Foto feita por tecnologia com vírus HIV em cores artificiais

Foto feita por tecnologia com v�rus HIV em cores artificiais

C. Goldsmith Content Providers: CDC/C/Dom�nio p�blico via Wikimedia Commons

 

S�O PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O m�dico Draurio Barreira, gerente da tuberculose na Unitaid (Central Internacional para a Compra de Medicamentos contra a Aids, mal�ria e tuberculose), ag�ncia global ligada � OMS (Organiza��o Mundial da Sa�de), foi convidado para assumir o novo Departamento de Vigil�ncia de IST/Aids e Hepatites Virais do Minist�rio da Sa�de.

 

"Desejo voltar ao Brasil e contribuir com o processo de reconstru��o", afirma o m�dico, que atuou em programas de vigil�ncia de doen�as sexualmente transmiss�veis no pa�s na d�cada de 1990.

"Penso na articula��o de uma agenda interministerial que possa elevar a agenda de elimina��o da Aids e das hepatites virais nas prioridades de governo", acrescenta.

 

Para Barreira, "elimina��o" � um termo poss�vel e alcan��vel at� 2030, conforme a meta proposta pela OMS. "Podemos ser o primeiro pa�s em desenvolvimento a eliminar a tuberculose. Tenho muita clareza da factibilidade dessa meta de elimina��o da doen�a como problema de sa�de p�blica e da mesma maneira podemos pensar nas hepatites virais e na Aids".

 

Ele sabe que as a��es dos pr�ximos anos podem devolver ao Brasil o papel de protagonista no enfrentamento � Aids e espera que o posto seja reconquistado.

"O Brasil tem condi��es como poucos de liderar o movimento sanit�rio de forma muito ousada porque, diferentemente de quase todos os pa�ses, tem um sistema de sa�de que prov� o acesso universal. Isso � muito raro", finaliza.

 

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O m�dico F�bio Mesquita chegou a ser cogitado para o cargo, mas no fim o escolhido foi Barreira.

Coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose at� 2016, Barreira pediu afastamento do Minist�rio da Sa�de para assumir o posto na ag�ncia em Genebra (Su��a), focada na inova��o em sa�de e no fornecimento de novas ferramentas para preven��o, diagn�stico e tratamento de doen�as, principalmente Aids, tuberculose e mal�ria.

 

"Meu ciclo agora, voltando do global para o nacional, tem foco no indiv�duo afetado, em prover acesso � inova��o para as popula��es mais vulner�veis e necessitadas", afirma.

 

Um dos desafios, diz ele, � garantir o acesso �s novas tecnologias da �rea. Cita como exemplo os testes r�pidos para HIV que podem ser feitos pela pr�pria pessoa -que no Brasil n�o avan�am porque o diagn�stico no pa�s � baseado no m�dico. "� preciso descentralizar, dentro dos protocolos de sa�de, para que n�o s� os profissionais mas a popula��o que precisa possa fazer o seu pr�prio diagn�stico", defende.

 

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Quando a preven��o for fact�vel, � melhor prevenir do que tratar. Quando o tratamento for a solu��o, que seja acess�vel a todos. Hoje, h� estrat�gias de teste como melhor forma de preven��o, no sentido de testar e prover tratamentos. H� profilaxia pr� e p�s-exposi��o. Temos um arsenal, agora precisamos impactar especialmente as popula��es mais vulner�veis", diz.

 

Barreira reconhece, por�m, que n�o basta oferecer op��es. � preciso saber o que as pessoas precisam e o que melhor se adapta � sua realidade.

 

"O primeiro passo de qualquer resposta nacional a uma doen�a � ter como interlocutor aquele que vai ser beneficiado pelas a��es, ent�o ouvir a sociedade civil, as comunidades afetadas e a academia de modo a oferecer o que as pessoas precisam, n�o o que imaginamos ser necess�rio. As balas m�gicas n�o existem".

 

Outro desafio � a necessidade de garantir mais recursos. Nesse sentido, uma das a��es vislumbradas por Barreira � propor o enfrentamento a essas doen�as como uma agenda intersetorial, mobilizando recursos financeiros e humanos de outras �reas.

 

"Tenho muita convic��o de que � poss�vel criar essa agenda. Para isso, h� necessidade de recriar os �rg�os de gest�o participativa como tradicionalmente havia e que cada comiss�o possa transcender o campo espec�fico de um departamento, de um minist�rio, para que seja uma agenda realmente transversal e de governo", comenta o m�dico.