bebê feto útero

O uso dos �teros artificiais s�o alvo de discuss�o intensa entre os pesquisadores e membros da ag�ncia federal Food and Drug Administration (FDA)

Vladimir Zotov/Envato

O mundo real fica mais pr�ximo da fic��o cient�fica com a possibilidade de ï¿½teros artificiais serem usados, pela primeira vez, em testes envolvendo o desenvolvimento de seres humanos nos Estados Unidos. S� que, aqui, precisamos ir com calma. Por enquanto, o que se discute � o "apenas" o uso de uma m�quina para beb�s prematuros — a tecnologia n�o permite simular o �tero de m�e, cumprindo apenas algumas fun��es vitais, como o fornecimento de oxig�nio e a remo��o de di�xido de carbono, criando um novo mecanismo apoiado no cord�o umbilical.

No momento, o uso destes �teros artificiais s�o alvo de discuss�o intensa entre os pesquisadores e membros da ag�ncia federal Food and Drug Administration (FDA). Por l�, o que se discute � a autoriza��o dos primeiros testes com humanos de um dispositivo conhecido como Ambiente Extrauterino para o Desenvolvimento do Rec�m-Nascido (Extend). O invento foi criado por cientistas do Hospital Infantil da Filad�lfia e j� foi testado em modelos animais, como cordeiros.

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O que s�o beb�s prematuros?

Antes de seguir, vale pontuar que, conforme define a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS), nascimentos de beb�s prematuros s�o aqueles que ocorrem antes das 37 semanas de gesta��o. A causa pode ser in�meros, desde uma infec��o a um desequil�brio hormonal, at� casos de hipertens�o (press�o alta).

EUA podem autorizar os primeiros testes com úteros artificiais do mundo (Imagem: Solen Feyissa/Unsplash)

EUA podem autorizar os primeiros testes com úteros artificiais do mundo (Imagem: Solen Feyissa/Unsplash)

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Independente da origem do problema, o fato � que o nascimento prematuro � a principal causa de morte e incapacidade em crian�as com menos de cinco anos no mundo. Considerando as estimativas de 2019, cerca de 900 mil mortes de beb�s foram provocadas por esta condi��o.

De forma geral, quanto mais precoce � o nascimento, maior � o risco de �bito. Se isso acontece antes das 22 semanas, a probabilidade de sobreviv�ncia � baixa com as atuais tecnologias dispon�veis nos hospitais. A partir das 28, a mortalidade � reduzida, mesmo que ainda seja arriscado. Numa gravidez normal, o parto ocorre entre as semanas 37 e 40.

Dentro desse contexto, a solicita��o da primeira fase de testes cl�nicos envolve a licen�a para experimentos com beb�s nascidos com 22 at� as 28 semanas da gesta��o, onde o risco de �bito � maior.

Entenda o �tero artificial

No �tero da m�e, o feto recebe oxig�nio, nutrientes, anticorpos e in�meras subst�ncias que auxiliam no desenvolvimento. Entre essas fun��es, o aparelho Extend supriria especialmente o fornecimento de oxig�nio e captura do di�xido de carbono, de uma forma potencialmente mais eficaz que os atuais ventiladores mec�nicos usados em beb�s prematuros.

Para os cientistas, os ventiladores s�o muito "bruscos" para pulm�es que ainda n�o est�o prontos para respirar e que ainda cont�m o l�quido amni�tico. Ent�o, o �tero artificial "faria a ponte entre um beb� nascido extremamente prematuro durante os dias e semanas em que corre maior risco de sofrer danos pulmonares e cerebrais", afirma Kelly Werner, neonatologista do Centro M�dico da Universidade Columbia, para a revista Nature . A especialista n�o tem nenhuma rela��o com os testes e nem com o pedido em an�lise pela FDA.

Para simular esse ambiente uterino na medida do poss�vel, o beb� seria mergulhado num "recipiente" preenchido com um fluido projetado para imitar o l�quido amni�tico. Em paralelo, os vasos sangu�neos do cord�o umbilical seriam conectados a um sistema que oxigena o sangue fora do corpo, com o cora��o da crian�a funcionando de forma igual ao que ocorre no �tero.

Testes com cordeiros

Na fase de pesquisa pr�-cl�nica, em 2017, viralizaram v�deos do testes com �teros artificiais desenvolvidos pelos pesquisadores da Filad�lfia. Nas imagens, � poss�vel ver um cordeiro com o cord�o umbilical conectado ao equipamento de oxigena��o do sangue e mergulhado no l�quido amni�tico sint�tico. Apesar da afli��o causada pelo pl�stico, a sensa��o que d� � que o animal est� sonhando.

 

Passados seis anos, os princ�pios da tecnologia norte-americana seguem semelhantes visualmente, apesar das in�meras adapta��es j� feitas. Al�m da proposta dessa equipe de pesquisadores, outros grupos tamb�m buscam desenvolver tecnologias pr�prias para melhorar a expectativa de vida de beb�s prematuros, incluindo centros de refer�ncia na Espanha, Jap�o e China. Em comum, nenhuma dessas tecnologias emergentes � capaz de apoiar o desenvolvimento de um feto da concep��o at� ao nascimento.

Fonte: Nature