O atleta e professor Rafael Spin Ara�jo coleciona t�tulos. Desde 2010, � o primeiro no ranking brasileiro
T�lio Santos/EM/D.A Press
A pr�tica esportiva segue, e muito, as caracter�sticas regionais de onde � realizada. A partir do momento em que um esporte nasce em uma regi�o e � difundido para outros locais, algumas quest�es influenciam para que tenha sucesso, desde aspectos financeiros e a infraestrutura que vai receber a atividade, at� formas de marketing e divulga��o ou a rela��o com outras modalidades que eventualmente se destaquem mais em cada regi�o. Isso acontece, por exemplo, com as lutas que sa�ram de outros pa�ses para chegar ao Brasil, ou com a capoeira, "produto" nacional para exporta��o. � o que observa o professor de educa��o f�sica e fisioterapeuta Elliot Paes.
"E o kickboxing n�o chegou por aqui de outra forma. Claro que quem tem o esporte mais perto est� mais propenso a praticar. Isso tudo considerando que esportes diferentes preveem demandas diferentes em rela��o �s capacidades f�sicas e fun��es musculares exigidas para a pr�tica, partindo dos n�veis iniciais at� os mais elevados", aponta Elliot.
Ele ressalta que os grandes benef�cios tamb�m t�m a ver com a prepara��o para participar da modalidade. � o que se chama uma funda��o, ou base atl�tica, explica. "� o que todos que participam de uma forma mais direcionada ou organizada de um esporte deveriam ter. Principalmente j� a partir da escola. Para qualquer modalidade, dar uma boa estrutura �quela crian�a que est� em matura��o, em crescimento, para ingressar de forma mais eficiente naquela atividade � fundamental", pontua Elliot, lembrando que o kickboxing � um esporte que n�o est� isento da ocorr�ncia de les�es. "O praticante deve estar preparado para, a todo momento, ter condi��es de exercer com efici�ncia as qualidades f�sicas exigidas", acrescenta.
Thiago Michel Pereira da Silva, de 39 anos, recebeu do pai a paix�o pelo kickboxing. � filho de Ely Pereira e Silva, refer�ncia no esporte. Todos os dias, quando Ely sa�a de casa para ir � academia, quando ainda dava aulas de taekwondo, o garoto ia junto. Entre idas e vindas, o come�o de tudo. Aos seis anos, ele pediu para entrar nas aulas, primeiramente de taekwondo. Aos 8, passou a praticar tamb�m o kickboxing - de forma exclusiva a partir dos 12. "Nunca perdi a identidade do taekwondo. � minha base para o kickboxing", diz. E n�o parou mais, ele que, aos 16 anos, j� era faixa preta, agora faixa preta 3º dan.
Por 24 anos, Thiago participou de competi��es nacionais e internacionais, sempre se inspirando no pai Ely
Leandro Couri/EM/D.A Press
T�tulos
Dos 8 aos 32, a rotina era participar de competi��es em Minas (BH), em outros estados brasileiros e fora do pa�s. Thiago j� disputou mais de 190 lutas e, com o kickboxing, esteve no Chile, Paraguai, Espanha, R�ssia e Estados Unidos. Entre muitos t�tulos, ele foi por quatro vezes campe�o da Copa do Mundo de Kickboxing Wako e tamb�m esteve nos tr�s mais importantes eventos do esporte mundial: o WGP, maior evento de kickboxing da Am�rica Latina, quando foi campe�o e conquistou o cintur�o; no Glory, maior evento de lutas em p� do mundo, em que fez uma luta e tamb�m foi campe�o; e o Bellator, grande evento de MMA, com tr�s lutas.
Para Thiago, o kickboxing � uma oportunidade de criar novos v�nculos, construir amizades e conhecer pa�ses. Quando o foco � a sa�de, ele destaca os ganhos no bem-estar mental e emocional, a tranquilidade alcan�ada, o combate ao estresse, a chance de extravasar. Sob a �tica de professor (d� aulas desde os 16 anos), Thiago ressalta a import�ncia do praticante procurar um profissional qualificado, de prefer�ncia filiado a alguma entidade que organiza o esporte. "Para mim, o melhor � poder viver tudo isso do lado do meu mestre, que � meu pai. Mais que t�tulos, � poder estar com ele, que me abriu tantos caminhos", diz.
O atleta e professor de kickboxing Rafael Spin Ara�jo, de 31 anos, sempre gostou de lutas - n�o fica t�mido em dizer que, inclusive, tinha um temperamento briguento na inf�ncia. Aos 16 anos, pediu � m�e para lhe colocar em uma aula de luta, e o primeiro contato foi mesmo com o kickboxing, em uma academia perto de sua casa, em BH. O professor, Jo�o Guedes, que fazia parte da equipe de Ely Pereira, logo percebeu seu potencial e, j� com tr�s meses de pr�tica, sugeriu a inscri��o no campeonato mineiro. Foram nove lutas. Rafael ganhou todas e foi campe�o. Ely e Thiago, depois de assistir ao embate, fizeram o convite para que ingressasse na equipe. Com o t�tulo mineiro, a classifica��o para a competi��o nacional � autom�tica. Em sua primeira participa��o, em 2009, Rafael, ent�o com 17 anos, n�o ganhou, mas essa hist�ria mudou e se tornou sin�nimo de vit�ria.
Elliot Paes, fisioterapeuta e educador f�sico: 'Praticante deve estar preparado'
Arquivo pessoal
Invicto
Aos 18, repetiu todo o processo de competi��es, em n�veis regional, nacional e internacional, e venceu tudo o que disputou. Em 2010, foi campe�o mineiro, brasileiro, da Copa do Brasil e do Pan Americano. N�o parou mais. Hoje, faixa preta 2º dan, � dono de muitos trof�us. Fora do Brasil, ganhou competi��es na S�rvia, Hungria, Cro�cia, Chile, e M�xico. Foi campe�o mundial em 2014, vice-campe�o mundial em 2017, campe�o da Europa neste ano, conquistou o Pan Americano quatro vezes consecutivas e o Sulamericano tr�s vezes consecutivas. Est� invicto no Brasil h� 10 anos e em 2017 foi considerado o melhor atleta do mundo em sua categoria. No ranking brasileiro, � o primeiro desde 2010, � o quinto colocado do planeta em uma categoria e 13º do mundo em outra.
Rafael diz que uma das coisas que gosta no esporte � a variabilidade que a t�cnica permite - � poss�vel aplic�-la de diferentes formas, imprimindo a pr�pria personalidade dentro do que a regra permite. "Com minha viv�ncia no esporte, posso incentivar as pessoas a constru�rem a pr�pria hist�ria de forma mais leve, menos agressiva. Muita gente tem preconceito quando se fala de luta, mas depende da forma como � trabalhada. Tamb�m me agrada poder dar aulas. O kickboxing me cativa, me encontrei na luta", relata.
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