De acordo com o Sistema de Vigil�ncia Alimentar e Nutricional (SISVAN) de 2019, 16,33% das crian�as brasileiras entre cinco e 10 anos t�m sobrepeso , 9,38% t�m obesidade e 5,22% enfrentam obesidade grave
A obesidade infantil � uma condi��o complexa, resultante da intera��o de diversos fatores. O ambiente em que as crian�as crescem desempenha um papel crucial, com a disponibilidade de alimentos ultraprocessados, o sedentarismo induzido pela tecnologia e a falta de espa�os seguros para atividades ao ar livre, contribuindo para o problema. Al�m disso, fatores gen�ticos, psicol�gicos e sociais influenciam a manifesta��o dessa condi��o.
De acordo com o Sistema de Vigil�ncia Alimentar e Nutricional (SISVAN) de 2019, 16,33% das crian�as brasileiras entre cinco e 10 anos t�m sobrepeso , 9,38% t�m obesidade e 5,22% enfrentam obesidade grave. Esses �ndices n�o afetam apenas a sa�de f�sica, mas tamb�m t�m implica��es significativas na sa�de mental e na qualidade de vida.
Causas
De acordo com a nutricionista infantil do Instituto de Desenvolvimento Infantil Dyandra Loureiro, a obesidade � uma doen�a multifatorial , ou seja, diversas causas podem estar envolvidas, desde fatores gen�ticos e comportamentais, como sedentarismo, quest�es emocionais, escolhas alimentares, contexto familiar e acad�mico.
“Muitas crian�as e fam�lias n�o possuem acesso ao acompanhamento multidisciplinar, portanto, hoje, a principal forma de identificar esse problema de sa�de � com o acompanhamento pedi�trico regular.”
Sinais de alerta
A nutricionista infantil destaca que, por quest�es culturais, muitas fam�lias acabam enxergando excesso de peso/gordura na inf�ncia como algo saud�vel. “Por isso, uma avalia��o precisa poder� mostrar se realmente h� algo que est� caminhando fora dos par�metros adequados.”
Al�m disso, a especialista cita fatores como:
- Epis�dios de compuls�o alimentar (ingerir um grande volume de alimentos num curto espa�o de tempo)
- Falta de autonomia no momento da refei��o (pais/cuidadores controlam a quantidade de alimento)
- Uso do alimento como recompensa ou “objeto” de troca.
Diagn�stico
Dyandra destaca que o primeiro passo no tratamento da obesidade infantil deve ser a orienta��o parental, j� que simplesmente ajustar o card�pio n�o � eficaz se em casa a crian�a n�o segue uma rotina de refei��es, come de forma distra�da, n�o participa na montagem do pr�prio prato ou os pais usam doces como recompensa por tarefas.
“� importante respeitar a individualidade de cada crian�a e considerar a inclus�o de outros profissionais, como nutricionistas, endocrinologistas pedi�tricos, psic�logos e educadores f�sicos, em uma abordagem multidisciplinar para um tratamento completo e eficaz.”
A especialista explica que uma avalia��o antropom�trica em consulta com um pediatra � fundamental, incluindo a an�lise de medidas como peso, estatura e �ndice de Massa Corporal (IMC), bem como a investiga��o das pr�ticas alimentares no contexto familiar e na rotina da crian�a.
Tratamento
Dyandra Loureiro recomenda evitar tratamentos baseados na restri��o de calorias e no aumento do gasto cal�rico, pois est�o propensos ao insucesso. Tamb�m � importante ter cautela com abordagens que focam apenas na perda de peso e imp�em restri��es dr�sticas na quantidade e na variedade de alimentos, pois essas abordagens podem prejudicar a sa�de da crian�a, especialmente durante seu per�odo de desenvolvimento e crescimento.
“Estudos destacam a import�ncia de analisar n�o apenas 'o que' e 'quanto' se come, mas tamb�m 'como' se come. A rela��o com alimentos e o momento das refei��es desempenham um papel significativo e s�o mais influentes do que apenas a sele��o de alimentos. Desde o in�cio do tratamento, � crucial considerar a orienta��o dos pais e outros cuidadores envolvidos, promovendo uma divis�o adequada de responsabilidades e incentivando pr�ticas alimentares positivas e saud�veis.”
Como prevenir
De acordo com a Secretaria de Aten��o Prim�ria � Sa�de (SAPS), a preven��o da obesidade infantil requer mudan�as nos ambientes, no estilo de vida e nos h�bitos alimentares familiares. Isso inclui:
- Amamenta��o exclusiva at� os seis meses de idade.
- Evitar a��car e alimentos ultraprocessados nos primeiros dois anos de vida.
- Priorizar alimentos in natura e minimamente processados.
- Substituir bebidas ado�adas por �gua.
- Manter uma alimenta��o saud�vel mesmo fora de casa.
- Incentivar brincadeiras ao ar livre, como correr, pular corda e andar de bicicleta, em vez de usar celulares e videogames.
Palavra do especialista
A aprova��o da semaglutida pela Anvisa � ben�fica para a sa�de?
Sim, porque alguns pacientes podem precisar de aux�lio al�m das mudan�as de estilo de vida, que s�o a base do tratamento da obesidade.
Qual � a efic�cia da semaglutida no tratamento da obesidade em adultos e adolescentes?
A semaglutida demonstrou efic�cia no tratamento da obesidade tanto em adultos quanto em adolescentes a partir dos 12 anos. Al�m disso, ela oferece a conveni�ncia de ser uma medica��o injet�vel subcut�nea administrada apenas uma vez por semana, o que favorece a ader�ncia ao tratamento.
Quais s�o os principais efeitos colaterais da semaglutida e como deve ser feito o acompanhamento m�dico?
Os efeitos colaterais mais comuns da semaglutida est�o relacionados ao trato gastrointestinal, como n�useas, v�mitos, constipa��o intestinal e diarreia. � fundamental que os pacientes sejam avaliados por um especialista para uma indica��o criteriosa e que o controle da resposta, tanto em efic�cia quanto em efeitos colaterais, seja monitorado cuidadosamente. A semaglutida representa uma op��o adicional para o tratamento da obesidade em uma faixa et�ria que possui poucas alternativas terap�uticas dispon�veis.
Paulo Augusto Miranda � presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)
*Estagi�ria sob a supervis�o de Sibele Negromonte
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