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Uma terapia gen�tica voltada ao Alzheimer leve reduziu os n�veis de uma prote�na nociva para o c�rebro, associada � causa do mal neurodegenerativo. O tratamento tem potencial n�o s� de retardar, mas de reverter a doen�a, sugere um artigo publicado ontem na revista Nature Medicine. Segundo os pesquisadores, da Universidade College London (UCL) e da Funda��o NHS Trust, na Inglaterra, essa � a primeira vez em que se testa um silenciador de genes para dem�ncia. Os resultados se baseiam em um estudo de fase 1, que verificou, em humanos, a seguran�a e a efic�cia da subst�ncia.
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A neurologista conta que o foco do medicamento em teste � a tau, uma das prote�nas que, quando danificadas, causam o Alzheimer. Al�m dela, a beta-amiloide � conhecida por provocar a doen�a e j� existem dois rem�dios aprovados — aducanumabe e lecanemabe — que t�m essa subst�ncia como alvo. Por�m, o sucesso de ambos � limitado e, como h� risco de efeitos colaterais graves, alguns m�dicos preferem esperar mais tempo para prescrev�-los. E nenhum deles reverte os danos j� causados, diferentemente do que foi visto, agora, com a droga experimental.
Segundo os pesquisadores, a subst�ncia, chamada provisoriamente de MAPTRx, aparentemente ter� mais sucesso que as anteriores, reduzindo, pela primeira vez, os sintomas da doen�a. O ensaio de fase 1 mostrou que, em um pequeno grupo de pacientes acompanhados por tr�s anos, a droga impede que o gene induza a forma��o defeituosa da tau. Assim, haveria menor produ��o da prote�na, o que alteraria o curso do Alzheimer.
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"Precisaremos de mais pesquisas para entender at� que ponto a droga pode retardar a progress�o dos sintomas f�sicos da doen�a e avaliar a droga em idosos e grupos maiores de pessoas e em popula��es mais diversas", admite Mummery. "Mas os resultados s�o um passo significativo para demonstrar que podemos atingir a tau com sucesso com uma droga silenciadora de genes para retardar — ou possivelmente at� reverter — a doen�a de Alzheimer e outras causadas pelo ac�mulo de tau no futuro", acrescenta.
Quarenta e seis pacientes com idade m�dia de 66 anos foram inclu�dos no estudo, que ocorreu de 2017 a 2020. A pesquisa analisou tr�s doses da droga, administradas por inje��o no sistema nervoso, por meio do canal espinhal, em compara��o com um placebo. Os resultados preliminares indicam que a subst�ncia foi bem tolerada, com todos os volunt�rios chegando ao fim do per�odo de teses e mais de 90% completando o p�s-tratamento. Os efeitos colaterais nos dois grupos foram leves ou moderados, sendo o mais comum dor de cabe�a ap�s a inje��o.
"Esse estudo de fase 1 � empolgante porque mostra que podemos alterar a quantidade de tau — uma das prote�nas que causa a doen�a de Alzheimer", destaca Liz Coulthard, professora da disciplina de Dem�ncia Neurol�gica na Universidade de Bristol, Inglaterra, que n�o participou da pesquisa.
"Essa redu��o � alcan�ada bloqueando as mensagens do DNA que produzem a prote�na anormal dentro de cada c�lula. � um m�todo de alta tecnologia de tratamento de pacientes com Alzheimer. Sabemos que pode ser �til porque uma droga semelhante agora � usada com sucesso para tratar uma condi��o neurol�gica rara da inf�ncia, a atrofia muscular espinhal", explica. "Ensaios maiores s�o necess�rios para testar se esse efeito realmente ajuda os pacientes. Uma grande desvantagem desse tratamento � que ele precisa ser administrado por inje��o na coluna lombar, ou seja, por pun��o lombar", pondera.
Reguladores
Em janeiro, pesquisadores do Hospital Infantil do Texas e da Faculdade de Medicina Baylor do estado norte-americano identificaram novos reguladores da tau que tamb�m t�m potencial para servir como alvos terap�uticos para Alzheimer e outras doen�as associados a essa prote�na. Os autores publicaram um artigo na revista Neuron, considerado promissor por especialistas.
O objetivo dos pesquisadores foi realizar uma triagem para encontrar genes cuja inibi��o pode reduzir os n�veis de tau. Com modelagem computacional, os cientistas chegaram a 6,6 mil genes-alvo. Em seguida, eles fizeram testes com c�lulas de mam�feros moscas-da-fruta (um modelo comum nesse tipo de pesquisa) para detectar as estruturas do DNA que afetam diretamente a produ��o da prote�na. Por fim, chegou-se a um cat�logo de 11 novos alvos para drogas futuras, sendo que tr�s mostraram-se mais promissores.
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