Testes caseiros de HIV est�o tendo pouco impacto, diz estudo

Os kits de autoteste de HIV foram desenvolvidos para facilitar o acesso das pessoas ao exame. No entanto, nossa equipe de pesquisa descobriu que muitas pessoas que recorrem ao kit de autoteste n�o recebem o tratamento necess�rio para o HIV nem iniciam a profilaxia pr�-exposi��o (que consiste na tomada de comprimidos antes da rela��o sexual, que permitem ao organismo estar preparado para enfrentar um poss�vel contato com o HIV), ou PrEP, para prevenir futuras infec��es.

Em 2016, a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) recomendou os kits de autoteste do HIV como forma de as pessoas fazerem o teste confidencial em suas casas ou em outros locais privados.

• Medicamento �nico promete facilitar vida de pacientes com HIV

Cada kit cont�m instru��es detalhadas sobre como fazer o teste e como entender os resultados sem precisar da ajuda de aux�lio m�dico. Por�m, as instru��es aconselham que os resultados sejam confirmados em uma unidade de sa�de para melhorar o acesso a tratamentos, especialmente para aqueles com resultado positivo.

• HIV: mesmo com antirretroviral, v�rus n�o fica totalmente adormecido

Nossa equipe de pesquisa conduziu uma revis�o sistem�tica de dados publicados sobre o tema para compreender como o autoteste do HIV influencia o acesso a tratamentos (de quem testou positivo) e o comportamento sexual.

Especificamente, analisamos se um resultado positivo levou algu�m a procurar cuidados em um hospital ou unidade de sa�de para iniciar o tratamento ou se um resultado negativo levou algu�m em risco de contrair o HIV a tomar medidas preventivas.

Tamb�m analisamos se os resultados dos testes afetaram o n�mero de parceiros sexuais, a pr�tica de sexo anal sem preservativo e a frequ�ncia do uso do preservativo.

Com base nos 15 estudos que atenderam aos nossos crit�rios, descobrimos que, embora o autoteste de HIV aumente em 8% as chances de uma pessoa encontrar uma cl�nica ou m�dico especializado, muitas pessoas n�o iniciaram o tratamento de HIV ou a PrEP ap�s o autoteste.

As trabalhadoras do sexo que usavam kits de autoteste de HIV tiveram 47% mais probabilidade de procurar cuidados m�dicos, mas isso n�o reduziu o n�mero de clientes que atendiam por noite.

Para homens que fazem sexo com homens, o uso de kits de autoteste de HIV pode ter aumentado a quantidade de sexo anal sem preservativo que praticam, de acordo com um estudo nos Estados Unidos.

E os que usaram o kit foram mais propensos a praticar sexo anal sem camisinha com parceiros com HIV ou sem o v�rus, conforme relatado por um estudo chin�s.

Por que isso importa

Muitas pessoas vivem com HIV e recebem tratamento. No entanto, algumas pessoas que vivem com o v�rus desconhecem o seu pr�prio estado sorol�gico e correm o risco de infectar outras pessoas. Os exames de HIV de rotina s�o fundamentais para prevenir a propaga��o do v�rus.

Infelizmente, os testes de HIV s�o pouco procurados em muitas regi�es do mundo. Pesquisadores da �frica do Sul, da Holanda e dos Estados Unidos relataram uma testagem baixa entre diferentes partes da popula��o, incluindo homens que fazem sexo com homens. Existem muitas barreiras � realiza��o de testes do HIV, incluindo a falta de conhecimento sobre o v�rus e o medo do estigma e da discrimina��o.

Apesar da disponibilidade de kits de teste, muitas pessoas em risco elevado nunca foram testadas. Como mostra nossa pesquisa, alguns dos que apresentam resultados positivos n�o recebem tratamento. Nem todos aqueles que apresentam resultados negativos, mas est�o em risco de infec��o, recebem tratamento preventivo ou mudam o comportamento sexual.

O que ainda n�o se sabe

Encontramos apenas um estudo que analisou como o autoteste de HIV influencia o uso da PrEP entre homens que fazem sexo com homens.

� necess�rio mais investiga��o para compreender melhor a liga��o entre o autoteste e a preven��o do HIV.

O nosso pr�ximo passo � compreender por que as pessoas receberam ou n�o tratamentos ap�s o autoteste do HIV. Planejamos entrevistar os usu�rios do kit de autoteste sobre sua experi�ncia com esse tipo de exame e se eles receberam cuidados ou passaram a se cuidar.

Esperamos que os resultados desse estudo nos ajudem a construir uma interven��o para aumentar o acesso aos cuidados ap�s um autoteste. Isto contribuir� para o plano nacional para acabar com a epidemia de HIV at� 2030 nos Estados Unidos.

*Oluwafemi Atanda Adeagbo � professor assistente de Sa�de P�blica da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos.

*Engelbert Bain Luchuo � pesquisador s�nior da Universidade de Joanesburgo, na �frica do Sul.

*Oluwaseun Abdulganiyu Badru � candidato a doutorado em Sa�de Comunit�ria e Comportamental na Universidade de Iowa.

Este artigo foi publicado originalmente no The Conversation. Clique aqui para ler a vers�o original (em ingl�s).