Diarreia em crian�as: quando os pais devem se preocupar?
Pediatras alertam sobre a import�ncia de observar sinais de desidrata��o; diarreia ainda � uma das principais causas de mortes de crian�as menores de 5 anos
A OMS define diarreia aguda como "a mudan�a do h�bito intestinal caracterizada pela ocorr�ncia de elimina��o de tr�s ou mais evacua��es menos consistentes ou l�quidas" por dia, com dura��o de at� 14 dias
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Por Gabriela Malta
A diarreia � uma das principais causas de mortes de crian�as menores de cinco anos. De acordo com a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), a diarreia provoca mais de mil mortes por dia em todo o mundo, principalmente em pa�ses com falta de saneamento b�sico e baixos �ndices de vacina��o.
A Sociedade Brasileira de Pediatria divulgou recentemente um Guia Pr�tico de Atualiza��o sobre diarreia aguda infecciosa com uma aten��o especial em rela��o �s formas de diagnosticar e monitorar o paciente para evitar a interna��o e administra��o de soro endovenoso de forma desnecess�ria. Voltado para os m�dicos, o guia aborda informa��es sobre quando e quais medicamentos os profissionais devem adotar no tratamento da diarreia aguda e sobre o uso de probi�ticos em dist�rbios gastrointestinais.
"Alguns probi�ticos podem ajudar a reduzir a dura��o da diarreia em at� um dia. A gente sabe que esse efeito pode ser importante para o bem-estar da crian�a e para a rotina da fam�lia, j� que a crian�a com diarreia n�o pode ir para escola ou para a creche. Mas a administra��o de probi�ticos deve ficar a crit�rio do pediatra, pois n�o s�o todos os tipos que s�o recomendados", explica a pediatra Maria do Carmo Barros de Melo, do Departamento de Gastroenterologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
O guia traz tamb�m a recomenda��o de administra��o de zinco, que pode reduzir a dura��o do quadro e ocorr�ncia de novos epis�dios em crian�as menores de cinco anos. "Mas � o pediatra quem deve estar atento e avaliar se seu paciente precisa ou n�o deste tratamento", recomenda a pediatra.
Como identificar diarreia aguda em crian�as?
A OMS define diarreia aguda como "a mudan�a do h�bito intestinal caracterizada pela ocorr�ncia de elimina��o de tr�s ou mais evacua��es menos consistentes ou l�quidas" por dia, com dura��o de at� 14 dias. Portanto, pais ou respons�veis devem estar atentos com a frequ�ncia, quantidade e consist�ncia das fezes da crian�a. A m�dica explica que beb�s em aleitamento materno exclusivo costumam evacuar mais vezes ao dia, �s vezes ap�s cada mamada, e n�o se trata de diarreia.
Os pais devem prestar aten��o em outros sinais de desidrata��o, como olhos fundos, boca seca, diminui��o de urina, aus�ncia de suor e sede e v�mitos excessivos. Se o beb� ou a crian�a estiver com diarreia, mas sem sinais de desidrata��o, ou seja, n�o perdeu peso, est�o alertas, est�o com a boca �mida, sem sede excessiva e, se choram, h� l�grimas, o tratamento pode ser feito em casa e consiste, principalmente, em manter a crian�a hidratada.
"Os respons�veis devem aumentar a oferta de l�quidos, de prefer�ncia �gua, e, ap�s cada epis�dio de diarreia, administrar o soro de reidrata��o oral (SRO), dispon�vel no SUS [Sistema �nico de Sa�de] ou nas farm�cias. N�o devem oferecer refrigerantes ou bebidas 'ado�adas'", orienta a pediatra.
Segundo o guia da Sociedade Brasileira de Pediatria e de acordo com as orienta��es do Minist�rio da Sa�de, o volume de SRO a ser oferecido ap�s cada evacua��o diarreica varia de acordo com a idade da crian�a:
Crian�as menores de um ano: de 50 a 100mL de SRO
Crian�as entre um e dez anos: 100 a 200mL de SRO
Acima de 10 anos: o volume tolerado
Quando procurar ajuda m�dica?
