Duas pessoas com pés entrelaçados na cama

Duas pessoas com p�s entrela�ados na cama

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Um levantamento do CDC (Centro para Controle e Preven��o de Doen�as, em livre tradu��o) dos EUA observou que, em 2021, o n�mero de adolescentes que j� perderam a virgindade ou que eram ativos sexualmente foi o menor j� registrado desde 1991. Os dados do estudo foram coletados durante a pandemia de Covid-19, quando medidas de distanciamento social foram adotadas para barrar a doen�a.

 

A pesquisa, chamada de YRBS (sigla em ingl�s para Pesquisa de Comportamento de Risco entre Jovens), � feita de 2 em 2 anos. A vers�o mais recente foi aplicada em 2021 e teve seus dados compilados recentemente em relat�rios da institui��o.

Nesta �ltima edi��o, foram mais de 17 mil question�rios aplicados para adolescentes em 152 escolas de diferentes locais dos EUA. A pesquisa inclui jovens com idade entre 14 e 18 anos.

 

Al�m de conter perguntas sobre sexo, o formul�rio apresentava quest�es de ordem demogr�fica, de sa�de mental, de rela��es com pais, entre outras.

 

O fato de ter sido feito durante a pandemia do Sars-CoV-2, v�rus que causa a Covid-19, faz com que seja poss�vel comparar com o que foi visto nas vers�es anteriores do mesmo estudo. Um desses casos � em rela��o � pr�tica sexual entre os mais jovens.

 

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Foi poss�vel observar que o n�mero de adolescentes que j� haviam perdido a virgindade foi o mais baixo desde a primeira edi��o. Em 1991, 54% responderam que j� haviam feito sexo. Em 2021, esse n�mero foi de 30%.

Mas o dado n�o � de todo surpreendente. "� uma tend�ncia. Os jovens parecem que est�o demorando mais para transar. Essa � uma realidade dos Estados Unidos, e a gente vem vendo isso em alguns pa�ses da Europa e no Oriente tamb�m", afirma Jairo Bouer, m�dico psiquiatra e comunicador.

 

De fato, a pr�pria pesquisa do CDC d� esse rastro. Dados coletados anos atr�s j� demonstravam uma tend�ncia de queda de adolescentes com hist�rico sexual, principalmente em 2015, quando o percentual caiu e n�o voltou a subir nas edi��es posteriores. No entanto, a queda na vers�o mais recente do estudo foi a mais brusca de todas. E talvez a pandemia de Covid explique isso.

 

Bouer afirma que a emerg�ncia de sa�de deve ter aumentado de forma vertiginosa o que j� era observado. "Eu acho que � uma situa��o que j� vinha acontecendo, e com a pandemia agrava."
 

O m�dico diz que � necess�rio esperar novos dados para avaliar o efeito da crise de sa�de para a pr�tica de sexo entre jovens, mas ele j� tem uma aposta: os n�meros devem subir, s� que ainda continuar mais baixo do que era visto h� alguns anos.

 

MENOS SEXO REAL, MAIS VIRTUAL

 

E n�o � s� que os adolescentes est�o demorando mais para come�ar a transar: eles tamb�m fazem menos sexo. Outra pergunta do CDC questionou se os entrevistados eram ativos sexualmente: 21% responderam que sim nesta edi��o do estudo, enquanto em 1991, foram 37%.

A queda � ainda maior quando entre aqueles que j� tiveram no m�nimo quatro parceiros sexuais: somente 6% indicaram que atingiram esse n�mero em 2021. J� em 1991, o percentual era 19%.


Bouer indica que parece haver uma tend�ncia de que, al�m de demorar mais para come�ar a transar, mesmo aqueles que j� n�o s�o mais virgens transam menos. "A atividade sexual como um todo, para muitos jovens, deixou de ocupar uma posi��o t�o central no dia a dia deles como h� 30 anos."


Mas o sexo continua ali, s� que muito restrito ao virtual. Para Bouer, uma explica��o da queda na atividade sexual � que os jovens est�o muito presos ao universo digital, como em aplicativos de relacionamento ou redes sociais. Mas na hora de partir para a vida real, n�o acontece.

  

"� como se o barato fosse muito mais na paquera, no online, na troca de nudes, em sexo virtual do que no sexo real", resume.

NO BRASIL

A percep��o de que a vida sexual dos jovens anda mais parada at� existe no Brasil, mas n�o t�o definida como em outros pa�ses. Em uma pesquisa Datafolha feita em julho de 2022, o sexo foi elencado como um eixo bem menos importante na lista do que importa para eles. Sa�de, fam�lia, estudo, trabalho e religi�o s�o alguns dos fatores que aparecem como mais relevantes comparados ao ato de transar.
 

Bouer explica que historicamente o jovem brasileiro transa mais que o norte-americano ou o europeu. No entanto, ele n�o est� isento da queda observada nessas outras regi�es. "Tudo leva a crer que, se n�o � uma tend�ncia de agora, talvez venha a acontecer nos pr�ximos anos", resume o m�dico psiquiatra sobre o caso do Brasil.