Amar � acolher jovens que decidem 'sair do arm�rio'
Antes de assumir a pr�pria sexualidade, jovens vivenciam o medo de serem rejeitados pela fam�lia. apoio � essencial para que eles sigam em frente
Para muitos pais e familiares, aceitar a orienta��o de um filho ou parente ainda � uma tarefa �rdua, seja por uma vis�o religiosa, frustra��o ou at� mesmo por um certo medo de coment�rios alheios, atacando a pessoa ou questionando a falta de capacidade do familiar de ‘impedir’ que isso ocorresse.
Antes de se assumirem, pessoas LGBTQIA+ andam em uma intermin�vel corda bamba: de um lado, a liberdade de viver a sua verdade, e, do outro, o medo da rejei��o, especialmente caso ela venha daqueles que deveriam apoi�-los e am�-los incondicionalmente. Infelizmente, esse medo n�o � em v�o, sendo potencializado quando aquele que est� ‘saindo do arm�rio’ � um jovem, j� que � durante essa �poca que as mudan�as hormonais mais intensas acontecem e as emo��es chegam como um temporal dif�cil de ser controlado.
Cynthia Coelho, psic�loga cl�nica
Jair Amaral/EM/D.A Press.
De acordo com uma pesquisa realizada em 65 pa�ses pela Associa��o Internacional de L�sbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo (ILGA) em 2016, 40% dos entrevistados alegaram que ficariam muito decepcionados caso um de seus filhos lhes dissesse estar apaixonado por algu�m do mesmo sexo. J� quando se tratava de pessoas transg�nero, 44,5% disseram que n�o aceitariam que seu filho se vestisse ou expressasse como o sexo oposto.
Em 2022, um levantamento realizado pelo Instituto Datafolha concluiu que a taxa de contrariedade � aceita��o da homossexualidade aumenta conforme a idade: 7% (16 a 24 anos), 12% (25 a 34 anos), 15% (35 a 44 anos), 18% (45 a 59 anos) e 22% (60 anos ou mais).
Durante o processo de socializa��o, a fam�lia � a primeira refer�ncia de amor do ser humano, j� que, em tese, os pais e familiares ser�o aqueles que o amar�o desde o seu nascimento, garantindo que o indiv�duo cres�a de forma psiquicamente saud�vel, com equil�brio emocional, boa autoestima e sa�de mental.
Para Cynthia Coelho, psic�loga cl�nica com forma��o em sexologia e p�s-gradua��o em psicologia m�dica, a rejei��o de jovens LGBTQIA por parte da fam�lia pode desencadear problemas relacionados � sa�de mental.
“Ao entender a import�ncia do papel familiar, pode-se ter uma no��o do qu�o prejudicial � a rejei��o vinda desse n�cleo. Nesses casos, a dor da pessoa que se assume LGBTQIA e � recha�ada pela pr�pria fam�lia pode tornar-se insuport�vel, desencadeando quadros depressivos e/ou ansiosos. Sentimentos como inadequa��o, medo, insufici�ncia, raiva, desapontamento, menos valia, revolta e inseguran�a s�o comuns e doloridos para quem enfrenta o preconceito familiar”.
“Algumas pessoas chegam a mudar de cidade ou de pa�s para n�o terem que lidar com o enfrentamento familiar. Outras, adoecem f�sica ou psiquicamente em fun��o da rejei��o. O sentimento de medo e de desesperan�a s�o os mais comuns e reverberam em v�rias outras �reas da vida, pois aquele que se sente rejeitado ou criticado em seu lar, teme profundamente o mundo externo”, explica Cynthia.
SA�DE MENTAL A psic�loga ressalta que a aceita��o familiar � importante para uma vida mentalmente saud�vel e feliz. “Esse amor permite a seguran�a necess�ria para transitar nos diversos ambientes, com a consci�ncia de seu lugar no mundo, enfrentando o preconceito e a homofobia com fortaleza e dignidade. Ser acolhido em casa significa ser respeitado em sua forma de existir e ao se sentir merecedor do respeito, este passa a ser o padr�o exigido em todo lugar, garantindo boa qualidade de vida e condi��es de questionamentos e lutas em qualquer lugar onde ele falte.”
Aos pais que est�o tendo dificuldade para compreender a sexualidade de seus filhos, a psic�loga recomenda o exerc�cio do amor incondicional, incentiva que escutem seus filhos, fa�am perguntas, estudem sobre o tema, abram a mente e n�o se preocupem com o que os outros v�o pensar.
“A orienta��o sexual de cada pessoa diz respeito apenas a ela pr�pria. Entendam que n�o existe ‘op��o sexual’ e sim ‘orienta��o sexual’, porque op��o implica escolha. A consci�ncia da identidade de g�nero e da orienta��o � percebida ao longo da vida e ningu�m escolhe ou define sua identifica��o do ponto de vista afetivo-sexual”, comenta.
* Estagi�ria sob supervis�o da editora Ellen Cristie
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