A pediatra enfatiza que, caso n�o haja melhora do quadro ou perda de peso, aumento da frequ�ncia ou do volume da diarreia, v�mitos repetidos, sangue nas fezes, ou outros sinais de desidrata��o como diminui��o da diurese, sede excessiva ou recusa de alimentos, a crian�a deve ser avaliada por um m�dico.
"A gente sempre pede para que os pais observem o estado geral da crian�a. Se ela estiver muito caidinha, sem fazer xixi, com muita sede e v�mitos frequentes, a� chegou o momento de uma avalia��o m�dica", diz a pediatra Gabriela Bonente, m�dica intensivista pedi�trica do Hospital Israelita Albert Einstein.
Bonente explica que o tratamento do paciente com diarreia pode envolver administra��o de medicamentos antipir�ticos, antiem�ticos ou antibi�ticos, dependendo dos sintomas, e administra��o de soro de reidrata��o via endovenosa em unidade hospitalar, dependendo da gravidade do caso.
A import�ncia da vacina��o
V�rus como o rotav�rus, norov�rus e adenov�rus s�o a principal causa de diarreia aguda e o rotav�rus � o agente mais frequente de diarreia grave em crian�as menores de cinco anos de idade. Segundo o Minist�rio da Sa�de, infec��es por rotav�rus provocam mais de 200 mil mortes por ano no mundo.
Resultados de uma pesquisa coordenada pela OMS com a participa��o da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam que o rotav�rus � respons�vel por 33% das interna��es. Mas, segundo Melo, do Departamento de Gastroenterologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, com o in�cio da vacina��o para rotav�rus este cen�rio tem mudado um pouco: "por esta raz�o � muito importante manter o cart�o de vacina em dia", diz.
A transmiss�o se d� por via fecal-oral, por meio do contato pessoa a pessoa, ingest�o de �gua e alimentos contaminados, contato com objetos contaminados e propaga��o a�rea por aeross�is. Al�m disso, o rotav�rus pode ser encontrado em altas concentra��es nas fezes de crian�as infectadas.
Por isso, os especialistas citam a vacina��o contra rotav�rus como uma das principais medidas de preven��o. Bonente explica que tanto no SUS quanto na rede particular t�m vacinas contra o rotav�rus.
"A �nica diferen�a � que a vacina dispon�vel no SUS protege contra um tipo de rotav�rus e a dispon�vel na rede particular protege contra cinco tipos. Mas, sabemos que a vacina que protege contra um tipo j� � suficiente para reduzir os n�meros de casos graves porque a vacina protege indiretamente contra os demais tipos tamb�m. Ent�o, mesmo que a crian�a pegue o v�rus, a infec��o ser� muito mais branda se ela estiver vacinada", diz.
O esquema de vacina��o contra o rotav�rus humano � de duas doses, exclusivamente via oral aos dois e quatro meses de idade, sendo que a primeira dose pode ser administrada a partir de um m�s e 15 dias e, a segunda dose, pode ser administrada a partir de tr�s meses e 15 dias at� sete meses e 29 dias.
Al�m de manter a carteira de vacina��o em dia, outras medidas que ajudam a prevenir a transmiss�o e contamina��o por rotav�rus s�o:
Lavar sempre as m�os, com �gua limpa e sab�o, antes e depois de utilizar o banheiro e preparar ou manipular alimentos.
Descartar fraldas e lixo corretamente, ou seja, de uma forma que n�o contamine o solo e fontes de �gua.
Lavar e desinfetar as superf�cies, utens�lios e equipamentos usados na prepara��o de alimentos e conservar alimentos perec�veis na geladeira.
Aleitamento materno seguindo as recomenda��es do Minist�rio da Sa�de, ou seja, exclusivamente at� os seis meses e continuada at� os dois anos de idade, pois os anticorpos da m�e tamb�m protegem o beb�.
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