Thales Vianna Coutinho

Thales Vianna Coutinho, psic�logo cl�nico

Jair Amaral / EM/D.A Press
O Janeiro Branco, m�s dedicado � sa�de mental, est� chegando ao fim, mas a aten��o, cuidado, preven��o e tratamento para os mais de 300 tipos de transtornos mentais catalogados devem sempre estar na pauta da sa�de e da sociedade. 

Entre tantos transtornos mentais, o psic�logo cl�nico Thales Vianna Coutinho explica que a esquizofrenia � um dos mais graves, mas com tratamento: “Por�m, um aspecto fundamental de ser discutido diz respeito ao estigma. Estigma diz respeito � vis�o preconceituosa que a popula��o em geral nutre em rela��o �s pessoas com transtornos mentais. De todos os existentes, a esquizofrenia � o principal alvo de estigma. Isso, em parte, � reflexo de d�cadas cheias de filmes de suspense/terror, em que o personagem vil�o (quase sempre um assassino) era retratado como algu�m “psic�tico” ou “maluco”. Isso potencializou bastante no imagin�rio popular a ideia de que pacientes esquizofr�nicos s�o violentos, ou mesmo homicidas em potencial”.

� poss�vel viver bem com o diagn�stico da esquizofrenia, mas � preciso deixar claro que, pelo menos at� o momento, o tratamento � para a vida toda

Thales Vianna Coutinho, psic�logo cl�nico (


 
Thales Coutinho destaca que, estatisticamente, a realidade � contr�ria. “Afinal, o que se sabe � que esses pacientes s�o mais alvos de viol�ncia (devido � discrimina��o) do que autores de atos violentos. H� muito mais crimes cometidos por pessoas sem nenhum transtorno mental, muito menos esquizofrenia, do que com. Por�m, ao associar o crime � doen�a, isso refor�a o estigma e prejudica muito a vida das pessoas que sofrem com essa doen�a”.
 
E Renata Mafra Giffoni, coordenadora do curso de psicologia da Est�cio BH, ensina que a esquizofrenia � uma doen�a mental antiga, descrita pela psiquiatria cl�ssica (Emil Kreaplim – 1896). � a principal forma de psicose e � caracterizada pela ruptura com a realidade.

Renata Mafra, psicologa

Psic�loga Renata Mafra Giffoni, coordenadora do curso de psicologia da Est�cio BH

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press


Um tipo de del�rio comum � o persecut�rio, a pessoa [esquizofr�nica] acredita que algu�m, muitas vezes da pr�pria fam�lia, a est� perseguindo, que vai mat�-la, prejudic�-la, o que leva a v�rios problemas familiares e sociais

Renata Mafra Giffoni, psic�loga



“Nos quadros esquizofr�nicos � frequente a presen�a de alucina��es (altera��es sensoperceptivas – dos sentidos) e/ou del�rios que s�o altera��es do pensamento e do ju�zo de realidade. A pessoa tem uma distor��o da realidade, em que ela acredita, veementemente, em situa��es que n�o s�o reais. Um tipo de del�rio comum � o persecut�rio, ela acredita que algu�m, muitas vezes da pr�pria fam�lia, a est� perseguindo, que vai mat�-la, prejudic�-la, o que leva a v�rios problemas familiares e sociais. Nas alucina��es, h� altera��es dos sentidos como ver, ouvir, sentir cheiros, sem que aja um est�mulo visual ou auditivo ou olfativo. Todos os sentidos podem ser afetados. S�o comuns tamb�m os sintomas negativos, que acometem a motiva��o e o agir. A pessoa vai ficando mais ensimesmada, embotada, fechada, indiferente e sem intera��o ao redor dela. A higiene, a alimenta��o, o sono s�o alterados e h� altera��o da consci�ncia”, explica a psic�loga.

O diagn�stico
 
Thales Coutinho destaca que o diagn�stico da esquizofrenia exige tempo de sintomas presentes, de forma que causem bastante preju�zo � funcionalidade do paciente. Ou seja, n�o � porque um indiv�duo experienciou uma alucina��o espec�fica que ele � esquizofr�nico, ou ent�o, que utilizou drogas e teve alucina��o visual. “Ali�s, se os sintomas psic�ticos ocorrem somente durante o uso de drogas, o diagn�stico da esquizofrenia nem sequer se aplica. Ent�o, basicamente, esse paciente precisa sofrer com uma s�rie de sintomas, como a perda do senso de realidade, dificuldades de intera��o social, diminui��o da capacidade de expressar e sentir emo��es e, claro, frequentes ideias delirantes e epis�dios alucin�genos. Isso tudo, tomado em conjunto e avaliado de forma criteriosa, pode vir a formalizar o diagn�stico da esquizofrenia”.
 
O psic�logo cl�nico conta que o tratamento da esquizofrenia tem cada vez menos efeitos colaterais. “Mesmo sendo psic�logo, devo dizer que o carro-chefe � a medica��o. Sem ela � imposs�vel fazer uma psicoterapia. Com o paciente estabilizado e a medica��o ajustada, a psicoterapia � fundamental. Inclusive, para psicoeducar o pr�prio paciente e familiares sobre a import�ncia de manter o tratamento, j� que a pr�pria doen�a comumente gera no paciente a no��o de que ele est� bem e de que o tratamento � desnecess�rio. � poss�vel viver bem com o diagn�stico da esquizofrenia, mas � preciso deixar claro que, pelo menos at� o momento, o tratamento � para a vida toda”.