caminhada

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(Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O n�mero de passos que uma pessoa precisa dar diariamente para come�ar a cuidar da sa�de � menor do que se pensava. O maior estudo feito at� o momento sobre o tema mostra que com menos de 4 mil passos — n�o os tradicionais 10 mil — j� � poss�vel usufruir dos benef�cios. Segundo a pesquisa, 3.967 passos por dia reduzem o risco de morte por qualquer causa. Uma quantidade ainda menor, 2.337, reduz a chance de falecimento em decorr�ncia de doen�as cardiovasculares.

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O artigo publicado, nesta ter�a-feira (08/08), na revista European Journal of Preventive Cardiology mostra tamb�m que, quanto mais se caminha, maior a prote��o. Um aumento de mil passos di�rios, por exemplo, se associou � diminui��o de 15% no risco de �bito por qualquer raz�o. Enquanto um incremento de 500 passos esteve relacionado a uma queda de 7% na possibilidade de perder a vida devido a complica��es cardiovasculares.

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De forma geral, quem d� 5.537 passos di�rios tem um risco 48% menor de morte do que quem caminha 3.967, que � considerado o m�nimo de prote��o para �bito por todas as causas. Em pessoas com 60 anos ou mais, por�m, os impactos na vulnerabilidade foram menores. A equipe observou redu��o de 42% no risco de �bito entre idosos que caminhavam entre 6 mil e 10 mil passos por dia e queda 49% quando considerou apenas volunt�rios mais jovens e com o h�bito de caminhar de 7 mil a 13 mil passos.

Para chegar �s conclus�es, os cientistas analisaram informa��es de 226.889 indiv�duos, participantes de 17 estudos em diversos pa�ses, colhidas ao longo de sete anos. Maciej Banach, l�der do estudo, enfatiza que a mensagem principal do trabalho � de que o cuidado com a sa�de demanda menos esfor�o do que o imaginado. "Tanto para a mortalidade por todas as causas quanto para a mortalidade cardiovascular, s�o necess�rios apenas 4 mil passos por dia para prolongar significativamente a vida. E quanto mais passos di�rios, melhor para a sa�de", enfatiza o tamb�m professor de cardiologia da Universidade M�dica de Lodz, na Pol�nia, e da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

Novos h�bitos

Os autores do artigo lembram que h� grandes evid�ncias de que um estilo de vida sedent�rio pode contribuir para o aumento de doen�as cardiovasculares e encurtar a vida. A estimativa � de que 25% da popula��o mundial n�o pratique atividades f�sicas, e a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) calcula que o sedentarismo � a quarta causa mais frequente de morte no mundo, com 3,2 milh�es de �bitos por ano.

Nesse cen�rio, mudar h�bitos e realizar atividades f�sicas � essencial, pontua Thiago Siqueira, cardiologista do Hospital Anchieta, em Bras�lia. O m�dico sugere atividades que podem fazer bem � sa�de e ser facilmente incorporadas � rotina. "� importante a gente sempre se manter ativo, ir para as pequenas atividades di�rias a p�. At� mesmo tentar descer as escadas do pr�dio quando poss�vel em vez de usar o elevador", lista. "N�o s�o somente aqueles exerc�cios intensos dentro de academia. Fazer essas atividades simples tamb�m rende benef�cios."

Banach explica que, com base nos resultados de pesquisas anteriores, � poss�vel afirmar que treinos intermitentes e intensos podem ser muito ben�ficos para a sa�de em geral, bem como para o cora��o. "As diretrizes europeias atuais sugerem que os adultos realizem pelo menos de 150 a 300 minutos por semana de atividade f�sica de intensidade moderada, ou de 75 a 150 minutos de exerc�cios muito intensos, ou uma combina��o equivalente de ambos, distribu�dos ao longo da semana", detalha.

Simplicidade

O pesquisador conta que a an�lise feita por ele e sua equipe focou apenas no n�mero de passos em vez da intensidade e do tempo necess�rios para realiz�-los. Segundo ele, essa an�lise pode facilitar a aplica��o das informa��es obtidas. "Contar os passos parece ser uma medida detalhada, mas � mais pr�tica em compara��o com se atentar ao tempo de atividade f�sica a ser realizado", explica.

Na avalia��o dos cientistas, a pesquisa evidenciou novas quest�es que precisam ser respondidas, incluindo se os benef�cios � sa�de podem ser observados em todas as pessoas e se as vantagens podem ser observadas quando se caminha muito. "Temos cada vez mais dados que sugerem que exerc�cios de intensidade extremamente alta, como competi��es de Ironman ou as corridas de 12 ou 24 horas, podem n�o estar associados aos benef�cios � sa�de esperados, mas a efeitos prejudiciais", diz Banach.

Ele e os colegas dedicam-se, agora, a uma nova investiga��o na tentativa de responder a essas novas quest�es. "Iniciamos um estudo com indiv�duos que andam mais de 20 mil passos por dia e com pacientes com diferentes doen�as cr�nicas para avaliar o impacto dos exerc�cios regulares na sa�de", conta.

Palavra de especialista: Impacto nos fatores de risco

Rodrigo Ot�vio Bougleux, diretor cient�fico do Grupo de Estudo em Cardiologia do Esporte da Sociedade Brasileira de Cardiologia

"Os benef�cios do exerc�cio f�sico para sa�de est�o intimamente ligados com a redu��o dos fatores de risco, como n�veis da press�o arterial e �ndices de a��car e gordura no sangue. Exercitar-se melhora quest�es �sseas e cognitivas, reduz a incid�ncia de depress�o e de ansiedade, e faz com que os praticantes comecem a regular os h�bitos alimentares. Tamb�m diminui o �ndice de obesidade e os �ndices inflamat�rios daqueles indiv�duos que treinam regularmente. Esse estudo � importante para que a popula��o entenda que � preocupante manter um estilo de vida sedent�rio. Temos uma literatura forte mostrando uma rela��o inversa entre a aptid�o f�sica e mortalidade n�o s� por causas cardiovasculares, mas por todas as causas. Quanto mais o indiv�duo se exercita, quanto mais ele aumenta os seus componentes da aptid�o f�sica, menor a mortalidade. Mas o mais preocupante, para mim, � a pessoa se manter sedent�ria. O estilo de vida sedent�rio aumenta, sim, as doen�as cardiovasculares e encurta a vida."