Meninas est�o mais expostas nas redes a conte�do sexista
As adolescentes nos Estados Unidos est�o experimentando n�veis sem precedentes de tristeza eansiedade.
No caso dos meninos tamb�m houve piora, mas bem menor, j� que o n�mero dos que relataram esses sentimentos negativos passou de 21% para 29% no mesmo per�odo.
Outro indicador preocupante do estudo � o aumento do n�mero de adolescentes que consideraram seriamente o suic�dio: uma em cada tr�s, o que representa um aumento de quase 60% em rela��o a 2011 e o dobro do n�mero de meninos (14%).
Embora as autoridades de sa�de apontem que o alto risco de suic�dio, depress�o, uso de drogas e outros problemas em adolescentes pode responder a uma mistura de v�rios fatores, os especialistas destacam o papel das redes sociais na deteriora��o da sa�de mental dos jovens .
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Entre esses especialistas est� Donna Jackson Nakazawa, escritora especializada em neuroci�ncia, imunologia e emo��o, que, no final de 2022, publicou o livro Girls on the Brink ("Garotas no Limite", em tradu��o livre; sem edi��o brasileira), no qual explora essa situa��o.
Nesta conversa com a BBC Mundo, o servi�o em espanhol da BBC, a autora explica as causas biol�gicas, sociais e culturais por tr�s do aumento chocante do n�mero de adolescentes com problemas de depress�o e ansiedade nos Estados Unidos.
Embora reconhe�a que isso � causado por m�ltiplos fatores, ela afirma que "as redes sociais s�o as principais culpadas e s�o muito mais t�xicas para as meninas".
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Al�m disso, explica por que as meninas s�o mais afetadas do que os meninos e oferece algumas dicas pr�ticas para os pais ajudarem suas filhas (e filhos). Confira abaixo a entrevista.

O c�rtex pr�-frontal do c�rebro � afetado pelo estresse frequente
Getty ImagesBBC News Mundo - O diretor-geral de sa�de dos EUA, a mais alta autoridade do pa�s na �rea, emitiu um alerta sobre os efeitos negativos que as redes sociais podem ter na sa�de mental dos jovens. Em seu livro Girls on the Brink, voc� aponta que a situa��o � muito pior para as meninas. Por que isso acontece?
Donna Jackson Nakazawa - O estresse acumulado ao longo do desenvolvimento � muito dif�cil para todos os jovens. Quando h� muito estresse n�o mitigado, come�am a ocorrer mudan�as em �reas do c�rebro como o c�rtex pr�-frontal e o hipocampo, onde abrigamos nossas mem�rias.
Tamb�m h� mudan�as na �rea que chamamos de rede neural padr�o, associada ao nosso senso de quem somos no mundo. Somos uma boa pessoa? Temos oportunidades? Como lidamos com essa narrativa sobre n�s mesmos? Acreditamos em n�s mesmos? Sentimo-nos desesperados ou tristes? Al�m disso, vemos mudan�as na am�gdala, aquela �rea em forma de am�ndoa na parte superior do c�rebro. Isso � como uma central de alarme e � diferente em meninas e meninos. Lembre-se de que isso ocorre diante de um estresse incessante.
Nas meninas, vemos sua am�gdala crescendo e associamos isso a ruminar, a ficar presa aos mesmos pensamentos e repeti-los. As diferen�as s�o sempre mostradas nas �reas do c�rebro mais relacionadas � execu��o de a��es. H� um velho ditado que diz que quando as meninas est�o sobrecarregadas com o estresse, � mais prov�vel que se coloquem elas pr�prias como alvo: como se julgassem, sentindo-se sem esperan�a, envergonhadas. Enquanto os meninos s�o mais propensos a se comportar mal. E podemos ver no c�rebro por que �s vezes isso � verdade.
Agora inclua as redes sociais. As meninas est�o mais nas redes sociais do que os meninos. Sabemos que, mesmo que passem o mesmo tempo online que os homens, � mais prov�vel que acabem se sentindo deprimidas, ansiosas, sem esperan�a e persistentemente tristes.
Em parte, isso tem causas externas. O que as meninas encontram nas redes sociais tem um teor muito mais sexista. � mais prov�vel que sejam informa��es sobre seus corpos, seus rostos, sua pele, suas roupas, como elas se comparam fisicamente a algum falso ideal feminino sob o olhar masculino do que � perfei��o, do que � aceit�vel e do que n�o �. Ent�o a carga que elas recebem � maior.

