Patrícia Vieira da Silva

Patr�cia Vieira da Silva, de 51 anos, sofreu durante muitos anos. Ela teve varizes quando engravidou da filha, aos 28

Arquivo pessoal

As varizes s�o um problema recorrente para 70% dos brasileiros e, de acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), 145 mulheres s�o internadas pelo Sistema �nico de Sa�de (SUS), diariamente, para tratamento. O dado mais alarmante, segundo o Minist�rio da Sa�de, est� no n�mero de interna��es: elas mais que dobraram em 2022, comparado ao ano anterior, tamb�m na rede p�blica.

Josualdo Euz�bio Silva, cirurgi�o vascular e membro da SBACV, explica que as varizes s�o veias dilatadas, decorrentes  do incha�o, marcando e ramificando o comprimento pelas pernas, cuja colora��o varia entre tons de azul, verde, roxo e vermelho. “A sensa��o de peso, acompanhada de dores, c�imbras, formigamento, coceira e cansa�o tamb�m s�o comuns. A condi��o acomete ambos os sexos, sendo mais comum entre as mulheres, que respondem � m�dia de seis interna��es por hora”, comenta.
 

V�rias s�o as causas para as varizes, sendo gen�ticas ou relacionadas a h�bitos e, at� mesmo, decorrentes do uso de  medicamentos. Outros fatores est�o na hereditariedade, envelhecimento, excesso de peso, sedentarismo, passar longos per�odos em uma �nica posi��o (em p� ou sentada) e uso de cal�ados inadequados. 
 

As mulheres t�m dois motivos a mais: consumo de produtos com horm�nio, como anticoncepcionais ou repositores, comuns na menopausa, e a gravidez, afinal, o peso do feto aumenta a press�o nas pernas. A jornaleira Patr�cia Vieira da Silva, de 51 anos, viveu essa situa��o quando engravidou da filha, aos 28. As varizes s�o heredit�rias na fam�lia dela, mas foi o peso do beb�, que se acomodou em apenas um lado da barriga, respons�vel pelo problema na perna esquerda.

A princ�pio, as linhas eram bem finas na regi�o do joelho e, posteriormente, j� �s v�speras do parto, a sobrecarga ficou t�o grande, que uma veia dilatada era vista saindo da regi�o da virilha com extens�o pelo membro. Patr�cia tamb�m teve uma gravidez ativa, �poca em que frequentou academia. Contudo, com o risco de um parto prematuro, suspendeu a atividade no sexto m�s.

A grande veia desapareceu ap�s o parto, mas as mais finas continuaram, provocando muitos inc�modos. Ela sentia dores que, �s vezes, a faziam mancar e n�o estava satisfeita com a est�tica da perna. A situa��o piorava no ver�o, com a temperatura dilatando os vasos e comprometendo a circula��o. A �nica solu��o foi a escleroterapia, algo passageiro, j� que novos vasos sempre apareciam.

Patr�cia demorou 15 anos, desde o nascimento da filha, para consultar um cirurgi�o vascular. V�rios exames foram realizados para a cirurgia de safenectomia - que retira a safena para controle. A condi��o melhorou, mas alguns vasinhos voltaram, depois de um tempo, devido ao car�ter tamb�m gen�tico, sendo que a  quantidade foi menor e, praticamente, sem dor. 

A safenectomia � indicada para veia muito dilatada, com potencial prejudicial para gerar �lceras nos membros, sendo um procedimento mais agressivo. Atualmente, diferentes t�cnicas existem e permitem manter as atividades di�rias, durante a recupera��o, sendo indicadas, conforme as caracter�sticas de cada caso.

Uma dessas op��es, ainda envolvendo a veia safena, � a cirurgia com endolaser para introduzir um cateter dentro da veia para fechamento, deixando-a inativa atrav�s do calor. A radiofrequ�ncia tamb�m � similar, por�m, sendo indicada para veias de maior calibre.

A microcirurgia de varizes tamb�m � pouco invasiva, feita em consult�rio  e sem a necessidade de interna��o. O cirurgi�o vascular pode usar anestesia local para remover todas as veias prejudicadas.

A cirurgia a laser tamb�m � uma das op��es, pois o calor emitido pelo laser transd�rmico elimina os vasinhos, sendo indicada para as ocorr�ncias de pequeno calibre.

Josualdo Euzébio Silva, cirurgião vascular

Josualdo Euz�bio Silva, cirurgi�o vascular

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
 

"A condi��o acomete ambos os sexos, sendo mais comum entre as mulheres, que respondem � m�dia de seis interna��es por hora"

Josualdo Euz�bio Silva, cirurgi�o vascular


CUIDADOS 

O especialista alerta que alguns cuidados precisam ser tomados por quem passa por esses procedimentos. O primeiro � usar meias de compress�o ap�s a cirurgia; as pernas devem ficar na horizontal; a atividade f�sica deve ser moderada e precisa evitar a exposi��o solar.

Patr�cia conta que, mesmo ap�s anos do procedimento, ainda mant�m os cuidados, mesmo que �s vezes seja dif�cil e, por isso, viu o surgimento de novos vasinhos. Ela usa as meias, principalmente durante o ver�o, mesmo que o calor insuport�vel possa tornar a sensa��o inc�moda e isso a impe�a de escolher roupas mais frescas, como vestidos, j� que n�o cobrem as pernas. Al�m disso, sempre busca  descansar no fim do dia, elevando as pernas acima do cora��o, o que provoca um al�vio quase imediato.

Caso as varizes n�o sejam um problema familiar, h�bitos podem ser adotados para evitar o desenvolvimento. O m�dico recomenda manter o peso ideal; praticar atividade f�sica; consumir alimentos ricos em fibras; evitar anticoncepcionais, fumo, roupas apertadas e cal�ados inadequados, e n�o se deve permanecer muito tempo em p� ou sentado.

As varizes n�o tratadas originam outros problemas, como tromboflebite, embolia pulmonar e �lceras, e por isso, � importante o acompanhamento profissional, al�m de estabelecer cuidados adequados.