Vacina hepatite B

V�rus da hepatite B � principal causador de c�ncer de f�gado

D�nio Sim�es/ Ag�ncia Brasil


O v�rus HBV, causador da hepatite B, � um ant�geno silencioso, que pode demorar anos at� ser notado pelo hospedeiro. Quando isso acontece, entretanto, muitas vezes o estrago provocado j� resultou em uma cirrose ou um c�ncer de f�gado. Dispon�vel no Sistema �nico de Sa�de (SUS) para crian�as, adolescentes e adultos, a vacina contra a hepatite B � a principal forma de prevenir essa doen�a, que pode ser transmitida sexualmente, pelo contato com o sangue e durante a gesta��o, da m�e para o beb�.

 

Infectologista Raquel Stucchi

Infectologista Raquel Stucchi diz que resposta de crian�as � vacina contra hepatite B � de 100%

Arquivo Pessoal
Infectologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Raquel Stucchi destaca que a vacina contra a hepatite B foi a primeira vacina contra algum tipo de c�ncer a ser disponibilizada, porque o v�rus da hepatite B � o principal causador de c�ncer de f�gado.

 

“A vacina��o diminuiu drasticamente os casos de hepatite B e o risco de cirrose e c�ncer de f�gado. Por isso, a vacina � importante. E por que na inf�ncia? Primeiro, a ades�o na inf�ncia � mais f�cil. Ela � feita com outras vacinas nos primeiros meses de vida e pode ser feita no ber��rio, assim que a crian�a nasce. E a resposta das crian�as contra a hepatite B � de 100%, e, com a crian�a se mantendo saud�vel depois, essa prote��o � para a vida toda.”

 

Vacina��o desde o nascimento

A hepatite B � frequentemente lembrada como infec��o sexualmente transmiss�vel (IST), mas a vacina��o contra a doen�a ap�s o parto � considerada fundamental para garantir que n�o haja transmiss�o do v�rus da m�e para o beb�, o que � chamado na medicina de transmiss�o vertical.

 

Integrante do calend�rio do adulto e da gestante, a vacina contra a hepatite B deve ser administrada tamb�m nos beb�s logo ap�s o nascimento. O Programa Nacional de Imuniza��es, que completa 50 anos em 2023, recomenda que os rec�m-nascidos recebam essa vacina nas primeiras 24 horas de vida, e, preferencialmente, nas primeiras 12 horas, ainda na maternidade.

Médico Renato Kfouri

M�dico Renato Kfouri destaca a import�ncia de crian�as serem vacinadas contra hepatite B logo ap�s o nascimento

SBim/ Divulga��o
O pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento Cient�fico de Imuniza��es da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imuniza��es (SBIm), explica que essa agilidade garante que o beb� n�o seja contaminado pelo v�rus da hepatite B, caso sua m�e viva com a infec��o.

 

“Ao vacinar logo ao nascer, a gente elimina essa possibilidade, e, consequentemente, a de termos no futuro portadores cr�nicos deste v�rus. Essa � a raz�o de se vacinar ao nascer”, explica Renato Kfouri.

Ele acrescenta que impedir a forma��o de um quadro cr�nico � tamb�m contribuir para o bloqueio do v�rus.

 

O calend�rio vacinal da crian�a prev� que a prote��o contra a hepatite B tamb�m se d� por meio da vacina pentavalente, que deve ser aplicada aos 2 meses, aos 4 meses e aos 6 meses. Al�m dessa forma de hepatite, a vacina previne contra difteria, t�tano, coqueluche, e Haemophilus influenzae B, causador de um tipo de meningite.

 

J� a partir dos 7 anos completos, quando n�o houver comprova��o vacinal contra a hepatite B ou quando o esquema vacinal estiver incompleto, a recomenda��o � completar tr�s doses com a vacina espec�fica da hepatite B, com intervalo de 30 dias da primeira para a segunda dose, e de 6 meses entre a primeira e a terceira. Essa recomenda��o inclui adolescentes, adultos e, especialmente, gestantes.

Efeitos e eventos adversos

A Sociedade Brasileira de Imuniza��es informa que, em 3% a 29% dos vacinados, pode ocorrer dor no local da aplica��o. J� endurecimento, incha�o e vermelhid�o acometem de 0,2% a 17% das pessoas.

O p�s-vacina��o tamb�m pode ter febre bem tolerada e autolimitada nas primeiras 24 horas ap�s a aplica��o, para de 1% a 6% dos vacinados. Cansa�o, tontura, dor de cabe�a, irritabilidade e desconforto gastrintestinal s�o relatados por 1% a 20%.

 

Eventos adversos mais graves que isso s�o considerados raros ou muito raros. P�rpura trombocitop�nica idiop�tica foi registrada em menos de 0,01% dos vacinados, de modo que n�o foi poss�vel estabelecer se foi coincid�ncia ou se de fato tinha rela��o com a vacina��o.

 

A bula da vacina contra a hepatite B tamb�m prev� uma frequ�ncia muito rara de anafilaxia em adolescentes e adultos vacinados, na propor��o de um caso a cada 600 mil. Essa ocorr�ncia � ainda mais rara em crian�as.

enfermeira fazendo o Teste para diagnóstico de hepatite B

Teste para diagn�stico de hepatite B

Rovena Rosa/Arquivo/Ag�ncia Brasil

Um quinto das mortes por hepatite

O Minist�rio da Sa�de mostra que o v�rus HBV chega a causar um ter�o dos casos de hepatite notificados no Brasil e estava relacionado a um quinto das mortes por hepatite entre 2000 e 2017. Na maioria dos casos, a pessoa infectada n�o apresenta sintomas e � diagnosticada d�cadas ap�s a infec��o, com sinais relacionados a outras doen�as do f�gado, como cansa�o, tontura, enjoo/v�mitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados.

 

A hepatite B ainda � considerada uma doen�a sem cura, e o tratamento disponibilizado no SUS visa a reduzir o risco de progress�o da doen�a, que pode causar cirrose, c�ncer hep�tico e morte. Raquel Stucchi explica que o tratamento, com antivirais, se estende por toda a vida.

 

“Se n�o fizer o teste, a pessoa s� vai descobrir que tem o v�rus quando j� tem uma cirrose avan�ada ou quando desenvolve o c�ncer de f�gado. O diagn�stico � feito facilmente, at� em testes r�pidos”, afirma.

 

“At� o momento, n�o temos medica��o que elimine o v�rus da hepatite B. Hoje, podemos dizer que n�o tem cura, mas a vacina impede esse adoecimento e a necessidade de fazer tratamento para o resto da vida.”

 

Ap�s a infec��o, a doen�a pode se desenvolver de duas formas, a aguda e a cr�nica. A aguda se d� quando a infec��o tem curta dura��o, e a forma � cr�nica quando a doen�a dura mais de seis meses. O risco de a doen�a tornar-se cr�nica depende da idade na qual ocorre a infec��o, e os beb�s est�o mais sujeitos a ter uma hepatite cr�nica no futuro.

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As formas mais importantes de transmiss�o da hepatite B s�o o contato com o sangue e o contato sexual sem preservativo. A infectologista explica que contato com o sangue inclui a realiza��o de procedimentos e compartilhamento de utens�lios sem a higiene necess�ria.

 

“Na transfus�o de sangue esse risco praticamente n�o existe mais, pela triagem que � feita nos doadores, mas o contato com o sangue inclui procedimentos m�dicos, odontol�gicos ou est�ticos sem a higieniza��o adequada. E tamb�m manicures, alicates de unha sem esteriliza��o, tatuagens, piercings.”