Redes sociais reproduzem e amplificam os estere�tipos sobre beleza feminina, diz especialista
Getty ImagesElas tamb�m s�o mais propensas a enfrentar essa dicotomia de (como me disseram milhares de garotas em todo o pa�s) "se eu quiser ser popular, tenho que ser sexy e se eu quiser ser sexy, mesmo que eu tenha 11 ou 13 anos, tenho que fingir que sou sexualmente madura. Mas, quando fa�o isso, tamb�m tenho esse bando de caras nojentos que me sexualizam como se eu fosse uma mulher adulta." Elas s�o assediadas online, s�o alvos de coment�rios. Conversei com muitas jovens. Elas n�o querem estar online do jeito que est�o. Elas querem a ajuda de um adulto para se desconectar.
Essa forma de ser popular na internet vem com todos os aspectos negativos. As redes sociais mais populares agora, como TikTok e Instagram, postam v�deos e imagens. E as imagens t�m um impacto muito mais r�pido do que as palavras no c�rebro em desenvolvimento.
H� muitas pesquisas que mostram que, quanto mais voc� v� algo que � popular na internet, mais isso te dessensibiliza. E isso desliga o filtro de preven��o do c�rebro que diz aos jovens que algo pode ser ruim. � provavelmente por isso que, como disse o diretor-geral de sa�de dos EUA, quando os jovens veem na internet algu�m que se automutila, � mais prov�vel que imitem e reproduzam esse comportamento.
BBC News Mundo - Que outros efeitos isso tem no c�rebro das meninas?
Nakazawa - Vamos voltar ao que eu disse sobre ruminar. Os c�rebros das meninas s�o mais propensos a ficar presos nesse processo. Quando voc� est� sob estresse na vida adulta, h� mudan�as em seu corpo que levam a uma s�rie de inflama��es em cascata. O c�rebro e o corpo produzem mais subst�ncias qu�micas e horm�nios do estresse. E com o tempo, quando permanecem elevados, come�am a produzir mudan�as que podemos ver nas varreduras cerebrais: mudan�as na conectividade cerebral nas �reas importantes que mencionei. E n�o queremos ver isso.
Quando voc� rumina sobre um evento — sofrer bullying online, coment�rios sobre seu corpo ou ser exclu�da de c�rculos sociais, por exemplo — e o repassa para sua mente, o efeito � como se ainda estivesse acontecendo: seu corpo e seu c�rebro absorvem o golpe como se estivesse acontecendo em tempo real.
Amea�as sociais s�o particularmente prejudiciais para o c�rebro em desenvolvimento porque, durante a maior parte de nosso tempo evolutivo como humanos, precisamos de muita coopera��o e comunica��o para conviver, sobreviver e criar nossos filhos. Ser desprezado ou condenado ao ostracismo era fisicamente perigoso porque significava a possibilidade de ser deixado de fora da tribo, tornando mais prov�vel que voc� fosse v�tima de predadores. O sistema imunol�gico entrava em frenesi ao estar t�o exposto.
Assim, nosso sistema imunol�gico desenvolveu o primeiro sinal de uma amea�a socioemocional. Essa "cascata" de horm�nios e subst�ncias qu�micas de que falei acelera o sistema imunol�gico para que causem danos ao corpo e ao c�rebro ao primeiro sinal dessa hostilidade social. E o que s�o redes sociais? Uma repeti��o daquela poss�vel hostilidade social, acontecendo o tempo todo.
Os algoritmos das redes existem para fisgar o c�rebro com algo que te mobilize, para que voc� volte sempre, para buscar a possibilidade de pertencimento. Mas voc� � dominado repetidamente por sentimentos de n�o pertencimento, de n�o se importar, de raiva, de desd�m. E, como as meninas passam mais tempo nessas plataformas, isso se reflete em pesquisas como o relat�rio do CDC: 57% das meninas relatam que se sentem persistentemente tristes e sem esperan�a.
BBC News Mundo - Como esse quadro atual se compara com dados anteriores? E que outro fator poderia piorar tanto a situa��o das meninas?
Nakazawa - O relat�rio anterior, divulgado em 2019, mostrava que cerca de um ter�o das meninas se sentiam persistentemente sem esperan�a e tristes. Ent�o, quatro anos depois, � um grande aumento.
