetando o desenlace, por mais comum que ele tenha se tornado nas �ltimas d�cadas, mesmo at� entre as pessoas consideradas mais velhas. Para se ter uma ideia, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), nos �ltimos 20 anos, o n�mero de div�rcios entre pessoas com mais de 50 anos aumentou em 28% no pa�s.

Embora a inten��o dos c�njuges seja de permanecer juntos at� os cabelos de ambos ficarem brancos, a probabilidade cada vez maior � que a uni�o matrimonial n�o dure tanto assim. Quando - e se - essa hora chegar, como o casal deve proceder a fim de que o desenlace seja o menos traum�tico poss�vel?

A advogada familiarista consensual Niver Bossle Acosta chama a aten��o para as dificuldades envolvendo o processo de div�rcio. Segundo ela, por mais que rela��o n�o esteja boa, com muitas brigas e reclama��es de parte a parte, ningu�m est� preparado para isso.

Niver ressalta a quest�o do "timing" nos relacionamentos amorosos. "Geralmente, as pessoas vivem fases diferentes dentro do casamento, mesmo no que diz respeito �s crises, e essa diferen�a ser� um ponto crucial para determinar como cada parceiro enfrentar�, do ponto de vista psicol�gico, a decis�o de divorciar-se", salienta.

A advogada familiarista explica que, para um dos integrantes do casal, mesmo diante dos ru�dos no relacionamento, a decis�o pelo div�rcio pode ser recebida com muita surpresa. Em contrapartida, para outro c�njuge as crises s�o insustent�veis e o div�rcio � a �nica solu��o. "Um vive o trauma do div�rcio bem antes e, quando verbaliza a vontade de se separar, o outro toma um susto porque, mesmo o relacionamento estando ruim, n�o estava pensando nisso", diz.

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Nesses momentos, segundo Niver, a experi�ncia sentida pela pessoa que recebeu a not�cia assemelha-se � dor do luto por um ente querido. "N�s sabemos que todos iremos morrer um dia, mas quando algu�m pr�ximo da gente morre, mesmo sendo bastante idoso, sofremos bastante", comenta.

Conforme Niver, quando o div�rcio se torna uma realidade, a pessoa sofre de maneira parecida. "Quando uma pessoa casa, mesmo sabendo que o div�rcio existe, ela n�o imagina que vai acontecer com ela. Assim, quando h� a ruptura de direito e de fato, ela sofre como se estivesse sentindo a dor do luto."

Dessa maneira, para a advogada, mesmo que o casamento seja problem�tico, � muito dif�cil que o casal se prepare psicologicamente para o div�rcio. Niver enaltece, por�m, o fato de as pessoas estarem cada vez mais conscientes sobre o assunto, buscando, inclusive, amparo profissional (psicol�gico e legal) antes de tomar uma decis�o. Segundo Niver, a ajuda de um advogado familiarista consensual durante o per�odo, por exemplo, pode ser de grande valia, para fazer com que o div�rcio ocorra da maneira menos traum�tica poss�vel.