46% dos homens acima de 40 anos s� v�o ao m�dico quando sentem algo. Esse n�mero aumenta para 58% se ele utiliza apenas o SUS
Pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) sobre a percep��o do homem sobre sua sa�de revela que apenas 32% dos acima de 40 anos se consideram muito preocupados com a sua pr�pria sa�de e que 46% deles s� v�o ao m�dico quando sentem algo. Esse n�mero aumenta para 58% se este homem utiliza apenas o SUS. Apesar do descaso, metade deles tem medo ou ansiedade quando pensam em sua sa�de. A pesquisa, viabilizada pelo Laborat�rio Adium, foi realizada com homens acima de 40 anos representantes de todas as regi�es do pa�s, via aplicativo mobile pelo Instituto de Pesquisa IDEIA.
"V�rios fatores colaboraram para que houvesse o aumento da expectativa de vida, inclusive no Brasil. Essa realidade imp�s desafios � medicina. Sabemos que as altera��es pr�prias do envelhecimento n�o deixar�o de existir, e que teremos que conviver com as doen�as oriundas desse processo. Por�m � poss�vel ter um envelhecimento saud�vel com atitudes que come�am ainda na juventude, que diminuem o impacto negativo sobre a qualidade de vida dessas altera��es, principalmente com o diagn�stico precoce das doen�as e com a mudan�a de h�bitos de vida. Parar de fumar, ter uma alimenta��o saud�vel, fazer atividade f�sica regular e evitar a obesidade trazem muitos benef�cios. Visitas regulares ao m�dico devem ser feitas, mesmo que n�o haja sintomas, porque o diagn�stico e tratamento precoces ajudam a controlar as doen�as e evitam suas complica��es"', ressalta o presidente da SBU, Alfredo Canalini.
Sedentarismo � um problema em comum
Entre os problemas de sa�de mais apontados pelos homens na pesquisa est�o o sedentarismo: 26%, seguido pela press�o alta, 24%, e a obesidade, 12%. Vale ressaltar que 35% responderam n�o ter nenhum problema de sa�de. Apenas entre os homens 60+ o sedentarismo teve menor �ndice de escolha, 18%. Nessa faixa et�ria o problema mais citado foi a press�o alta, 40%.
Leia: Novembro Azul: entenda a import�ncia do rastreamento do c�ncer de pr�stata
A maior propor��o dos homens que s� vai ao m�dico ao sentir algo est� no grupo entre 40 e 44 anos (49%). J� o que mostrou ter maior cuidado com a sa�de � o grupo 60, com 78% respondentes afirmando fazer exames a cada seis meses ou um ano.
"Esse nosso estudo tem como objetivo principal conhecer, e assim tentar compreender, como o homem percebe a sua pr�pria sa�de, seus receios e fragilidades, para ent�o podermos focar melhor as nossas a��es e campanhas, enquanto especialistas que lidam diariamente com a sa�de masculina. Nesse Novembro Azul, al�m de refor�ar o processo educativo com rela��o � pr�stata e suas doen�as que j� temos trabalhado ao longo desses anos, quisemos ir mesmo al�m, abordando a sa�de do homem de uma forma global, por entender que devem andar juntos, e que o homem culturalmente ainda � muito pouco educado para a preven��o, sendo sem d�vida uma das raz�es para a diferen�a de expectativa de vida de sete anos a menos do que a mulher em nosso pa�s. Esse estudo vem em sequ�ncia, portanto, com a nossa campanha de setembro, a #VemProUro, em que trabalhamos a conscientiza��o sobre a sa�de masculina a partir da adolesc�ncia. Esse ano, inclusive, o nosso porta-voz escolhido � um homem mais jovem que j� cuida da sa�de, o ator Guilherme Berenguer, que vem trazer a mensagem de que, antes mesmo de surgirem os problemas de sa�de, que sabidamente v�o se tornando mais prevalentes com passar da idade, que ele se engaje nos cuidados gerais e preventivos, incluindo a sa�de prost�tica, at� para poder usufruir da vida como ele mesmo deseja, com qualidade, longevidade, com menos medo e mais satisfa��o em todas as esferas, incluindo a sexual, correndo menos 'atr�s do preju�zo' e prevenindo mais doen�as", ressalta uma das coordenadoras do Novembro Azul desse ano e idealizadora da pesquisa, a diretora de comunica��o da SBU, Karin Jaeger Anzolch.
HPB: problema da pr�stata menos conhecido � o mais prevalente
Apesar de ser a doen�a mais prevalente da pr�stata, a hiperplasia benigna (HPB) � conhecida apenas por 43% dos homens. A maioria diz saber sobre o c�ncer (75%) e a prostatite (59%). O desconhecimento da HPB � maior entre os mais jovens, de 40 a 44 anos (apenas 39% sabem o que �), e entre os moradores da regi�o Norte (33% sabem o que �).