Entrando na puberdade, sempre houve uma disparidade na qual as meninas s�o mais propensas a desenvolver depress�o do que os meninos. Isso j� acontecia antes mesmo das redes sociais. Isso ocorre em parte porque os horm�nios entram em a��o na puberdade, e o estrog�nio aumenta a resposta ao estresse de uma forma que a testosterona n�o faz.
Muitos estudos mostram que as mulheres desenvolvem uma resposta maior ao estresse. Elas t�m uma resposta maior �s vacinas e s�o mais propensas a desenvolver doen�as autoimunes do que os homens. E parte da raz�o � que a resposta feminina ao estresse na puberdade � intensificada pelo estrog�nio. Isso tamb�m tem um efeito protetor, para que um dia possam carregar outra vida humana dentro de si.
Voc� mencionou os aspectos negativos que afetam as meninas, mas li que voc� disse que o c�rebro das adolescentes tamb�m pode se tornar um superpoder.
Quem j� criou uma adolescente sabe que elas t�m um sexto sentido completamente inigual�vel. S�o as garotas que podem olhar ao redor de uma sala com uma esp�cie de "sentido aranha" e saber exatamente o que est� acontecendo. E sabemos que no c�rebro feminino adolescente o corpo caloso que conecta os dois lados do c�rebro � realmente espesso e rico. O c�rebro adolescente feminino se desenvolve um pouco mais cedo do que o masculino.
O que � realmente sensacional � que, quando removemos algumas das coisas que estressam nossos filhos e as substitu�mos por seguran�a psicol�gica, o c�rebro nessa idade � extremamente pl�stico, aberto a possibilidades e pronto para disparar e se conectar novamente.
Portanto, a pr�pria abertura que pode tornar o c�rebro feminino adolescente vulner�vel a mudan�as negativas � aquela que abre tantas possibilidades de conex�o e ativa��o de maneiras saud�veis.
Para fazer isso, � medida que esses estressores psicol�gicos aumentam, temos que construir mais seguran�a psicol�gica e tornar o mundo real — a conex�o conosco mesmos, com os adultos em suas vidas, com seus professores, com suas comunidades — mais profundo. J� conversei com milhares de garotas e posso dizer o seguinte: mesmo para uma garota muito querida, o senso de quem ela no mundo e para as pessoas � diminuir� com o tempo se ela ficar muito na internet.

Donna Jackson Nakazawa � escritora especializada em neuroci�ncia, imunologia e emo��o
Arquivo pessoalBBC News Mundo - Como sabemos que o aumento da ansiedade, tristeza e risco de suic�dio experimentado por meninas adolescentes est� relacionado ao uso de m�dia social e n�o a outros fatores?
Nakazawa - Acho que n�o podemos isolar um �nico fator. Eu viajo por todo o pa�s conversando com garotas e elas n�o se sentem seguras de v�rias maneiras. Eles est�o crescendo em uma �poca de disc�rdia pol�tica, de tiroteios em escolas. 60% dos jovens nos Estados Unidos dizem temer que sua escola seja a pr�xima. Eles est�o crescendo na era das mudan�as clim�ticas. E, no mundo online, eles est�o enfrentando estressores que nenhuma outra gera��o experimentou.
As meninas me dizem que t�m fadiga de resili�ncia. Elas est�o cansadas %u200B%u200Bde serem exigidas a aguentar coisas dif�ceis. E, academicamente, as coisas mudaram muito: temos objetivos maiores e mais dif�ceis de alcan�ar em idades cada vez mais precoces. S�o fatores estressores, e os jovens n�o sentem que os adultos entendem como � dif�cil crescer hoje.
Todas essas coisas juntas, mais as m�dias sociais, significam que, em um momento em que � muito vulner�vel a ser afetado pelo ambiente � sua volta, o c�rebro adolescente est� sendo acionado por esses estressores negativos antes de ter a chance de realmente se desenvolver e aprender a lidar este tipo de estresse.
As jovens me dizem: "N�o sei nem como expressar o que est� acontecendo. Estou t�o estressada. Nem sei como pedir ajuda".

Fatores biol�gicos, sociais e culturais amplificados pelas redes sociais afetam a sa�de mental dos adolescentes
Getty ImagesBBC News Mundo - A adolesc�ncia sempre foi um per�odo dif�cil. Quais s�o os sinais que os pais devem observar para saber se a filha est� passando por um momento excepcionalmente dif�cil?
