Depressão e demência envolvem alterações nos neurotransmissores, substâncias químicas do cérebro que afetam o humor e o movimento

Depress�o e dem�ncia envolvem altera��es nos neurotransmissores, subst�ncias qu�micas do c�rebro que afetam o humor e o movimento

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Recentemente, estudo publicado na revista JAMA Neurology revelou uma associa��o da solid�o com o Parkinson, doen�a neurodegenerativa ainda sem cura. Foram acompanhadas 491.603 pessoas de um biobanco no Reino Unido, durante 15 anos. Na fase inicial, os participantes tiveram de responder uma pergunta: "Voc� se sente sozinho com frequ�ncia?"

Todos eles tinham mais de 50 anos, j� que a patologia � mais comum em adultos e, para entender melhor a rela��o entre a solid�o e o Parkinson, as an�lises foram repetidas a cada cinco anos. Os resultados finais indicaram que aqueles que se sentem frequentemente solit�rios t�m 37% mais chances de desenvolver a doen�a.

Esse n�o � o primeiro estudo que fala sobre os efeitos negativos da solid�o para a sa�de. Mas, at� ent�o, foram exploradas outras consequ�ncias como a obesidade ou problemas cardiovasculares, por exemplo. E, de acordo com Antonio Terracciano, geriatra da Universidade do Estado da Fl�rida e coordenador do estudo, essa confirma��o persiste mesmo quando s�o considerados outros fatores demogr�ficos, como status socioecon�mico, estilo de vida pouco saud�vel ou predisposi��o gen�tica a outras doen�as, embora tenha reconhecido que algumas varia��es podem atenuar o resultado.

Segundo o estudo, existem dois fatores que controlam essa probabilidade, que os estudiosos identificaram como poss�veis pistas para compreender as causas da observa��o. Ele sugere que a solid�o est� mais propensa a estar relacionada a um maior risco de Parkinson, atrav�s de vias metab�licas, inflamat�rias e neuroend�crinas, uma vez que a melhora diminui 13% quando levadas em conta condi��es cr�nicas como diabetes.

Al�m disso, a sa�de mental atenua significativamente essa correla��o entre o Parkinson e a solid�o (24%). Evid�ncias indicam associa��es bidirecionais entre solid�o e depress�o, que tendem a ocorrer simultaneamente e estes resultados, comenta Terracciano, sugerem que o mesmo padr�o se aplica ao Parkinson, embora ainda n�o se possa afirmar com certeza qual dos dois ocorre primeiro.

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Segundo a geriatra da Sa�de no Lar, Simone de Paula Pessoa Lima, tal pesquisa mostra uma suspei��o ainda sem comprova��o que merece aten��o na hora de extrapolar as informa��es. "Precisamos ver o estudo com cautela. N�s temos a comprova��o de que a depress�o, por exemplo, est� associada a um risco maior de dem�nciadoen�as neurodegenerativas. E o Parkinson acaba causando/cursando com a depress�o. Mas a solid�o e seus efeitos n�o est�o ligados a uma �nica causa ou via neuropatol�gica."

A geriatra conta que a causa dessa associa��o entre a depress�o e a dem�ncia n�o � totalmente compreendida, mas alguns fatores s�o caracter�sticos para essa liga��o. Ambos os dist�rbios envolvem altera��es nos neurotransmissores, subst�ncias qu�micas do c�rebro que afetam o humor e o movimento.

Receber um diagn�stico de uma condi��o cr�nica como a doen�a de Parkinson pode ser extremamente estressante e isso pode desencadear ou agravar a depress�o, bem como a progress�o da doen�a, que leva � perda de independ�ncia e limita��es nas atividades di�rias. A depress�o, segundo a m�dica, pode fazer com que o paciente permane�a mais isolado do conv�vio social com outras pessoas.

O Parkinson


A doen�a � um dist�rbio neurol�gico progressivo que afeta principalmente o controle dos movimentos do corpo. "Ela � causada pela degenera��o das c�lulas nervosas no c�rebro, especificamente na regi�o chamada subst�ncia negra, que � respons�vel pela produ��o de dopamina, um neurotransmissor essencial para o controle dos movimentos musculares."

Entre os fatores de risco est�o, de acordo com Simone, a combina��o de fatores gen�ticos e ambientais, como traumas no cr�nio e exposi��o a determinadas subst�ncias, como herbicidas e pesticidas; a idade, j� que na maioria dos casos, a doen�a surge ap�s os 50 anos; sexo, j� que, em homens, a probabilidade de se desenvolver � cerca de 50% maior comparada �s mulheres; e a hereditariedade (ter um familiar de primeiro grau com Parkinson pode aumentar as chances de desenvolver a doen�a tamb�m, no entanto, os riscos ainda s�o pequenos).