A estimativa � de que cerca de 50% dos homens acima de 50 anos ter�o algum grau de HPB. "Na HPB a pr�stata, uma gl�ndula localizada abaixo da bexiga em homens, aumenta de tamanho devido ao crescimento celular excessivo. E � mais comum em homens acima de 50 anos", explica o vice-presidente da SBU, Roni Fernandes.
Os sintomas incluem aumento da frequ�ncia de urinar durante o dia, diminui��o da for�a e calibre do jato urin�rio, dificuldade para iniciar a mic��o, sensa��o de urg�ncia para urinar e outros sintomas relacionados ao trato urin�rio.
"Esses sintomas ocorrem porque o aumento do tamanho da pr�stata pode comprimir a uretra, o canal que transporta a urina da bexiga para fora do corpo. Isso leva a uma obstru��o parcial do fluxo urin�rio e causa os sintomas mencionados", adiciona o m�dico.
Al�m disso, a HBP tamb�m pode afetar o funcionamento da bexiga e dos rins. A obstru��o do fluxo urin�rio pode causar um aumento da press�o dentro da bexiga, o que pode levar a problemas na capacidade de esvaziar completamente a bexiga. Isso, por sua vez, pode resultar em infec��es urin�rias recorrentes e outros problemas relacionados � bexiga.
A identifica��o precoce dos sintomas da HBP � importante para que o tratamento possa ser iniciado imediatamente. Existem v�rias op��es de tratamento dispon�veis, incluindo medicamentos para diminuir o tamanho da pr�stata e aliviar os sintomas, terapia comportamental para melhorar o controle urin�rio e, em casos mais graves, cirurgia para remover a parte da pr�stata que est� causando a obstru��o.
"Em resumo, a HBP � uma doen�a comum em homens mais velhos que pode causar sintomas urin�rios inc�modos e prejudicar o funcionamento da bexiga e dos rins. A identifica��o precoce dos sintomas e o tratamento adequado s�o essenciais para prevenir complica��es futuras", alerta Fernandes.
Apesar de as dificuldades de mic��o serem mais comuns com o avan�ar da idade, o problema est� longe de ser um processo aceit�vel como normal no envelhecimento. No entanto, 38% dos participantes concordam (totalmente ou parcialmente) que � normal ter dificuldade para urinar com o passar do tempo, e que isso n�o � motivo de preocupa��o. O �ndice de acordo (total ou parcial) aumenta entre os homens de 60, 48%.
A pr�stata aumentada � uma das causas da dificuldade de urinar e, em longo prazo, se n�o tratada, ela pode causar reten��o urin�ria, infec��es e les�o no trato urin�rio, incluindo nos rins.
O c�ncer de pr�stata
Entre as doen�as urol�gicas que os homens t�m mais medo, o c�ncer ficou na frente, com 58% das respostas. Seguido pela impot�ncia sexual (37%). O exame de toque retal ainda desperta medo em um em cada sete homens, sendo esse receio mais prevalente entre os homens 60 e nos provenientes do Centro-Oeste. A regi�o tamb�m se destaca por ter a maior concentra��o de homens com medo de ter c�ncer (64%) e disfun��o er�til (43%).
De acordo com dados do Sistema de Informa��es Hospitalares (SIH/SUS), do Minist�rio da Sa�de, de janeiro a julho de 2023 houve 21.803 interna��es devido ao c�ncer de pr�stata. A Estimativa 2023 - Incid�ncia de C�ncer no Brasil, do Instituto Nacional de C�ncer (Inca), para a doen�a � de 71.730 novos casos anuais para o tri�nio 2023/2025. Em 2022 foram 16.292 �bitos pela doen�a, de acordo com o Sistema de Informa��es sobre Mortalidade do Minist�rio da Sa�de, ou seja, 44 mortes por dia.
Enquanto 75% dos homens afirmaram conhecer o c�ncer de pr�stata, 85% disseram n�o conhecer ou n�o saber os sintomas da doen�a. O percentual de desconhecimento � maior entre os que utilizam apenas o SUS (62%). A maioria (44%) acredita que ard�ncia/dificuldade para urinar seja um sintoma do tumor, o que n�o � verdade.