Nakazawa - Grande pergunta. 90% dos pais dizem que saberiam se sua filha estivesse passando por dificuldades. Mas eles tamb�m admitem que n�o sabem a diferen�a entre um problema s�rio de um filho ou uma filha ou se s�o apenas os altos e baixos normais. Na verdade, os pais n�o sabem quando seus filhos est�o tendo pensamentos suicidas. Uma das coisas mais importantes que sabemos � que quando nosso filho ou filha tem abertura para conversar conosco sobre qualquer coisa, por mais dif�cil que seja, isso protege muito a sanidade deles.
Um estudo da [universidade norte-americana] Johns Hopkins mostra que os jovens t�m 12 vezes mais chances de fazer progresso na vida quando podem conversar com seus pais sobre qualquer coisa. Mas os jovens me dizem que t�m dificuldade em falar com seus pais sobre esses fatores estressores. Eles temem que seus pais n�o consigam lidar com sua ang�stia porque j� est�o muito estressados. Portanto, uma das coisas mais importantes � aprender os passos para conversar com nossos filhos sobre essas coisas de uma forma que chamo de neuroprotetora.
Voc� me perguntou antes se o c�rebro feminino adolescente � um superpoder. Claro. Mas, para que ela se desenvolva, � preciso que os adultos ajudem a criar um ambiente adequado, no qual os jovens aprendam a expressar seus sentimentos sobre tudo isso.
E as etapas de escuta neuroprotetoras s�o transformadoras porque permitem que nossos filhos nos digam o que est�o vivenciando neste mundo t�o t�xico, incluindo as m�dias sociais. A maioria dos jovens n�o sente que pode conversar com seus pais sobre o que est� vivenciando nas redes sociais e como est� se sentindo estressado.

A sa�de mental dos adolescentes � beneficiada quando eles se sentem aptos a conversar sobre qualquer assunto com os pais
Getty ImagesBBC News Mundo - Voc� poderia explicar como realizar a escuta neuroprotetora?
Nakazawa - A escuta neuroprotetora � bastante simples. Eu divido em etapas.
A primeira � aceitar o fato de que alguns t�picos s�o realmente dif�ceis de discutir. "Olha, � dif�cil falar sobre esse assunto, mesmo para mim como adulto."
A segunda � n�o adiantar as coisas. Diga ao seu filho antes de come�ar a falar: "Prometo que serei um bom ouvinte e n�o farei perguntas." Estudos mostram que o filho falar� mais e voluntariamente quando n�o fizermos uma �nica pergunta.
A terceira � estar preparado para ser mudado pelo que voc� ouve. N�o ache de antem�o que sabe como sua filha est� se sentindo. N�o sabemos o que elas est�o sentindo. Elas podem n�o saber como se sentem.
A quarta � oferecer valida��o: "Seus sentimentos s�o reais, s�o importantes, s�o compreens�veis, qualquer um se sentiria assim."
A quinta � ficar em segundo plano se o adolescente quiser saber sua opini�o porque ainda est� formando a sua. Apenas diga: "Prometo que vou lhe dar minha opini�o, mas primeiro quero saber o que voc� pensa e sente agora, porque isso � muito mais importante do que o que eu penso".
A sexta � pedir permiss�o antes de compartilhar qualquer observa��o. "Ei, voc� se importa se eu fizer algumas perguntas? Eu gostaria de entender melhor."
O s�timo � destacar comportamentos e qualidades positivas. "Voc� est� realmente lidando muito, muito bem com essa situa��o complexa e confusa."
A oitava � simplesmente lembrar que est� tudo bem se voc� cometer um erro; Claro, quanto mais cedo voc� se desculpar ou consertar a situa��o, maior a probabilidade de seu filho continuar falando com voc�. Voc� pode dizer: "Ei, quando eu disse XYZ, entendi errado. Sinto muito por n�o ter ajudado. Quero ser �til. Do que voc� precisa agora?"
A nona � agradecer ao seu filho por falar com voc�. Queremos que seja uma boa experi�ncia para eles. Diga a ele como voc� est� feliz por ele poder falar com voc� sobre isso.
BBC News Mundo - Li que voc� descreveu a situa��o como estado de emerg�ncia. Al�m da escuta neuroprotetora, o que os pais podem fazer para ajudar suas filhas a lidar com esses estressores?
Nakazawa - Explico 15 estrat�gias no livro, mas darei algumas das minhas favoritas.
