Consumo de ultraprocessados aumenta risco de c�ncer e doen�as cr�nicas
Estudo relaciona consumo de alimentos ultraprocessados a maior incid�ncia de c�ncer, obesidade, diabetes e outras enfermidades em adultos e crian�as
Ultraprocessados est�o relacionadas a um maior risco de desenvolvimento de c�ncer
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M�dicos destacam os perigos de uma alimenta��o desbalanceada, com �nfase em alimentos ultraprocessados j� alertam para os riscos associados a esses produtos, como c�ncer, doen�as cr�nicas, obesidade, diabetes e dem�ncia. Alimentos ultraprocessados incluem bolos e p�es industrializados, condimentos, salgadinhos, refrigerantes, bebidas ado�adas, macarr�o instant�neo, pizzas congeladas, biscoitos recheados, balas, doces, chocolate, entre outros.
O c�ncer, em particular, tem forte rela��o com fatores ambientais, como h�bitos de vida e aspectos externos. A incid�ncia de c�ncer intestinal tem aumentado no Brasil, associada � alimenta��o pobre em nutrientes e obesidade. Uma pesquisa recente do Nupens (N�cleo de Pesquisas Epidemiol�gicas em Nutri��o e Sa�de) apontou que dietas ricas em ultraprocessados est�o relacionadas a um maior risco de desenvolvimento de c�ncer em 25 partes do corpo.
Al�m disso, o estudo indica maior risco de agravamento e morte por c�ncer em decorr�ncia do consumo de ultraprocessados. Um aumento de 10% na ingest�o di�ria desses alimentos leva a um risco 2% maior de agravamento por qualquer tipo de c�ncer. Em casos espec�ficos, como c�ncer de tireoide e ov�rio, o risco chega a ser 11% e 19% maior, respectivamente.
Outras enfermidades, como diabetes, esteatose hep�tica, doen�as renais e cardiovasculares, tamb�m s�o relacionadas ao consumo de ultraprocessados. Em crian�as e adolescentes, dietas baseadas nesses produtos aumentam o risco de diabetes, colesterol alto e obesidade, podendo levar a problemas card�acos e infertilidade na vida adulta.
Desde o in�cio do s�culo, a ingest�o m�dia de ultraprocessados no Brasil cresceu cerca de 6%, de acordo com dados da POF (Pesquisa do Or�amento Familiar) de 2018, vinculada ao IBGE. Em pa�ses desenvolvidos, como Estados Unidos e Canad�, esse consumo j� ultrapassa 70%. O aumento em pa�ses de baixa e m�dia renda, especialmente na Am�rica Latina, est� relacionado �s diferen�as socioecon�micas, com maior consumo nas classes econ�micas mais baixas, devido ao alto custo de alimentos naturais e minimamente processados e � dificuldade em obter alimentos frescos.
No Brasil, cerca de 22% dos adultos apresentam obesidade, segundo dados da pesquisa Vigitel de 2021, e 9% vivem com diabetes tipo 2. Em rela��o �s crian�as, atualmente 12,5% das meninas e 18% dos meninos t�m obesidade, podendo chegar a 23% e 30%, respectivamente, em 2035. Estima-se que um quarto das crian�as j� apresentem colesterol alto.
Na pandemia, o consumo de ultraprocessados entre crian�as aumentou, assim como a parcela vivendo com inseguran�a alimentar. Dados do Enani (Estudo Nacional da Alimenta��o e Nutri��o Infantil) de 2019 mostram que o consumo de ultraprocessados entre crian�as menores de cinco anos foi de 93%, enquanto o de frutas e verduras foi de 27,4%.
Especialistas apontam a aus�ncia de pol�ticas p�blicas voltadas � alimenta��o saud�vel e atividades f�sicas como prioridades, bem como o alto pre�o dos alimentos, que leva as popula��es mais pobres a buscar fontes energ�ticas dispon�veis, mesmo que ricas em gordura, s�dio e a��car e pobres em nutrientes.
O Guia Alimentar para a Popula��o Brasileira, lan�ado em 2014, classifica os alimentos em ultraprocessados, processados, minimamente processados e in natura ou naturais, recomendando evitar o consumo de ultraprocessados. Uma dieta rica, equilibrada e culturalmente apropriada � essencial para uma alimenta��o saud�vel.
A recente mudan�a na rotulagem de produtos com alto teor de gordura e s�dio pode ajudar a reduzir o consumo, mas outras pol�ticas p�blicas s�o necess�rias, como taxa��o de bebidas a�ucaradas, redu��o de impostos sobre produtos da agricultura familiar, expans�o de feiras livres e hortas populares em �reas urbanas, aumento de espa�os para atividade f�sica em regi�es perif�ricas e campanhas de preven��o de doen�as cr�nicas.
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