Vibradores n�o viciam, mas podem limitar prazer da mulher, dizem especialistas

S�O PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A vida sexual de muitas mulheres mudou quando descobriram um parceiro quase perfeito. Ele acha facilmente o clit�ris, se mexe em diferentes velocidades e nunca perde a const�ncia. Sem precisar dizer uma palavra, pode ficar mais lento, r�pido, profundo ou superficial. Faz movimentos circulares ou em zig zag. S� n�o tem um corpo, j� que � um brinquedo vibrador, e precisa ser usado com modera��o.

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Especialistas apontam que o uso constante de vibradores, sem varia��o de est�mulos no corpo, pode limitar a satisfa��o sexual --efeito contr�rio ao desejado por quem o procura.

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"A pessoa se habitua a esse tipo de est�mulo e qualquer outro que n�o seja da mesma ordem acaba n�o sendo interessante", diz Carmita Abdo, psiquiatra e coordenadora do ProSex (Programa de Estudos em Sexualidade), da USP (Universidade de S�o Paulo).

A advogada Lorena (nome fict�cio, a pedido), 35, come�ou a usar o artefato h� cinco anos para ativar a libido, o que funcionou. Com o passar do tempo, por�m, ficou dependente do brinquedo para chegar ao orgasmo.

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"Voc� impulsiona tanto a �rea, com grande pot�ncia, que acaba se acostumando a uma estimula��o muito forte", diz ela.

Agora, diz que seu prazer est� "mecanizado", concentrado no �rg�o genital e sem tanta intensidade em outras partes do corpo.

Lorena tem cinco vibradores de diferentes formatos, dos quais n�o pretende abrir m�o. "Quero adquirir mais, mas melhorar minha rela��o com o uso", afirma. "Venho maturando a ideia de procurar terapias sexuais".

At� o momento, n�o h� pesquisas que indiquem qualquer tipo de v�cio pelo vibrador possa prejudicar a sensibilidade da regi�o do clit�ris.

Segundo a especialista em sexualidade humana pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de S�o Paulo), Michelle Sampaio, pacientes relatam dificuldade em ter orgasmo sem o aux�lio brinquedo sexual. A resposta, ent�o, seria variar o est�mulo.

Dedos, pr�tica oral, penetra��o por outras pessoas e contato corporal s�o indicados. Al�m disso, os vibradores podem ser usados em diferentes pulsa��es, intensidades e locais do corpo.

"Toda mulher deveria usar vibrador, a gente s� precisa tomar cuidado com o excesso", diz Sampaio.

Segundo a terapeuta de casais e sex�loga Marcela Benati, os vibradores t�m mais benef�cios do que malef�cios.

"No consult�rio, a gente usa o vibrador para tratar quase todos os tipos de disfun��es sexuais das mulheres. Ele � um massageador e, massageando a musculatura genital, aumenta a irriga��o, ent�o aumenta o prazer, a lubrifica��o e melhora a atrofia vaginal", afirma

Um estudo feito nos Estados Unidos, publicado no �ltimo ano na revista cient�fica The Journal of Urology, concluiu que o uso regular de vibradores por mulheres proporciona benef�cios al�m do prazer sexual. Os pesquisadores da Cedar-Sinai Medical Center afirmaram que o aparelho estimula a sa�de e for�a do assoalho p�lvico, reduz a dor vulvar e � favor�vel no tratamento da incontin�ncia urin�ria.

A produtora cultural Tatyanna Hayne, 39, embaixadora da organiza��o Livres de Ass�dio, tem tr�s brinquedos sexuais que s�o sua companhia por onde quer que ela v�. Eles receberam os apelidos carinhosos de Vivi (um vibrador), Susu (um sugador) e Ti�o (que vibra e suga).

"Minha rela��o com a masturba��o come�ou bem nova, n�o com vibrador, mas com outros objetos. Minha m�e sempre conversou comigo e disse que era importante ter o meu prazer", diz.

Ela afirma que o uso n�o interferiu nos seus relacionamentos com homens. "Sinceramente, acho que isso n�o tem a ver com a const�ncia, pode at� melhorar a rela��o", diz, citando que varia as formas de uso dos aparelhos.

Isso n�o significa, por�m, facilidade no orgasmo com parceiros de carne e osso. "Voc� tem que estar muito � vontade. J� n�o vou mais para rela��es sexuais com tanta frequ�ncia e deixou de ser um problema para mim".

Carmita Abdo diz que esperar a mesma intensidade de est�mulo do vibrador em rela��es sexuais a dois (ou mais) pode ser frustrante. Mesmo que alcan��vel, exige conversa. No sexo, segundo ela, a mulher precisa comunicar o que mais gosta, sem sentir vergonha ou ter medo de melindrar a outra pessoa. Para isso, � necess�rio treino.

O ideal � que as mulheres ampliem ao m�ximo as possibilidades de satisfa��o sexual, diz ela. "Ningu�m precisa demonizar o vibrador ou a masturba��o, o problema � dosar. Se voc� exclui tudo e deposita no vibrador, voc� se limita -e a ideia � ampliar".