Queremos ajudar nossos filhos a parar de ruminar, a n�o ficarem presos em um pensamento, por isso queremos garantir que eles tenham as habilidades para fazer isso. Quando falo com garotas em minhas confer�ncias, sempre digo a elas: "Voc� precisa se perguntar, o que seu corpo significa? Do que sua mente precisa?" N�s realmente queremos expandir as habilidades de nossas filhas para reformular seu pensamento.
O mindfulness [aten��o plena], o mover de seus corpos, a avalia��o de seus sistemas nervosos . Nas confer�ncias, todos querem que eu fale sobre resili�ncia. Bem, resili�ncia � realmente estar ciente do estado em que seu corpo est�. Como est� meu sistema nervoso? Estou realmente estressado? Estou ativado ou estou calmo e em paz? Reconhe�a esse estado e ent�o tenha ferramentas para retornar a um estado de bem-estar.
E queremos construir essas ferramentas que podem incluir qualquer coisa, desde conversar com um adulto ou mentor, fazer ioga, meditar, correr, caminhar na natureza, fazer um di�rio e respirar fundo.
Queremos garantir que eles tenham essas habilidades para avaliar seu sistema nervoso, descobrir o que desejam e o que precisam para voltar a um estado de bem-estar. Eles precisam de n�s, porque pegam emprestado nosso estado de estresse. Eles pegam emprestada nossa neurobiologia. A frequ�ncia card�aca dos jovens se alinha com a dos adultos ao seu redor. Eles come�am a se acalmar, quando nos acalmamos, mas tamb�m precisamos ensin�-los a ter essas habilidades.
As meninas precisam ser ensinadas a responder a vozes sexistas porque esse � um estressor que elas enfrentam e � amplificado online, como ter um tio que faz piadas sexistas. Existem estudos em faculdades e escolas de ensino m�dio que mostram que quando as meninas aprendem a responder — em ambientes onde podem fazer isso com seguran�a porque nem sempre � o caso, como sabemos pela viol�ncia contra as mulheres — elas se saem melhor, se sentem menos desesperadas, menos triste.
A psicoterapia tamb�m ajuda. Sabemos que ter dois adultos de confian�a, al�m dos pais, que acreditam em voc�, que sentem que voc� pe importante e te apoiam faz uma grande diferen�a no crescimento deles.
Desconectar-se da internet tamb�m � importante. Os jovens tamb�m querem que os adultos desliguem nossos telefones. As meninas me dizem isso o tempo todo.
A educa��o sobre as m�dias sociais precisa ser desenvolvida. A coisa mais importante e �til que podemos fazer para ajud�-los a se desconectar � faz�-los pensar criticamente: "Ei, quem est� ganhando dinheiro com isso? Por qu�? Como esses algoritmos s�o amplificados como grandes sentimentos ruins? Por que esses posts no TikTok que tiram sarro dos corpos das meninas? Por que as contas das garotas que se sexualizam s�o t�o populares? O que h� de errado nisso? Como elas se sentem depois de usar esses aplicativos? Voc� se sente melhor consigo mesma? Voc� sente mais medo? Voc� se sente mais sozinha? Voc� se sente envergonhada? Voc� se sente culpada?".
As redes sociais s�o projetadas para produzir grandes emo��es. E eles favorecem falsidades positivas e negativas. No primeiro caso, parece que est� tudo �timo: “Olha como eu sou linda, meu mundo � maravilhoso”. Na segunda, focam no negativo, nas divis�es, na vergonha, no cancelamento das pessoas.
E a vida realmente � vivida mais na zona cinzenta, mas na internet nossas meninas est�o presas nesse pensamento preto e branco. Portanto, quando estiverem online, ajude-as a entender bem como se sentem em resposta ao que veem. A vida dessas pessoas � sempre t�o positiva? Como isso faz voc� se sentir sobre si mesmo? Voc� acha que � verdade? Ajude-os a avaliar seu sistema nervoso, porque se voc� se sentir deprimido e sentir que n�o est� preparado para isso, se voc� se sentir feio, n�o � bom o suficiente ou est� sendo social ou emocionalmente exclu�do, isso ir� acelerar seu sistema imunol�gico em maneiras que s�o muito ruins para o c�rebro e isso � um sinal de que voc� est� sendo usado.
Por fim, tire os telefones do quarto. Tenha uma caixa de sapatos onde caibam todos os telefones, inclusive os dos pais, todas as noites. Seu telefone n�o precisa ser seu rel�gio e despertador. Temos que recuperar a vida familiar normal longe da tecnologia.
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