A caminhada, lenta ou moderada, foi considerada a melhor pr�tica para recuperar a for�a e a capacidade locomotora de pessoas que ficaram internadas em hospitais
Ao receber alta, idosos que passam algum per�odo internados podem, muitas vezes, sofrer a chamada s�ndrome p�s-hospitalar. Mesmo se antes n�o apresentavam problemas de locomo��o, o tempo de inatividade f�sica acaba comprometendo a mobilidade, uma condi��o associada a maior morbidade e mortalidade. Agora, um estudo publicado na revista The British Journal of Sports Medicine indica que apenas 25 minutos de caminhada moderada por dia � suficiente para combater os efeitos colaterais do repouso prolongado.
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De acordo com Borja del Pozo Cruz, autor correspondente do artigo e professor de ci�ncias da sa�de na institui��o espanhola, especialmente no caso de idosos, caso a s�ndrome p�s-hospitalar n�o receba a aten��o necess�ria, as consequ�ncias v�o de readmiss�o hospitalar a incapacidade permanente, retirando a autonomia do paciente. Em algumas situa��es, a falta de mobilidade e o retorno ao leito podem levar ao acometimento de outras enfermidades e, at� mesmo, �bito.
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"Pesquisas publicadas recentemente indicam que fazer com que os pacientes mais velhos saiam da cama e se movimentem pode ajudar a evitar o decl�nio f�sico, mas n�o est� claro que tipo de atividade, ou quanto dela, pode ser mais eficaz", destaca Pozo Cruz. Para descobrir a f�rmula ideal, os autores buscaram ensaios cl�nicos com pessoas com mais de 50 anos que haviam sido internadas por alguma doen�a grave e que receberam prescri��o de alguma atividade f�sica durante a interna��o.
A an�lise incluiu somente estudos com grupos de compara��o, em que um recebia os cuidados habituais e o outro praticava exerc�cios monitorados. Al�m disso, os artigos deveriam avaliar as altera��es na capacidade funcional, ou seja, de realizar atividades rotineiras da vida di�ria. Os autores tamb�m buscaram apenas pesquisas nas quais foram observadas, tamb�m, consequ�ncias adversas do sedentarismo no tempo de interna��o. Dos quase 3,8 mil participantes, 55% eram mulheres e tinham idades entre 55 e 87 anos. O tempo m�dio de hospitaliza��o foi de sete dias; e o de acompanhamento ap�s a alta, de 68 dias.
Ganhos
Os resultados da avalia��o indicaram que a dose m�nima necess�ria para combater os efeitos do repouso hospitalar e melhorar a capacidade funcional dos pacientes idosos internados foi 40 minutos por dia de atividade f�sica de intensidade leve ou cerca de 25 minutos de exerc�cios moderados. Os maiores ganhos ocorreram entre aqueles que se movimentaram de forma leve por 70 minutos di�rios ou moderadamente por 40 minutos.
"Em termos do melhor tipo de atividade f�sica para evitar o decl�nio f�sico, uma combina��o de atividade f�sica e caminhada em ritmo lento foi considerada a mais eficaz", observa Pozo Cruz. "Apenas a caminhada foi mais de 80% eficaz, com a dose ideal alcan�ada em cerca de 50 minutos/dia e a m�nima eficaz em 25 minutos/dia."
Consequ�ncias nocivas reduzidas
A an�lise de artigos sobre a prescri��o de exerc�cios para idosos acamados mostrou que a efic�cia da atividade f�sica aumentou desde a admiss�o at� a alta, atingindo o pico em torno de 19 dias ap�s a sa�da do hospital. A taxa de queda — ocorr�ncia mais comum depois desse per�odo — foi semelhante entre os grupos de interven��o e de compara��o, mas aqueles com prescri��o de atividade f�sica sofreram menos consequ�ncias adversas, em geral.
Os pesquisadores da Universidade de C�diz, na Espanha, reconhecem que havia pouca informa��o sobre a frequ�ncia de monitoramento ap�s a alta e que apenas os participantes que conseguiram se movimentar sem ajuda foram inclu�dos, o que pode enfraquecer as descobertas e limitar a aplicabilidade cl�nica mais ampla do estudo. Por�m, eles apontam que as evid�ncias compiladas s�o o que se tem de melhor, at� agora, sobre o tempo ideal de atividades f�sicas para combater a s�ndrome p�s-hospitalar.
Decl�nio
"Projeta-se que os adultos mais velhos representem mais de 60% da popula��o total de pacientes internados em hospitais at� 2030. Com base nas evid�ncias existentes at� o momento, esta revis�o mostrou o tipo ideal e a dose de atividade f�sica necess�ria para prevenir o decl�nio funcional e reduzir eventos adversos em idosos internados no hospital", diz o artigo.
Segundo os autores, "os efeitos ben�ficos dos programas de atividade f�sica supervisionados no hospital podem ser maximizados com apenas cerca de 25 minutos/dia de caminhada lenta, uma meta alcan��vel para a maioria idosos hospitalizados". Para os pesquisadores, os resultados "produziram informa��es cr�ticas para apoiar o uso da atividade f�sica como parte essencial da rotina di�ria de adultos mais velhos gravemente hospitalizados".
Um artigo anterior, de 2020, de pesquisadores da Universidade de Glasgow mensurou a inatividade de idosos internados e constatou que, entre 93% e 98,8% do tempo, os pacientes ficam sentados ou deitados. Os mais velhos passavam apenas 76 minutos por dia na posi��o vertical.
"Estudos recentes enfatizam a import�ncia de incorporar atividades f�sicas nos cuidados di�rios de idosos para melhorar os resultados cl�nicos, com foco na fun��o e independ�ncia nas atividades rotineiras", observa a autora correspondente, Jennifer Scott, da Escola de Medicina na institui��o. "No entanto, existem muitas barreiras institucionais para a atividade f�sica em hospitais, incluindo falta de apoio da equipe, falta de dispositivos auxiliares e medo de les�es", diz. Para Scott, � fundamental que, de volta ao ambiente dom�stico, os ex-hospitalizados recebam prescri��es de atividades f�sicas, "diminuindo, assim, o risco de decl�nio funcional".
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