'Duda Cavaco' e Vitória se beijando

'Duda Cavaco' e Vit�ria se conheceram no Instituto Mano Down e namoram h� um ano

Arquivo pessoal

 

O professor de taekwondo Lucas Gon�alves dos Santos, de 28 anos, diagnosticado com paralisia cerebral, e a atleta de t�nis de mesa cadeirante Camila dos Santos Ribeiro, de 24, t�m uma linda hist�ria de amor. Eles curtem relembrar como se conheceram e como o casal mant�m uma rotina saud�vel em meio �s dificuldades. “Nos conhecemos em uma competi��o de turnos no est�gio do Programa Superar. Fiquei procurando o Instagram dela e depois de uma coincidente marca��o, consegui segui-la e ela me seguiu de volta”, conta Lucas.  

 

“Come�amos a conversar e sair com nossos amigos. Em um dia de ‘rol�’ com a galera do est�gio, eu estava em Betim com minha equipe de taekwondo e voltei correndo para aproveitar a oportunidade de conhecer melhor a Camila. Ela disse que tinha interesse em mim tamb�m e me enrolou dois meses para dar o primeiro beijo. Mas eu n�o desisti dela, sou calmo e paciente. At� que num belo dia, fomos ao shopping e, na hora de ir embora, perdemos o �ltimo �nibus que poderia lev�-la para a casa da irm�. Por um acaso do destino, tivemos tempo e ficamos conversando e trocando carinhos, quando finalmente saiu o beijo. Desde ent�o, estamos juntos at� hoje, faz um ano e dois meses”, diz o professor. 

 



Para eles, a uni�o � a chave para superar qualquer obst�culo. “Minha rotina hoje � de estudos e trabalho. Sou designer gr�fico e trabalho com marketing digital, j� Camila trabalha na Ag�ncia Nacional de Transportes Terrestres. Todo final de tarde, busco a Camila no trabalho e fa�o companhia at� ela pegar o �nibus. Com isso, nossos maiores desafios s�o o deslocamento, no caso pegar �nibus e metr� cheios. Camila mora longe, em um bairro onde as ruas s�o mal feitas, e os lugares n�o t�m acessibilidade para cadeirantes, isso me deixa muito irritado.”


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A escassez de informa��es e a falta de conscientiza��o sobre a import�ncia da inclus�o contribuem para dificultar a participa��o plena das pessoas com defici�ncia na sociedade, agravando os casos de preconceito. “Sofri muito preconceito por causa da minha fala, pois tenho a l�ngua presa. Nesse caso, a popula��o n�o precisa falar. N�s, PCDs, j� percebemos de longe o comportamento preconceituoso s� pelo olhar. A linguagem corporal muda completamente. No caso da Camila, eu percebi nas ruas, no dia a dia as pessoas a olham como ‘coitadinha’, mas quem convive com n�s dois, sabe que conseguimos fazer tudo sozinhos. N�s temos uma mente muito aberta de como lidar com cada situa��o, � s� ignorar e fazer o nosso”, relata.

Lucas e Camila

Lucas e Camila est�o juntos h� um ano e dois meses: ele com paralisia cerebral, e ela cadeirante

Arquivo pessoal

Dan�a e cinema

Eduardo Gontijo Vieira Gomes, de 32, mais conhecido como ‘Dudu do Cavaco’, � m�sico e casado com a modelo profissional Vit�ria Rosa Salgado, de 27. O casal, que est� junto h� um ano, tem s�ndrome de Down. Eles se conheceram no Instituto Mano Down. “Tinha uma col�nia de f�rias e a Vit�ria estava dan�ando a dan�a do ventre em um show de calouros que estava acontecendo. De repente, meu olho arregalou quando a vi. Depois, teve uma sess�o de cinema e eu fui chegando perto dela para assistir ao filme. Ela virou para mim e eu lasquei um beijo na boca dela”, conta o m�sico.

 

Para Dudu, a rotina do casal n�o tem desafios, sendo bem ativa e divertida. “A gente passeia, vai ao shopping, shows e palestras”. Por�m, Eduardo relata que durante a �poca da escola sofreu muito com o preconceito, principalmente quando percebia os olhares sobre ele. Hoje em dia, Dudu lida de maneira diferente e por meio da m�sica se tornou o primeiro m�sico com S�ndrome de Down do pa�s. Ele e Vit�ria j� somam mais de 80 mil seguidores nas redes sociais, mostrando que o comprometimento intelectual n�o anula e nem reduz o desejo de amar. 

 

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Pessoas com s�ndrome de Down demonstram um amor singular e encantador, que ultrapassa preconceitos e estere�tipos. Com uma pureza de sentimentos admir�vel, elas amam de forma incondicional e sem barreiras. Sua capacidade de expressar afeto e estabelecer conex�es emocionais profundas � inspiradora. O amor das pessoas com s�ndrome de Down nos ensina a valorizar o verdadeiro significado do amor, guiado pela autenticidade, simplicidade e uma profunda conex�o humana. 

Explos�o de rea��es 

Segundo a psic�loga e psicoterapeuta familiar e sist�mica, Simone Torres e Silva, o amor � um dos sentimentos que mais proporciona rea��es em nosso c�rebro e em nosso corpo. “Temos borboletas no est�mago, calafrios, boca seca, cora��o disparado, noites em claro e uma infinidade de “sintomas”. Cientificamente falando, amar faz com que sejam liberadas subst�ncias qu�micas, tais como dopamina, ocitocina, adrenalina, em nosso corpo, trazendo sensa��es como ansiedade, prazer, euforia, conforto, apego entre outras tantas. Naturalmente como efeito, vemos os enamorados com olhos brilhantes, pele e cabelo bonitos, se cuidando mais fisicamente”. 

 

Em meio a uma sociedade cada vez mais conectada e voltada para relacionamentos, � poss�vel encontrar indiv�duos que optam por evitar o amor. Essas pessoas, por diversos motivos, escolhem manter uma dist�ncia emocional das rela��es afetivas. “O que percebo, atrav�s da experi�ncia, � que muitas vezes pessoas tentam de alguma forma “camuflar” o sentimento ‘amor’ dando a ele uma nova roupagem, por vezes de raiva, insatisfa��o, n�o merecimento e outros nomes que escuto. E com essa roupagem colocam-se numa posi��o de escolher sentir. No entanto, percebo que estas vivem incongruentemente, pois dizem uma coisa e sentem outra. Tentam se enganar com um belo discurso, mas vivem no �ntimo em pleno sofrimento por n�o aceitarem a sua verdade”, complementa Simone.

 

* Estagi�ria sob supervis�o da editora Ellen Cristie