Alguns sinais e sintomas, embora n�o espec�ficos do c�ncer de pr�stata, podem ser encontrados e merecem aten��o:
- Sangue na urina ou no s�men
- Mic��o frequente
- Fluxo urin�rio fraco ou interrompido
- Noct�ria (levantar-se diversas vezes � noite para urinar)
"A ard�ncia para urinar � um sintoma mais caracter�stico dos processos inflamat�rios e infecciosos, podendo representar uma infec��o urin�ria, na pr�stata (prostatite) ou, mesmo, uma IST, uma infec��o na uretra (uretrite). Vale ressaltar que o c�ncer de pr�stata n�o produz sintomas no seu in�cio e, portanto, n�o se deve aguardar o seu surgimento para n�o postergar o seu diagn�stico precoce, per�odo da doen�a onde se encontra as maiores chances de cura, que s�o acima de 90%. Embora a medicina tenha evolu�do muito nos �ltimos anos, e hoje se tenha novos tratamentos dispon�veis mesmo para os pacientes com doen�a avan�ada, as melhores oportunidades de cura, com minimiza��o de sequelas, est�o nas fases iniciais, quando a doen�a ainda n�o � aparente e somente � diagnosticada mediante exames preventivos", lembra Karin Anzolch.
A SBU recomenda que homens a partir de 50 anos, mesmo sem apresentar sintomas, devem procurar um profissional especializado, para avalia��o individualizada, tendo como objetivo o diagn�stico precoce do c�ncer de pr�stata. Os homens que integrarem o grupo de risco (ra�a negra ou com parentes de primeiro grau com c�ncer de pr�stata ou obesos) devem come�ar seus exames mais precocemente, a partir dos 45 anos.
"Antes disso, por�m, � importante que o homem j� inicie suas avalia��es para a sa�de geral e tamb�m prost�tica, sabendo que outras doen�as j� come�am a se tornar mais frequentes antes mesmo dessas faixas et�rias", ressalta Karin.
A an�lise da pr�stata � feita pela dosagem do PSA no sangue juntamente com o exame de toque. Um exame n�o exclui o outro, visto que � poss�vel ter PSA aumentado e n�o ter a doen�a ou t�-lo normal e ter a doen�a. O PSA tamb�m pode aumentar no caso de prostatite e HPB, e h� situa��es em que ele n�o se altera mesmo com o c�ncer em curso.
As op��es de tratamento variam de acordo com o est�gio da doen�a e com as condi��es cl�nicas e desejo do paciente. Entre elas est�o: cirurgia, radioterapia, vigil�ncia ativa, hormonioterapia, quimioterapia e radiof�rmacos.
Sa�de global do homem
Assim como as mulheres v�o ao m�dico para promo��o da sa�de desde jovens, � importante que os homens sigam esse exemplo e se atentem mais � sua sa�de.
"A incorpora��o de bons h�bitos de vida, ter conhecimento sobre o hist�rico familiar, os problemas mais prevalentes em cada faixa et�ria, reconhecendo aspectos que n�o v�o bem com uma boa sa�de e que podem ser modificados, como sedentarismo, tabagismo, sobrepeso, consumo de drogas, o excesso da ingest�o de �lcool, o sexo desprotegido, bem como diagnosticar doen�as que muitas vezes s�o silenciosas, como hipertens�o, diabetes e o pr�prio c�ncer de pr�stata, por exemplo, est�o entre as medidas mais importantes para se ter uma longevidade ativa, com independ�ncia e satisfa��o", aponta Karin Anzolch.
Tr�s perguntas para...
Andr� Berger, urologista e membro da Comiss�o de Comunica��o da Sociedade Brasileira de Urologia
- Como reverter esse quadro t�o significante de que os homens n�o se cuidam? Caberia a quem? Sociedades m�dicas, governo, institui��es?
Com campanhas de conscientiza��o e educa��o como o Novembro Azul, que iniciou focada no c�ncer de pr�stata e evoluiu para um chamado mais amplo, ressaltando a import�ncia do cuidado do homem com a sua sa�de, incluindo medidas de preven��o. Essas campanhas devem englobar entidades m�dicas, �rg�os do governo, ONGs e at� mesmo escolas (pensando na sa�de do adolescente).
- Como as campanhas v�o conseguir mudar essas estat�sticas?
A��es coordenadas, como as mencionadas acima, ter�o muito mais sucesso se ocorrerem de maneira cont�nua. Exposi��o frequente a informa��o de qualidade � o que leva � mudan�a cultural que precisamos, quebrando tabus e preconceitos.
- A partir de que idade o jovem deve ir ao urologista habitualmente?
O ideal � que a primeira consulta com o urologista aconte�a na adolesc�ncia. Al�m do diagn�stico dos potenciais problemas mais frequentes na idade (varicocele, c�ncer de test�culo, por exemplo), pode-se aproveitar a oportunidade para educa��o e quanto aos benef�cios do acompanhamento urol�gico cont�nuo, seguindo o exemplo do que j� ocorre com as meninas que v�o ao ginecologista. Para isso, a SBU tem a campanha #VemProUro, que ocorre em setembro, m�s do adolescente, com o objetivo de estimular que o menino comece a cuidar da sua sa�de desde cedo.
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