Camundongo transparente sendo levantado por pinça

Tudo dentro do camundongo %u2013 seus nervos, tecidos e �rg�os %u2013 ficam invis�veis depois de um processo qu�mico

Divulga��o/HELMHOTZ MUNICH

Um novo m�todo que consiste em examinar camundongos transparentes mortos pode melhorar significativamente os testes com novas drogas contra o c�ncer, uma vez que a inova��o permite encontrar tumores que antes eram pequenos demais para serem detectados.

O professor Ali Ert�rk, do centro de pesquisas Helmholtz Munich, na Alemanha, descobriu como tornar um camundongo transparente em 2018. De l� pra c�, o m�todo foi aperfei�oado e detalhado em um artigo publicado nesta segunda-feira (10/07) na revista cient�fica Nature Biotechnology.




A cria��o do camundongo transparente envolve a remo��o de todas as gorduras e pigmentos de seu cad�ver, por meio de um processo qu�mico. A cobaia acaba parecendo um brinquedo de pl�stico transparente, ligeiramente flex�vel.

A equipe tamb�m usa produtos qu�micos para ressaltar tecidos espec�ficos que, com o novo m�todo, podem ser observados em microsc�pios e exames de imagem com muitos detalhes.


Em uma das primeiras aplica��es, a equipe detectou tumores cancer�genos nos est�gios iniciais de forma��o.

"Exames de resson�ncia magn�tica e de tomografia mostrariam apenas grandes tumores. Os nossos mostram tumores em uma �nica c�lula, o que esses exames de jeito nenhum conseguem", aponta Ert�rk.

"Os medicamentos atuais prolongam a vida por alguns anos e depois o c�ncer volta. Isso ocorre porque o processo de desenvolvimento [dos tratamentos] nunca incluiu a elimina��o desses pequenos tumores, que nunca foram vis�veis."


Ali Ertürk segurando rato transparente com pinça em laboratório

Ali Ert�rk descobriu como tornar um camundongo transparente em 2018 e, desde ent�o, aperfei�oou o m�todo

Divulga��o/HELMHOTZ MUNICH

Medicamentos geralmente s�o testados primeiro em camundongos, e os efeitos do tratamento s�o acompanhados por meio de exames de imagem convencionais.

No m�todo criado por Ert�rk, apenas camundongos mortos podem ser analisados — e somente algumas cobaias precisam ser transparentes.

A equipe tamb�m est� armazenando imagens das cobaias em formato 3D. Desta forma, os pesquisadores que precisarem analisar diferentes partes do animal ou quiserem realizar novos experimentos podem acessar uma biblioteca com imagens anteriores, em vez de usar outro camundongo.

O professor Ert�rk acredita que a t�cnica pode reduzir em dez vezes o uso de animais de laborat�rio.

A Cancer Research UK, uma entidade dedicada a pesquisas sobre o c�ncer no Reino Unido, afirmou que a nova t�cnica tem "muito potencial".

Rupal Mistry, gerente de informa��es de pesquisa da entidade, explicou o entusiasmo.

"Embora os pesquisadores s� possam usar a t�cnica para examinar corpos de camundongos mortos, ela pode nos dizer muito sobre como o c�ncer se desenvolve nos est�gios iniciais da doen�a. Ser capaz de visualizar tumores no corpo todo dar� tamb�m aos pesquisadores uma maior compreens�o do impacto de diferentes medicamentos e tratamentos", afirma Mistry.

O m�todo atualmente � testado contra o c�ncer, mas acredita-se que ele possa ser adaptado para o estudo de v�rias outras doen�as, permitindo que os pesquisadores vejam coisas nunca antes vistas.

Os estudos com camundongos costumam ser o ponto de partida para aprender sobre os processos no corpo humano, mas a nova t�cnica pode ser usada em qualquer animal.

O processo pode eventualmente ser aplicado em humanos, tornando nossos tecidos e �rg�os transparentes —, mas isso � improv�vel, porque n�o parece haver avan�os em pesquisas m�dicas poss�veis nesse est�gio de um corpo humano j� formado.


Dois exames de imagens de cobaias

A imagem azul mostra os resultados do novo m�todo, com v�rios pequenos pontos identificando tumores; um exame convencional (imagem em branco) mostra apenas as maiores concentra��es de tumores

ALI ERTURK/NATURE

A biom�dica Nana-Jane Chipampe, do Instituto Wellcome Sanger, no Reino Unido, est� entusiasmada com a perspectiva de usar a nova t�cnica para estudar como as c�lulas se desenvolvem no corpo humano. Atualmente, ela precisa de estratos muito finos de tecido para estud�-los no microsc�pio.

"[O m�todo] Tem o potencial de identificar novas c�lulas, tecidos e doen�as que realmente nos ajudar�o a entender o desenvolvimento de doen�as."

A l�der de sua equipe, a m�dica e professora Muzlifah Haniffa, est� produzindo um atlas online de todas as c�lulas do corpo humano. Haniffa diz que a t�cnica de digitaliza��o desenvolvida pela equipe de Ert�rk ser� �til para todos os tipos de pesquisa m�dica.

"Sem d�vida, vai acelerar o ritmo das pesquisas m�dicas", diz a m�dica.

"Combinar essas tecnologias de ponta e construir o atlas das c�lulas humanas sem d�vida revolucionar� completamente a medicina."